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quinta-feira, março 28, 2024
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Desrama é fundamental no cultivo da teca

Crédito Ana Maria Diniz

José Geraldo Mageste

jgmageste@ufu.br

Antonio José Vinha Zanuncio

ajvzanuncio@ufu.br

Engenheiros florestais, PhD e professores – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

A teca é considerada uma excelente alternativa de espécie de elevado valor econômico para o suprimento das indústrias de base florestal que desejam uma madeira de qualidade. Por isso, os povoamentos artificiais desta espécie alcançaram destaque para o suprimento mundial. 

Ela é utilizada em móveis de luxo e na construção naval. Possui uma característica de antecipação do retorno de investimento, quando é possível a comercialização do produto dos primeiros desbastes. Isto é comum naqueles locais onde existe grande demanda de madeira para energia.

Como a madeira desta espécie apresenta uma gama de finalidades, tais como a construção de bancos, cadeiras, pontes pequenas, teares, andaimes, produtos esculpidos para decoração e utensílios domésticos, todo esforço deve ser feito para se atingir boa qualidade nestes usos.

Necessidade de desrama

Tratos silviculturais são aquelas operações em um povoamento (homogêneo ou não) destinadas ao aumento da produtividade ou da qualidade do produto final. Neste rol de operações está a desrama artificial.

É verdade que muitos tratos silviculturais desta espécie são baseados em conhecimentos de outras espécies ou nos conhecimentos de fisiologia vegetal, outra área da ciência florestal.

O crescimento e a qualidade da madeira são afetados por fatores genéticos e ambientais, por isso, não se pode basear em experiências de outros países produtores, seja com a própria teca ou outra espécie, visto que a teca apresenta, em geral, um crescimento superior nas Américas Central e do Sul, o que dificulta estabelecer comparações entre os regimes de manejo e as respostas das práticas de silvicultura em locais com características edafoclimáticas distintas.

Na hora certa

Um dos fatores que indica a necessidade de desrama é o tráfico dentro do povoamento, já que este pode ser prejudicado pelo crescimento de galhos a pouca altura no tronco. Este fator deve ser observado com os desbastes que vão ocorrendo durante os anos, quando se inicia com até 1.667 árvores.ha-1 (primeiros cinco anos), chegando a 200 – 250 árvores.ha-1 (aos 20 anos de idade). 

Outro fator que indica a necessidade de desrama (quase sempre associada à necessidade de desbaste) é a existência de galhos secos, doentes e visivelmente necrosados. Esta ocorrência pode estar associada a ventos fortes ou até mesmo a uma excessiva aplicação de nitrogênio.

Mais que benefícios

A desrama também é importante para a qualidade final do produto. Os galhos devem ser removidos o mais cedo possível, visto que o seu desenvolvimento na árvore implica na presença de nós e deformações na madeira.

Os tratos silviculturais visam aumento da produtividade ou da qualidade do produto final Crédito Lísias Coelho

Do ponto de vista estético, a reentrância causada pelos galhos afeta o desenho da madeira de teca, comprometendo sua utilização em móveis de alto valor agregado ou qualquer outro fim em que ela esteja exposta ao consumidor.

Do ponto de vista técnico, os nós e reentrâncias causadas pelos galhos de maior diâmetro afetam o arranjo estrutural da madeira, fazendo com que ela apresente menor resistência mecânica, comprometendo seu uso para fins estruturais.


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O que é a desrama

A desrama é a retirada de ramos vivos, secos e/ou parasitados para evitar a proliferação de pragas e doenças, melhorar o arejamento e luminosidade dentro do povoamento e, principalmente, obter uma madeira livre de nós soltos. 

Existem dois tipos de nós nas madeiras serradas ou faqueadas. Nós soltos e nós presos. Os primeiros aparecem principalmente pela diferença de idade na formação de madeira próxima, num mesmo tronco. Como o nome diz, podem soltar sob uma pequena pressão.

Os segundos também indicam formação de calosidade, mas com a vantagem de não se soltarem sob pressão.

Decisão sobre o trato silvicultura da desrama

É preciso alertar que se trata de uma operação cara e dispendiosa. Com resultados esperados principalmente para a qualidade final da madeira. Não deve ser feita por leigos, já que exigem avaliações de cada indivíduo.  

Como fazer a desrama.

Preferencialmente, este trato silvicultural deve ser feito no período de repouso vegetativo das árvores ou seja, quando houver uma desfolha acentuada, dentro do período de seca.

Existem muitas recomendações de variações de altura dos ramos a serem retirados. Elas chegam até mesmo a indicar variações segundo a idade do povoamento. Uma delas diz que devem ser “executadas a partir do segundo ano, com a retirada de galhos até ⅓ da altura total das árvores nessa idade, até a ½ da altura total no terceiro ano e até ⅔ no quarto ano, e a manutenção da desrama, com a remoção de galhos até 7,0 m de altura nas idades seguintes”. 

O melhor é basear-se na relação fonte/dreno. A fisiologia vegetal determina que as folhas e galhos novos são drenos de foto-assimilados até certa idade, quando se tornam maduros e começam a realizar a fotossíntese e aí passam a produzir os foto-assimilados que enviam para outras partes da planta.

A distinção da quantidade de folhas drenos e fontes é essencial para não se cometer “barbeiragens”. Uma desrama excessiva pode induzir até levar o indivíduo a morte. Quando não, pode induzir uma enorme perda de crescimento e produtividade tornando o indivíduo “dominado”. Isto certamente causará enorme perda econômica. Daí a necessidade de uma boa formação técnica para condução deste trato silvicultural.

Na medida do possível, após a retirada dos galhos, o mais próximo do tronco principal, vai dificultar a formação de nós soltos. Ela deve ser acompanhada de um protetor antifúngico ou antibacteriano. É comum o uso de calda bordalesa (10 kg de Cal hidradada + 1 kg de sulfato de cobre), passada como uma pintura sobre a região do tronco exposto.

No Brasil, onde as rotações de povoamentos estão em torno de 20 a 25 anos, o ICA (Incremento médio anual) perseguido é de 18 a 20 m3.ha-1.ano-1.

Então, conclui-se que a desrama artificial nesta espécie não pode deixar de ser feita observando-se todos os pontos levantados anteriormente, principalmente visando maior retorno financeiro do investimento.

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