23.6 C
Uberlândia
domingo, outubro 6, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFertilizantes de liberação controlada beneficiam cultivo de trigo

Fertilizantes de liberação controlada beneficiam cultivo de trigo

Crédito: Eduardo Abrahim

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br

Os fertilizantes de liberação controlada (FLC) se mostram uma tecnologia promissora na agricultura moderna, oferecendo uma solução inovadora para a gestão de nutrientes no cultivo das culturas.

Esses fertilizantes são projetados para liberar nutrientes de maneira gradual e controlada, correspondendo às necessidades específicas da planta ao longo de seu ciclo de crescimento.

A utilização de FLC pode aumentar a eficiência do uso de nutrientes, reduzindo perdas por lixiviação e volatilização, e minimizando o impacto ambiental.

Para a triticultura

No contexto do cultivo de trigo, os FLC oferecem vantagens significativas, podendo melhorar a disponibilidade de nutrientes durante as fases críticas de desenvolvimento, como o perfilhamento, alongamento do colmo e enchimento dos grãos, resultando em plantas vigorosas e produtivas.

Além disso, a liberação controlada de nutrientes pode contribuir para a redução da aplicação frequente de fertilizantes, diminuindo os custos operacionais e a mão de obra envolvida no manejo das culturas.

Limitações

A adubação nitrogenada e potássica no cultivo de trigo enfrenta diversos desafios, especialmente em regiões tropicais, onde as condições ambientais e edáficas podem influenciar significativamente a disponibilidade e a eficiência dos nutrientes aplicados.

Nessas regiões, a alta pluviosidade pode causar a lixiviação do nitrogênio (N), especialmente na forma de nitrato (NO₃⁻). Isso resulta na perda de N do solo, reduzindo a eficiência do fertilizante aplicado e aumentando os custos de produção.

Ainda com relação ao nitrogênio, temos a volatilização de amônia (NH₃), particularmente quando a ureia é usada como fonte de N. Temperaturas elevadas e a presença de matéria orgânica aumentam a taxa de volatilização, diminuindo a quantidade de N disponível para as plantas.

Condições específicas

Em solos tropicais altamente intemperizados, como os Latossolos, a capacidade de troca catiônica (CTC) limita a retenção de K no solo. Além disso, a competição com outros cátions (Ca²⁺, Mg²⁺) pode reduzir a absorção de K pelas plantas.

Também podemos considerar a heterogeneidade do solo (variabilidade na textura, estrutura e fertilidade do solo), que pode dificultar a uniformidade na aplicação e distribuição dos fertilizantes.

A variabilidade espacial pode levar a zonas de deficiência ou excesso de nutrientes, impactando o crescimento e o rendimento do trigo.

As interações entre N, K e outros nutrientes (como P, Ca e Mg) podem afetar a disponibilidade e a absorção dos nutrientes. Por exemplo, a aplicação excessiva de N pode aumentar a demanda por K, enquanto a deficiência de K pode limitar a eficiência do uso de N.

Recomendações úteis

Com relação ao manejo e práticas agronômicas, a sincronização entre a liberação de nutrientes do fertilizante e as necessidades da planta é crucial. O desafio é aplicar o N e o K de forma que estejam disponíveis durante as fases críticas do desenvolvimento do trigo, como o perfilhamento e o enchimento dos grãos.

Para mitigar esses desafios, é essencial implementar práticas de manejo sustentável, como a rotação de culturas, o uso de fontes de fertilizantes mais eficientes (ex.: fertilizantes de liberação controlada), a aplicação de técnicas de agricultura de precisão, e a realização de análises de solo frequentes para ajustar as recomendações de adubação conforme as necessidades específicas do solo e da cultura.

A adoção dessas práticas pode aumentar a eficiência do uso de fertilizantes, melhorar a produtividade do trigo e minimizar os impactos ambientais negativos, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e rentável em regiões tropicais.

Cuidados

Diante disto, escolher e aplicar fertilizantes de liberação controlada (FLC) no cultivo de trigo requer considerações cuidadosas para maximizar os benefícios e garantir uma aplicação eficaz, tais como o tipo de Fertilizante de Liberação Controlada, onde a verificação da composição do FLC deve garantir que ele contenha os nutrientes necessários (nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes) nas proporções adequadas para o trigo.

Diferentes FLCs utilizam mecanismos variados para controlar a liberação de nutrientes, como revestimentos poliméricos, encapsulamento de enxofre ou matrizes de liberação controlada, opte para o mecanismo que melhor se adapta às condições de solo e clima da região.

As condições do solo devem ser levadas em consideração, com destaque para o pH, textura e estrutura. O pH do solo pode afetar a liberação de nutrientes dos FLCs. Solos muito ácidos ou alcalinos podem alterar a taxa de liberação.

