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Deficiência de magnésio afeta produtividade do café

Fernando Simoni Bacileri
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador – Fisioplant Pesquisa e Desenvolvimento
feagro@hotmail.com
João Vitor Fonseca Sales
Engenheiro agrônomo e coordenador de pesquisa – Fisioplant Pesquisa e Desenvolvimento
joaov0022@hotmail.com

O Brasil é o maior produtor e exportador de café (Coffea arabica) do mundo, com uma produção estimada para a safra 2023/24 de 44,9 milhões de sacas de 60 kg do grão beneficiado. O café brasileiro é reconhecido internacionalmente pela sua qualidade e diversidade de aromas e sabores, influenciados pelo clima, altitude e práticas agrícolas locais.

As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que ela extrai durante o seu ciclo. Esta extração total dependerá do rendimento obtido e da concentração de nutrientes nos grãos e nas partes que compõem a planta, ou seja, raiz, caule, folhas, etc.

Em trabalhos para determinar o status nutricional de lavouras de café, é comum constatar deficiência de magnésio (Mg), causada pela limitação natural dos solos em que a cultura é implantada ou por falhas no manejo deste nutriente.

Nutrição assertiva

O Mg é classificado como um macronutriente secundário, embora isso não reduza sua relevância na nutrição para as plantas, pois o critério de essencialidade dos nutrientes não se limita a quantidade que a planta precisa, mas sim pela sua importância.

As funções mais conhecidas do Mg incluem sua participação na estrutura da molécula de clorofila, transporte de carboidratos, fotossíntese, respiração, ativação de enzimas, armazenamento e transferência de energia, além de favorecer maior absorção de fósforo pelas plantas.

Causas e consequências

A deficiência de Mg pode aumentar a fotorrespiração, ocasionando uma menor eficiência na fixação de carbono pela fotossíntese. Consequentemente, as plantas crescem menos.

Quanto ao transporte de carboidratos, o Mg tem influência na atividade de enzimas conhecidas como invertases, que transformam sacarose (forma de reserva) em frutose e glicose (forma de consumo).

Falta de magnésio x absorção de fósforo

O Mg é essencial para a atividade de várias enzimas envolvidas no metabolismo do P, como a quinase de adenosina, responsável pela fosforilação que é um processo fundamental para a transferência de energia e regulação metabólica nas plantas.

Além disso, o Mg desempenha um papel na síntese de ATP (trifosfato de adenosina), a principal fonte de energia para muitos processos celulares. A presença adequada de Mg também pode influenciar a estrutura e a função das membranas celulares, afetando indiretamente a absorção de fósforo.

Sintomas de deficiência

Os sintomas de deficiência de Mg nas folhas de café podem incluir amarelecimento internerval, começando nas folhas mais velhas. Isso ocorre porque o magnésio é essencial para a formação de clorofila, e sua falta afeta a capacidade da planta de realizar a fotossíntese.

Além disso, pode haver uma diminuição no tamanho das folhas. A diagnose visual e análise química das folhas são excelentes ferramentas para determinação de deficiências de Mg.

Acerte na técnica

No caso da diagnose visual, um dos problemas é que, quando aparece um sintoma de deficiência, provavelmente a produtividade já foi prejudicada. Outra questão é a possibilidade de confundir sintomas com a escassez de outros nutrientes.

Em relação à análise química das folhas, podem ocorrer falhas desde a coleta das folhas, quantidade insuficiente e estádio de desenvolvimento inadequado, resultando em valores que não refletem a condição nutricional real da cultura no campo.

Para evitar erros, prefira folhas maduras, ou seja, aquelas que estão plenamente desenvolvidas e ainda não apresentam sinais de envelhecimento excessivo. Geralmente, essas são as folhas que estão localizadas nos ramos médios da planta, não nas pontas novas nem nas folhas mais velhas perto da base.

Colete um número suficiente de folhas – recomenda-se entre 20 a 30 folhas por amostra. Quanto à época, é recomendável realizar a coleta de folhas durante o período de crescimento ativo da planta, após a floração e durante o desenvolvimento dos frutos.

Evite períodos de estresse hídrico severo ou durante condições climáticas extremas que possam afetar negativamente o metabolismo da planta e a absorção de nutrientes.

Foto: Café Brasil

Danos ao cafeeiro

A falta de Mg nas plantas de café pode ter várias consequências negativas, tanto na produtividade quanto na qualidade dos grãos, como a diminuição do crescimento da parte aérea e radicular das plantas, visto que afeta o metabolismo energético das células (formação de ATP).

Observa-se, ainda, má formação dos frutos devido à paralisação no fluxo de sacarose das folhas para os grãos. Também interfere na qualidade dos grãos, com efeito sobre a composição química e alterações na concentração de açúcares e compostos aromáticos.

Aplicação correta de magnésio na lavoura de café

A aplicação correta de magnésio na lavoura de café é crucial para garantir um crescimento saudável, boa produtividade e qualidade dos grãos, além de contribuir para a sustentabilidade e rentabilidade da produção de café.

A aplicação de Mg de forma eficiente na cultura do café começa com uma análise de solo para determinar os níveis do nutriente disponíveis no solo. Essa análise pode ser complementada com uma análise foliar para verificar os níveis de Mg nas plantas.

Outros nutrientes importantes que podem interagir com o Mg, como cálcio (Ca), potássio e enxofre, também devem ser analisados.

Calagem

Dentro do manejo nutricional, a prática da calagem tem grande importância, uma vez que o cafeeiro apresenta maiores produtividades na faixa de pH 6,0 e 7,0. A aplicação de calcário possibilita corrigir o pH e, além disso, fornecerá Ca e Mg.

Fontes solúveis de Mg, como sulfato de magnésio ou nitrato de magnésio, podem ser utilizadas via solo ou em fertirrigação. Existem, no mercado, formulações de fertilizantes mistos com Mg na composição que também podem ser utilizados como complementação para as plantas.

Aplicações foliares em fases específicas de estresse, especialmente térmico ou de maior necessidade da cultura, como no período reprodutivo, vão contribuir para o melhor desenvolvimento das plantas, produtividade e qualidade.

Fontes quelatizadas ou associadas a aminoácidos vão apresentar maior estabilidade e podem ser absorvidas mais rapidamente.

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