20.6 C
Uberlândia
sexta-feira, março 29, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosHortifrútiEnxertia na produção de mudas de pepino

Enxertia na produção de mudas de pepino

Camila Queiroz da Silva Sanfim de Sant’Anna

Doutoranda em Produção Vegetal – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

agro.camilaqs@gmail.com

 

Fotos Weber Velho
Fotos Weber Velho

O aumento de produção, a redução de doenças e frutos de melhor qualidade são os principais atrativos para os produtores que passaram a optar por mudas de hortaliças enxertadas.

A enxertia é uma técnica utilizada na olericultura, comumente em plantas das famílias Solanaceae e Cucurbitaceae, conferindo resistência a patógenos de solo, condições de baixa temperatura, seca ou excesso de umidade e aumento da capacidade de absorção de nutrientes e ainda, melhoria na qualidade e aumento da produtividade.

O uso de mudas de hortaliças enxertadas é uma técnica recente no Brasil, comparada a países como Japão, Holanda e Espanha, em que esse sistema de produção é adotado por grande parte dos olericultores.

Essa técnica, iniciada no Japão na década de 90, teve como objetivo prevenir fusariose na cultura da melancia, e posteriormente abrangeu-se sua utilização para demais culturas, como: melão, berinjela, tomate e pepino.

No Brasil, o uso da enxertia em pepino iniciou-se como uma alternativa utilizada por produtores de pepino japonês, a fim de minimizar as perdas ocasionadas por fungos de solo e nematoides, tornando possível aos produtores o cultivo em locais contaminados por esses patógenos.

A enxertia reduz doenças e aumenta qualidade - Fotos Weber Velho
A enxertia reduz doenças e aumenta qualidade – Fotos Weber Velho

Objetivos da enxertia e propriedade do porta-enxerto

 

O principal objetivo da técnica de enxertia no pepino é promover resistência a doença de solos, sobretudo a fusariose e nematoides. Isso porque a cultivar suscetível de interesse comercial é enxertada sobre um porta-enxerto resistente, de outra cultivar, espécie ou gênero da mesma família botânica que, uma vez sadio, assume a função de absorção de água e nutrientes do solo, além de maior vigor do sistema radicular.

Um bom porta-enxerto deve ser imune à doença em que se pretende obter resistência, ter vigor e rusticidade, boa afinidade com a cultivar que será enxertada, condições morfológicas adequadas para a enxertia (tamanho do hipocótilo, consistência, por exemplo) e não afetar a qualidade de produção da cultivar enxertada (comercial).

Para a cultura do pepino, utiliza-se a abóbora como porta-enxerto, sendo as mais empregadas as cultivares: ‘Menina Brasileira’; ‘Exposição’, ‘Caravela’ e ‘Tetsukabuto’.

Compatibilidade entre plantas enxertadas

A compatibilidade caracteriza-se como a capacidade de duas plantas diferentes unidas pela enxertia conviverem como uma única planta. Para isso, é necessário afinidade botânica entre as espécies, morfológica (anatomia e constituição dos tecidos; vasos condutores das duas plantas com diâmetro semelhantes) e fisiológica (quantidade e composição da seiva) a fim de que na enxertia haja coincidência entre os tecidos próximos ao câmbio que gere calo ou cicatriz, possibilitando a sobrevivência do enxerto.

 A enxertia reduz doenças e aumenta qualidade - Fotos Weber Velho
A enxertia reduz doenças e aumenta qualidade – Fotos Weber Velho

Métodos de enxertia e manejo da produção comercial

Os dois métodos mais utilizados comercialmente na enxertia do pepino são a enxertia por encostia e por fenda.O manejo para ambos os métodos inicia com a semeadura das culturas, o porta-enxerto e o enxerto, em bandejas. A abóbora é plantada um dia antes do pepino para que que haja sincronia quanto ao tamanho de diâmetro e outros fatores já mencionados, para compatibilidade e sucesso do pegamento.

Quatorze dias (inverno) ou sete dias (verão) após a semeadura a muda está apta para ser enxertada. Na enxertia por encostia, no porta-enxerto retira-se, primeiramente, a dominância apical, a folha definitiva e o meristema apical.

Posteriormente, com auxílio de uma lâmina, faz-se uma fenda lateralmente, 1,0 a 1,5cm abaixo das folhas cotiledonares, de cima para baixo, que chegue até a parte central do caule. Em seguida, faz-se uma fenda idêntica no pepino, porém, a fenda deve ser feita de baixo para cima e encaixada (encosta) uma fenda na outra. Por fim, pressiona-se com grampos de enxertia.

Neste método é necessário realizar o “desmame“, ou seja, retirar a parte radicular do pepino, para que não interfira após o plantio da muda no solo. Esta operação se faz depois da consolidação do enxerto, em geral, de sete a dez dias.

A partir desta etapa, atenta-se para que a irrigação não seja mais foliar, evitando contaminação nos pontos do enxerto, optando por fertirrigação pelo sistema de floating.Após a adaptação das mudas, em torno de três a quatro dias, elas podem ser transplantadas para a área definitiva.

Na técnica de enxertia por fenda, supondo que as mudas já estão aptas para serem enxertadas, retira-se a dominância apical da abóbora, ou seja, a primeira folha definitiva e o meristema apical. A seguir, faz-se uma fenda, no centro do hipocótilo, para baixo, cerca de 1,5cm, retira o sistema radicular do pepino, utilizando apenas sua parte aérea, e corta-se cerca de 2,5 a 3,0cm, em bisel, sua base.

Em seguida, encaixa-se o pepino na fenda que foi aberta na abóbora, e prende-se com grampo de enxertia ou fita, mantendo em câmara úmida por sete a dez dias.

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

ARTIGOS RELACIONADOS

Organominerais reduzem a salinização

  Diego Henriques Santos Doutor em Agricultura engenheiro agrônomo da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (CODASP) dihens@bol.com.br A salinização é o aumento da concentração de sais...

Modelo de produção atrai Embrapa para fazenda Jerivá

  Parceria entre Embrapa e diversas instituições internacionais envolve 72 pesquisadores do Brasil, África, América Latina e Caribe. Produção integrada e sustentável será analisada para servir...

Qual o diferencial da nutrição inteligente?

Autores Talita de Santana Matos Pós-doutoranda - PPG Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Elisamara Caldeira do Nascimento...

Você conhece o filme que utiliza?

Existem, com certeza, características gerais que todo filme deve apresentar, como resistência e durabilidade, refletir a radiação ultravioleta, ser transparente à energia luminosa para...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!