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Eficiência da aplicação de fósforo nos solos agrícolas

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e integrante do Grupo Técnico do BADESUL Desenvolvimento – Agência de Fomento do Estado do Rio Grande do Sul

silva.nunes@ufrgs.br

 

 Aplicação de fósforo em superfície - Crédito Antônio Luis Santi
Aplicação de fósforo em superfície – Crédito Antônio Luis Santi

A agricultura brasileira vem apresentando, nas últimas décadas, importantes avanços que, graças aos esforços de verticalização da produção, permitiu avanços na produtividade, tornando o processo produtivo mais rentável e eficiente.

O avanço tecnológico, em diversas áreas do conhecimento agronômico, impacta o sistema produtivo e é fundamental para a obtenção destes resultados, sendo que as práticas da calagem e adubação assumem lugar de destaque. Estas são responsáveis por cerca de 50% dos ganhos de produtividade das culturas, necessitando, assim, serem feitas do modo mais eficiente possível.

Neste contexto, a eficiência do uso do fósforo tem significativa importância para a sustentabilidade do sistema produtivo.

Essencialidade do fósforo

O fósforo é um componente integral de compostos importantes das células vegetais, incluindo fosfato-açúcares e fosfolipídeos, componentes das membranas vegetais. Este elemento é essencial no metabolismo das plantas que, dentro da célula, possui um papel essencial na transferência de energia, respiração e fotossíntese.

Também é crucial na produção final, já que sua deficiência no solo diminui o crescimento das plantas e o potencial de rendimento nos estádios reprodutivos iniciais, como o florescimento, pela menor produção e maior abortamento de flores, refletindo negativamente na produtividade.

Além disso, o desenvolvimento da parte aérea da planta é dependente do desenvolvimento e estabelecimento do sistema radicular. Como nos estádios iniciais das culturas, a capacidade de exploração do solo pelas raízes é baixa, e a disponibilidade de fósforo no solo precisa ser alta para garantir um satisfatório desenvolvimento das raízes.

José Luis da Silva Nunes, doutor em Fitotecnia e integrante do BADESUL  - Crédito Arquivo pessoal
José Luis da Silva Nunes, doutor em Fitotecnia e integrante do BADESUL – Crédito Arquivo pessoal

Formas de fósforo no solo

O fósforo não se encontra livre na natureza, mas em combinações, como os fosfatos. Não ocorrem formas abundantes de fósforo que possam ser utilizadas pelas plantas.

Na fase líquida, este se encontra em formas inorgânicas na solução do solo, como H2PO4 e HPO4-2. Por outro lado, o fósforo contido no material de origem do solo encontra-se na forma de minerais, com predomínio dos fosfatos que, pelo intemperismo, é liberado para a solução em pequenas quantidades.

O fósforo total da maioria dos solos pode ser relativamente grande, entretanto, processos geoquímicos e biológicos podem transformar os fosfatos naturais em formas estáveis, combinadas e fixadas com outros elementos, como cálcio, ferro ou alumínio, formando compostos não assimiláveis pelas plantas.

O fósforo torna-se disponível para a planta pela mineralização da matéria orgânica ou pela liberação da fração presa ao complexo coloidal do solo, que torna-se disponível pelas trocas com as raízes. A parte assimilável é a que se encontra diluída na solução do solo, sendo facilmente absorvida pelas plantas. A forma chamada disponível é o somatório do fósforo adsorvido com o assimilável.

Dinâmica do fósforo no solo

Existe um equilíbrio da relação de fósforo na solução e na fase sólida do solo, variando com a quantidade de fósforo adicionado, seu grau de solubilidade e sendo grandemente influenciada pela natureza desses. Desta forma, a magnitude dessa variação é afetada pela textura, tipos de minerais de argila (a percentagem de argila e a natureza mineralógica desta) e acidez do solo.

Quando adubos fosfatados são aplicados ao solo, depois de sua dissolução praticamente todo o fósforo é retido na fase sólida, formando compostos menos solúveis. Todavia, grande parte deste fósforo retido pode ser aproveitado pelas plantas, dependendo da cultura semeada, dose, fonte, granulometria e forma de aplicação do fertilizante fosfatado, rotação de culturas e o sistema de preparo do solo.

Por outro lado, em solos ácidos que apresentam elevados teores de ferro e alumínio, parte do fósforo disponível é fixada, formando compostos de ferro e alumínio, o que o torna indisponível para as plantas. Desta forma, a eficiência da prática de fertilização fosfatada está intimamente associada com o grau da solubilidade da fonte, visando diminuir a absorção do íon fosfato pelo alumínio e ferro, que são abundantes em solos ácidos.

Assim, a aplicação de calcário é uma maneira de minimizar a indisponibilidade, já que íons hidroxila (OH-) liberados pelo calcário tomam o lugar dos íons de fósforo fixado, liberando-os para a solução do solo.

Este é um dos maiores benefícios indiretos da calagem já que cria, em solos ácidos, melhores condições para aumentar a eficiência da adubação fosfatada, principalmente devido à diminuição da capacidade do solo em fixar os íons fosfato.

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