Fabrício Custódio de Moura Gonçalves
Doutor em Agronomia/Horticultura – Unesp, Botucatu
Rogério Falleiros Carvalho
Professor na área de Fisiologia Vegetal – Unesp, Jaboticabal
A couve-flor requer solos trabalhados, adubados, bem estercados, profundos e bem drenados. É bom notar que a espécie, diferente do repolho e do brócolis, não tolera solos ácidos e é mais exigente em nutrientes, de modo a elevar-se o pH para 6,0 a 6,8 e a saturação de bases a 85%.
Estas condições têm por finalidade atender suas exigências em cálcio e magnésio, bem como prevenir a incidência de hérnia. Depois, sugere-se uma aração profunda para incorporação dos restos culturais e metade da dosagem do calcário recomendado.
Uma gradagem deve ser feita dias depois para a colocação da segunda metade do calcário. Uma semana antes do transplante, recomenda-se uma segunda gradagem perpendicular à anterior e, posteriormente, a formação dos canteiros.
Tratos culturais
A couve-flor possui plantas grandes. Por isso considere um espaçamento mais largo entre plantas, de 0,45 a 0,50 m entre elas e 0,80 a 0,90 m entre ruas, quando a finalidade é a produção para mercado “in natura”; ou 0,45 m entre plantas em linhas duplas de 0,80 m entre si, sobre canteiros que geralmente têm 1,10 m de largura, sempre que o plantio for debaixo do pivô central, para processamento.
Desta maneira, a densidade de plantas não deverá ser superior a 20 mil ou 25 mil unidades por hectare. No caso de os produtores usarem híbridos precoces, a vantagem é o maior adensamento populacional, que permitirá chegar a 30 mil ou 35 mil plantas/ha, com um incremento na produção, principalmente no cultivo em pivô central.
Fitossanidade
No cultivo da couve-flor de inverno, a doença denominada hérnia apresenta-se como a mais ameaçadora para as plantas, ocasionada pelo fungo de solo Plasmodiophora brassicae. Favorecida pelas baixas temperaturas e umidade elevada, apresenta-se como um problema para o cultivo de inverno da couve-flor, principalmente em regiões de altitude.
O controle é problemático, uma vez que os esporos permanecem ativos no solo durante anos, mesmo na ausência de plantas hospedeiras. Assim, ele requer uma longa rotação com culturas não pertencentes à família das brássicas.
Ademais, o principal problema fitossanitário da cultura da couve-flor é a podridão-negra, causada por Xanthomonas campestris pv. campestris, que causa um típico amarelecimento foliar, juntamente com mancha necrótica em forma de “V”.
Temperaturas e umidades elevadas, no ar e solo, favorecem a doença. Para maximizar a produção e evitar as perdas decorrentes desse ataque bacteriano, o método de controle mais eficiente é o uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes. São materiais de alto desempenho adaptados à época adequada de plantio.
Adicionalmente, o plantio de couve-flor de inverno reduz a incidência de doenças, pois a condição de baixa temperatura não favorece a incidência das doenças e pragas mais comuns da couve-flor, como podridão-negra, podridão-mole, traça e pulgões.
Colheita
Corte a ponta do caule principal para que a couve mantenha altura e tamanho adequados para o manuseio e a colheita, além de favorecer o desenvolvimento dos brotos laterais. Como medida sanitária, retire folhas descoloridas, murchas ou com sinais de ataques de pragas.
As colheitas devem ser constantes, pois as plantas começam a invadir o espaço uma das outras e tendem a tombar. Não demore muito além do prazo, pois a hortaliça pode ficar amarga e endurecer.
Para colher folhas individualmente, comece pelas externas e deixe alguns brotos. Cabeças que ficam expostas ao sol tornam-se amareladas ou amarelo-esverdeadas. Para as couves-flores de cor branca é normalmente necessário juntar algumas folhas da planta de forma a cobrir a cabeça da couve-flor enquanto esta cresce, amarrando-as com um elástico ou com barbante.
Cuidados específicos para o inverno
A escolha da cultivar é de grande relevância para evitar perdas e muito importante para o sucesso do empreendimento, sendo considerada uma das etapas mais valiosas para a produção comercial de couve-flor de inverno.
Ao longo do tempo, o melhoramento genético vegetal desenvolveu cultivares adaptadas a temperaturas mais extremas, possibilitando a exploração da couve-flor ao longo de todo o ano, com diferentes comportamentos de desenvolvimento.
Por exemplo, em razão do surgimento de cultivares adaptadas aos meses mais quentes do ano, pode-se produzir essa hortaliça praticamente o ano todo, dependendo da região de cultivo. Também estão disponíveis cultivares adaptadas ao outono-inverno, altamente exigentes em temperaturas frias.
Atenção
Os cultivares de couve-flor de inverno têm exigências de temperatura muito específicas e a escolha da cultivar vai depender das condições climáticas. Dessa forma, uma pequena variação na temperatura pode levar uma cultivar a produzir cabeças, precocemente, pequenas e sem valor comercial.
Essas cultivares são exigentes em frio moderado ou intenso e não devem ser plantados em localidades baixas e quentes. São adequados para locais com altitudes superiores a 800 m. Dessa forma, a adoção de cultivares adaptadas às condições supracitadas reduz perdas econômicas.
As couves-flores são menos tolerantes a condições extremas de temperatura e inadequadas de cultivo, como falta de água e deficiências de nutrientes no solo. Assim, para os produtores que desconhecem as características agronômicas da couve-flor, recomendamos que recorram a um engenheiro agrônomo especializado para a recomendação da escolha da cultivar e melhores métodos de controle das pragas e doenças.
Chamamos especial atenção para o controle de pulgão, tripes e mosca-branca no início da cultura e traça ou lagartas por ocasião da formação das cabeças. Em geral, produtores que não observam as características dos materiais que plantam têm sido malsucedidos. Assim, é aconselhável observar a época de plantio, estreitamente relacionada com as características termoclimáticas da cultivar.