28.6 C
Uberlândia
terça-feira, abril 16, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosFlorestasFertilizante de liberação lenta no desenvolvimento de mudas de Paricá

Fertilizante de liberação lenta no desenvolvimento de mudas de Paricá

 

Prof. Ãœberson Boaretto Rossa

Doutor em Engenharia Florestal – UFPR

uberson.rossa@ifc-araquari.edu.br

 

Fertilizante de liberação lenta no desenvolvimento de mudas de paricá - Crédito Edson Crodilo
Fertilizante de liberação lenta no desenvolvimento de mudas de paricá – Crédito Edson Crodilo

A produção de mudas de boa qualidade exige a utilização de substrato que forneça os nutrientes necessários para o pleno desenvolvimento das plantas. No processo de formação de mudas a fertilização do substrato é uma prática muito difundida entre os viveiristas para a produção da maioria das espécies florestais.

Nos viveiros florestais, devido ao uso intenso de fertilizantes de pronta solubilização, associado ao manejo de irrigação, pode haver contaminação dos corpos hídricos, seja por escoamento superficial (aquíferos livres) ou por lixiviação (aquíferos confinados).

De modo geral, poucas medidas são tomadas para conter a contaminação a partir dos sítios onde os viveiros são instalados. A utilização de fertilizantes de liberação lenta (FLL) pode representar uma alternativa eficaz para a redução da perda de nutrientes e, consequentemente, da contaminação ambiental, além de aportar a demanda por nutrientes das mudas por períodos entre três a 12 meses.

Pesquisas

Pesquisas demonstram que a utilização de FLL contribuiu para a redução da poluição ambiental pelo nitrato (NO3-), atribuindo valor ecológico à atividade agrícola, além de apresentar outras vantagens sobre fertilizantes convencionais: fornecimento regular e contínuo de nutrientes para as plantas; menor frequência de aplicações em solos; redução de perdas de nutriente devido à lixiviação e imobilização; eliminação de danos causados às raízes pela alta concentração de sais; maior praticidade no manuseio dos fertilizantes e redução nos custos de produção, em virtude da diminuição de demanda por mão de obra para a manutenção da adubação.

Dessa maneira, a eficiência da adubação nitrogenada pode ser otimizada mediante o uso de fertilizantes de liberação de lenta, com redução significativa das perdas de N e melhor disponibilização às plantas. Possibilitam, também, a distribuição mais homogênea dos nutrientes no substrato e favorecem a sincronização entre o fornecimento destes e a demanda fisiológica da planta.

Experimentos com fertilizantes de liberação lenta, em comparação com adubos convencionais, mostram que os primeiros resultam em maior crescimento e menor perda de nutrientes, sendo que a eficiência da adubação pode ser ampliada em virtude do uso desta tecnologia, minimizando os impactos ambientais da produção de mudas de essências nativas nos viveiros de produção.

O paricá

O paricá (Schizolobium amazonicum) tem sido muito utilizado em plantios homogêneos em muitas regiões por sua madeira apresentar processamento fácil e receber bom acabamento. Sua madeira é empregada na fabricação de embalagens leves, forros, miolo de painéis e portas, formas de concreto, laminados, compensados e celulose e papel.

Esta espécie é indicada para plantios comerciais, sistemas agroflorestais e reflorestamento de áreas degradas, devido ao seu rápido crescimento e ao bom desempenho, tanto em formações homogêneas quanto em consórcios.

Para a produção de mudas de paricá, as sementes devem ser submetidas a tratamento prévio de superação de dormência. Pode-se utilizar o método de escarificação mecânica com esmerilhamento na parte oposta à micrópila e, após este processo, as sementes devem ser imersas em água a 80°C, por 24 horas.

Para seu semeio pode-se utilizar vasos de polipropileno de 180 cm³ (tubetes) ou de tamanho maior, utilizando-se como substrato base uma mistura de substrato florestal (60%), composto orgânico peneirado (30%) e vermiculita de granulometria média (10%).

Dicas

Para melhor qualidade das mudas, bem como redução de mão de obra, pode-se utilizar fertilizante de liberação lenta nas formulações (N – P2O5 – K2O) de 16-8-12 com liberação lenta de nove meses ou 15-8-12, com liberação lenta de 12 meses.

Vale ressaltar que as mudas com torrão de substrato contendo o FLL ainda fornecerão nutrientes à planta após o plantio a campo, sendo fator de agregação de valor às mudas por não necessitarem de adubação de base e de cobertura ao longo do tempo de aporte nutricional, garantido pelo FLL.

Mudas produzidas a partir da adubação com 5 a 6 kg de FLL com formulação de 16-8-12, com liberação de nove meses por metro cúbico de substrato base, apresentaram uma altura média de 38cm; um diâmetro de colo de 4,5mm e biomassa seca total de 3,8g.

Estas características biométricas e morfológicas classificam essas mudas como de qualidade superior, podendo-se concluir que houve influência positiva da utilização do fertilizante de liberação lenta na melhor qualidade das mudas de paricá produzidas sob tal condição.

Do ponto de vista prático, é importante ressaltar que a utilização do FLL reduz significativamente a dose de utilização dos fertilizantes convencionais formulados, bem como várias operações de adubação que demandam mão de obra, comprovando assim a eficiência econômica e ambiental dos fertilizantes de liberação lenta.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho/julho da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira a sua. 

ARTIGOS RELACIONADOS

Inovações em adubação e agricultura de precisão oferecem otimização de recursos e desempenho para a produção

Jacto apresenta na 40ª Expointer nova adubadora que permite maior precisão na dosagem, com erro máximo de dosagem de até 2%, além de tecnologias...

Pó basáltico Condicionamento do solo e redução de custos com adubação

Os solos brasileiros são, na sua maioria, ácidos e de baixa fertilidade natural, o que exige a aplicação constante de fertilizantes para suprir as necessidades das culturas e as perdas inerentes de cada solo. Com a crescente demanda por alimentos e constante evolução da agricultura, os pesquisadores e melhoristas têm apresentado, a cada ano, espécies mais produtivas e, consequentemente, mais exigentes em nutrientes do que as espécies já consagradas.

Agrishow – O ano de quem planta e colhe começa aqui

  Considerada uma das três principais feiras de tecnologia agrícola do mundo e a maior e mais importante na América Latina, a Agrishow é a...

Tomateiro – Enxertia no controle de doenças

A enxertia é uma técnica utilizada tanto na produção convencional quanto orgânica de hortaliças, principalmente em tomateiro, pimenteiro e pepineiro para ajudar na resistência a doenças e salinização do solo, especialmente em áreas de cultivo intensivo. Sua utilização também otimiza a produtividade em consequência da resistência e do aumento do ciclo das plantas frente às doenças e salinização do solo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!