Realize uma análise de solo e ajuste o pH, se necessário. Com relação à textura e estrutura do solo, por exemplo, solos arenosos podem exigir FLCs com liberação mais lenta devido à maior lixiviação, enquanto solos argilosos podem reter nutrientes por mais tempo, opte pelo FLCs apropriados para o tipo de solo específico.

Com relação às condições climáticas, a taxa de liberação dos nutrientes pode ser influenciada pela temperatura e umidade, uma vez que em climas tropicais, a alta temperatura pode acelerar a liberação, portanto, deve-se ajustar o tipo e a aplicação de FLC conforme as condições climáticas sazonais.

Altos níveis de precipitação podem aumentar a lixiviação, então, dê preferência a FLCs que liberem nutrientes de forma gradual para minimizar perdas.

Ajustes

As necessidades da cultura devem ser observadas, para realizar os devidos ajustes na aplicação de FLCs e coincidir com os estágios críticos de crescimento do trigo, como a emergência, perfilhamento, alongamento do colmo e enchimento dos grãos.

Nessa questão, também podemos chamara a atenção para as exigências nutricionais. Assim, o produtor deve observar os requisitos nutricionais específicos da variedade de trigo cultivada e ajustar a formulação do FLC para atender a essas necessidades.

O planejamento da aplicação tem que seguir as recomendações da taxa de aplicação com base nos resultados da análise de solo e nas necessidades nutricionais da cultura, evitando a superdosagem para prevenir toxicidade e desperdício.

Aqui cabe chamar a atenção para o método de aplicação. Dê preferência ao método de aplicação adequado, como incorporação ao solo, aplicação em linha ou cobertura, que maximizam a eficácia do FLC.

Custo-benefício

Pode-se destacar o custo e a disponibilidade, sempre comprando o custo dos FLCs com os fertilizantes convencionais, levando em consideração o retorno sobre o investimento em termos de aumento de rendimento e qualidade do trigo (custo-benefício).

Certifique-se de que os FLCs escolhidos estejam disponíveis no mercado local e que possam ser adquiridos e aplicados de maneira consistente.

O acompanhamento da cultura, pelo monitoramento do desenvolvimento fisiológico e a resposta aos FLCs aplicados, por meio de análises foliares e de solo durante a safra para ajustar a nutrição, é recomendável. Concomitantemente, pode-se avaliar o desempenho dos FLCs em termos de rendimento, qualidade do grão e saúde das plantas, informações úteis para ajustar futuras aplicações.

Viabilidade

A utilização de fertilizantes de liberação controlada (FLC) no cultivo de trigo em condições tropicais tem gerado resultados práticos bastante positivos. Primeiramente, observa-se uma melhoria significativa na eficiência do uso de nutrientes.

A liberação gradual dos nutrientes permite que as plantas de trigo os absorvam de maneira mais eficaz, conforme suas necessidades ao longo do ciclo de crescimento, reduzindo perdas por lixiviação e volatilização, comuns em regiões tropicais de alta pluviosidade e temperaturas elevadas.

Além disso, a sincronização da liberação de nutrientes com os estágios críticos do desenvolvimento do trigo, como o perfilhamento, alongamento do colmo e enchimento dos grãos, resulta em plantas mais vigorosas e uniformes, o que contribui para um aumento no rendimento e na qualidade dos grãos colhidos.

A redução da frequência de aplicação de fertilizantes, possibilitada pelos FLC, diminui custos operacionais e a necessidade de mão de obra, além de minimizar impactos ambientais associados à aplicação excessiva de fertilizantes convencionais.

Com relação à fertilidade do solo, a liberação controlada favorece o desenvolvimento de um sistema radicular mais robusto, melhorando a capacidade das plantas de explorar o solo em busca de água e nutrientes.

ARTIGOS RELACIONADOS

Satis participa da 10ª edição da Ficafé no Paraná

Com o objetivo de reforçar a nutrição vegetal como fator chave para o aumento da produtividade e qualidade nas lavouras de café, a Satis...

Safra 2018/19 – Planejamento traz boas perspectivas para a soja e o milho

  A área cultivada e a produção de soja e milho no Brasil deverão continuar crescendo. Por esse motivo, é urgente que o planejamento seja...

Área de trigo deve aumentar

Segundo analistas, cálculo de resultado da safra deve considerar a relação entre o custo ...

Champignon: Os desafios impostos à atividade

AutorDiego Cunha Zied Doutor e professor - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Centro de Estudos de Cogumelos (CECOG), campus de Dracena dczied@gmail.com O...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!