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Extrato de cebola: Germinação de escleródios da podridão branca

Leandro Luiz Marcuzzoleandro.marcuzzo@ifc.edu.br

Leonardo Bonin KestringInstituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul

Cebola – Crédito: Valdir Lourenço

Stromatinia cepivora (Berkeley) (=Sclerotium cepivorum) é o agente causal da podridão branca do alho (Allium sativum L.) e da cebola (Allium cepa L.). A doença ocorre em algumas áreas produtoras do Sul e Sudeste do Brasil, causando grandes danos em lavouras onde se encontra o patógeno (Reis & Oliveira, 2005).

Os sintomas da doença são observados na parte aérea dessas culturas causando subdesenvolvimento, amarelecimento, morte das folhas mais velhas e a podridão dos bulbos. Em ambiente úmido, os bulbos e a região do caule próximo ao solo ficam recobertos por abundante micélio branco, onde são produzidas, de forma aglomerada, estruturas de resistência conhecidas como escleródios e de coloração preta.

Estudos

Pesquisas relacionadas à podridão branca do alho e cebola no Brasil ainda são escassas e trabalho prévio conduzido in vitro por Marcuzzo & Luiz (2017) constataram que os escleródios só germinaram quando foi acrescentado extrato de cebola no meio de cultura.

Para tanto, o conhecimento de novas alternativas de controle é de grande importância em nível de campo para manejo da doença. Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar, em condições de campo, a influência da aplicação de duas concentrações de extrato de cebola como bioestimulante na germinação de escleródios de S. cepivora presentes no solo.

O trabalho foi realizado no Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul, de novembro de 2018 a maio de 2019, e o isolado de S. cepivora utilizado no experimento foi obtido da coleção da Epagri – Estação Experimental de Caçador, Santa Catarina.

Escleródios do fungo passaram por uma desinfestação superficial com álcool a 70% por 1,0 minuto, hipoclorito de sódio 1,25% por 1,0 minuto e água destilada autoclavada. Após isso, colocou-se um escleródio por placa de Petri contendo meio de cultura BDA sem antibiótico e incubou-se a 20ºC em câmara de crescimento do tipo B.O.D. (Demanda Biológica de Oxigênio) no escuro por 14 dias.

Após a multiplicação e obtenção dos escleródios, 100 deles foram colocados dentro de saquinhos (10 x 4,0 cm) confeccionados com tecido voal e amarrados na extremidade com arame flexível encampado para facilitar a recuperação (Marcuzzo & Schmoeller, 2017).

Os saquinhos foram depositados no campo, protegidos lateralmente com uma armação de madeira de 1,0 x 0,5 m, subdividida em três partes com 0,2 m de profundidade contendo solo, onde seis saquinhos foram depositados equidistantes na superfície e seis enterrados a 10 centímetros de profundidade no solo.

O solo utilizado foi um Cambissolo Háplico, com os seguintes atributos químicos: pH em água de 6,0; matéria orgânica de 2,8%; teores de Ca+2, Mg+2, Al+3 e CTC de 4,2; 1,8; 0,0 e 9,54 cmolc.dm-3, respectivamente; saturação por bases de 66,49%, teor de argila de 30 % e teores de P e K de 14 e 134 mg.dm-3 respectivamente.

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No dia de implantação do experimento e mensalmente por mais cinco meses foi pulverizado com atomizador manual no volume de 500 L.ha-1 uma solução contendo 10% e 20% de extrato de cebola obtida da moagem de escamas de cebola com água destilada em liquidificador por um minuto e comparado com a testemunha, onde foi aplicado somente água destilada.

Em delineamento inteiramente casualizado, cada tratamento foi constituído de três repetições (saquinhos) e mensalmente eram coletados em cada posição no solo. Estes foram lavados em água corrente para remoção do solo aderido e em seguida foram abertos em bancada fazendo a avaliação da rigidez do escleródio por meio da pressão com auxílio de agulha histológica.

Resultados

Caso não se desintegrasse, era considerado intacto e viável (Marcuzzo & Schmoeller, 2017). O percentual de escleródios encontrados em cada tratamento foi submetido à análise de variância pelo teste F e se significativos seriam comparados pelo teste de Tukey a 5%.

Constatou-se que em cada mês não houve diferença significativa entre os tratamentos nas duas posições de solo (Tabela 1). No entanto, os escleródios enterrados foram encontrados em todos os meses, enquanto que os da superfície praticamente não foram constatados a partir do quarto mês (Tabela 1), fatos estes já observados por Marcuzzo & Schmoeller (2017). O uso de bioestimulante foi avaliado por Domingos (2016) quando utilizou extrato aquoso de alho e água residual de indústria de beneficiamento de alho, que comprovou induzir a germinação de escleródios de S. cepivora.

Tal efeito também foi encontrado por Davis et al. (2007), quando aplicaram no solo diferentes concentrações de pó de alho, mas no presente trabalho, o extrato de cebola em qualquer das concentrações não apresentou efeito quando utilizado no campo. Mediante os resultados obtidos, o uso de extrato de cebola como bioestimulante na germinação de escleródios de S. cepivora é ineficaz para o manejo da doença no campo.

Tabela 1. Porcentagem de sobrevivência de escleródios de Stromatinia cepivora submetidos a pulverização com diferentes concentrações de extrato de cebola. IFC/Campus Rio do Sul, 2018-19

             
Tratamento Mês Superfície
1 2 3 4 5 6
10%    44ns    45ns    14ns   5ns   0ns   0ns
20% 50 37 11 3 1 2
Testemunha (água) 45 37 6 5 0 0
CV(%) 21,36 29,46 39,54 55,26 30,00 55,52
  Enterrado
10%    34ns    43ns    12ns    29ns    32ns    19ns
20% 29 46 11 26 33 27
Testemunha (água) 23 41 23 19 16 16
CV(%) 50,30 66,15 52,87 33,39 56,71 28,65
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