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Erros na adubação a lanço

Marco Túlio Gonçalves de PaulaEngenheiro agrônomo e mestre em Qualidade Ambiental – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)mtulio.agro@gmail.com

Adubação – Crédito Shutterstock

A adubação a lanço é uma prática comum em várias etapas do manejo das culturas anuais e perenes, totalmente eficiente quando bem aplicada e operacionalmente viável na implantação das lavouras. Mas, quais são os critérios que definem se é certo optar pela adubação de superfície ou se o melhor é permanecer adubando o sulco de semeadura?

Em todos os casos, a fertilidade do solo deve ser conhecida para que a recomendação não traga prejuízos nutricionais às plantas cultivadas, mas depende muito do nutriente em questão, se a tecnologia de semeadura permite sobrepor a linha de plantio do ano anterior, da estrutura e composição física do solo, do regime hídrico local, entre outros fatores importantes para se ter uma boa produtividade.

Em relação à fertilidade do solo, o correto é observar os macronutrientes separadamente. Para o nitrogênio, o conhecimento da quantidade de matéria orgânica presente no solo e o uso de bactérias fixadoras do elemento em anos anteriores pode determinar um bom teor e capacidade de fixação pela planta, além do que, a mobilidade desse nutriente é alta no solo, favorecendo a aplicação em superfície.

O potássio, assim como o nitrogênio, também tem alta mobilidade no solo, descendo facilmente no perfil, também podendo ser aplicado a lanço.

O fósforo é um elemento um tanto quanto minucioso, pois tem baixíssima mobilidade para descer no perfil do solo e depende de alta disponibilidade na solução do solo para que as raízes absorvam, além de, nos anos anteriores o uso dele ter sido na linha de semeadura, a distribuição dele no solo fica muito irregular, com altas concentrações na linha e baixas concentrações na entrelinha.

No caso da linha de semeadura não coincidir com a última safra, pode-se ter pouca disponibilidade do nutriente para as plantas. Ele deve estar disponível homogeneamente, pois é absorvido por difusão, processo altamente dependente da presença de umidade no solo, além de o contato dele deve ser com todo o sistema radicular para suprir a demanda da planta.

Neste caso, a não ser que o solo seja rico em fósforo prontamente disponível de forma homogênea, não é recomendada a aplicação em superfície.

Detalhes importantes

O operacional das fazendas que fazem a adubação em superfície em todas as etapas do manejo, e não só nas coberturas de nitrogênio e potássio, é menos oneroso em tempo e investimento.

Porém, se o solo não atender as necessidades da planta em fósforo, por demorar muito a descer no perfil do solo e ter contato com as raízes para ser absorvido, o manejo pode interferir negativamente na produtividade da lavoura.

Em relação à composição e estrutura física do solo, solos com maior capacidade de drenagem de água, mais arenosos, menos compactados e com melhor aeração, favorecem a prática de adubação a lanço, pois mesmo os nutrientes menos móveis no solo descem com mais facilidade no perfil, atingindo as camadas ocupadas pelo sistema radicular.

O regime hídrico local pode favorecer ou desfavorecer a prática, pois, em se tratando do potássio, que tem alto potencial de lixiviação por descer facilmente no solo. Chuvas intensas podem “lavar” esse nutriente, levando embora tudo que foi aplicado para as plantas e reduzindo o aproveitamento do fertilizante pelas raízes.

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No caso do fósforo, regimes hídricos mais constantes favorecem, mesmo que de forma lenta, a distribuição do nutriente na rizosfera. Para o nitrogênio, é importante o regime hídrico, tanto para manutenção do nutriente quanto no momento da aplicação, pois alguns fertilizantes comumente utilizados possuem alta volatilização (perda do nutriente pelo sol).

Para todos os casos de nutrientes muito móveis, tecnologias com liberação lenta já estão disponíveis no mercado e podem reduzir essas perdas por lixiviação e volatilização.

É preciso ter em mente que reduzir o tempo gasto com o operacional na fazenda através da adubação a lanço só é viável se a prática não reduzir a produtividade. Mais importante que adubar a terra, é colocar o nutriente no local onde a planta o aproveite!

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