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Fitonematoides – Momento de planejar manejos eficientes

 

Ricardo Bemfica Steffen

Doutor em Ciência do Solo e pós-doutor em Organismos do Solo e Insumos Biológicos para Agricultura

agronomors@gmail.com

Gerusa Pauli Kist Steffen

Doutora em Ciência do Solo e pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul (SEAPI)

 

Crédito Embrapa Agropecuária Oeste
Crédito Embrapa Agropecuária Oeste

Com o encerramento da safra de verão, é chegada a hora de planejar o manejo a ser adotado nas áreas identificadas com problemas referentes a fitonematoides. Pode parecer cedo, uma vez que se tem de cinco a oito meses, dependo da região, para iniciar novamente a nova safra de verão. No entanto, as preocupações e o planejamento devem ocorrer agora, visando à eficiência no controle das populações de fitonematoides e na proteção das culturas futuras.

Prejuízos

Nematoides tomando as raízes da planta - CréditoInobert de Melo
Nematoides tomando as raízes da planta – CréditoInobert de Melo

Estima-se que o Brasil deixou de colher o equivalente a R$ 16 bilhões em grãos na safra de verão 2017/18, somente pelos danos diretos e indiretos causados por fitonematoides.

Atualmente, todas as regiões brasileiras produtoras de soja enfrentam problemas devido à ação parasítica de diferentes gêneros e espécies de fitonematoides. Em algumas regiões, a exemplo do centro-oeste, as perdas podem ser superiores às demais regiões, devido à interação entre gêneros de fitonematoides presentes no solo, principalmente entre Meloidogyne spp. e Pratylenchus spp.

Mas por que se preocupar em planejar o manejo agora e não somente próximo ao plantio da futura safra de verão? A questão fundamental é o fato de que não existe produto curativo quando o assunto é fitonematoides. Existem sim, produtos preventivos e manejos que podem ser altamente eficientes, desde que haja tempo para que seu efeito possa ser observado.

De olho neles

Área de soja prejudicada pelo ataque do nematoide Pratylenchusbrachyurus - Crédito Cláudia Arieira
Área de soja prejudicada pelo ataque do nematoide Pratylenchusbrachyurus – Crédito Cláudia Arieira

De maneira geral, existem basicamente dois casos de contato com os fitonematoides: aquelas propriedades onde o problema já vem sendo monitorado há algum tempo e as áreas infestadas são mapeadas. E aquelas áreas onde as manchas (pontos de infestação) surgiram recentemente e a questão nematoses ainda não fazia parte do manejo da propriedade.

Independente de qual caso determinada área se enquadre, o manejo a ser adotado deverá, obrigatoriamente, envolver o mapeamento das áreas infestadas, a adoção de plantas de cobertura eficientes no controle de fitonematoides, a utilização de produtos eficientes na proteção de plantas e cultivares reconhecidamente tolerantes aos gêneros e espécies de fitonematoides identificados na área.

A presença de fitonematoides no solo por vezes pode levar a conclusões equivocadas, em que a ideia de que áreas infestadas estão comprometidas do ponto de vista produtivo e que, na tentativa de reverter a situação, a única opção disponível passa pela utilização de ativos químicos, o que configura conceitos ultrapassados.

No entanto, observa-se que justamente esta preocupação exagerada pode resultar em intensificação do problema. Deve-se lembrar de que os fitonematoides são organismos do solo que fazem parte de uma cadeia alimentar e que a utilização de ativos químicos não seletivos, a exemplo dos comumente utilizados, irá resultar em um desbalanço biológico.

Este desbalanço acarretará em seleção de determinados organismos e microrganismos, os quais nem sempre são os que atuam, ou atuavam, na manutenção de comunidades biológicas no solo.

Neste sentido, ao contrário dos ativos químicos, os agentes biológicos disponíveis para o manejo de fitonematoides e proteção de plantas não resultam em desbalanço biológico no solo, uma vez que, além de atuarem eficientemente no manejo do fitopatógeno, atuam também na manutenção de comunidades microbianas, apresentando residual crescente com o passar do tempo.

Manejo sustentável

 A crotalária é uma alternativa no manejo de controle dos nematoides - Crédito Alexandre Limberger
A crotalária é uma alternativa no manejo de controle dos nematoides – Crédito Alexandre Limberger

Em um planejamento de manejo sustentável de fitonematoides, antes de se pensar em ativos, biológicos ou químicos a serem utilizados na próxima safra, deve-se planejar a adoção de coberturas com plantas de efeito antagonista a estes organismos.

De forma incontestável, a utilização de plantas de cobertura é peça fundamental em um manejo sustentável de fitonematoides. Os benefícios da adoção de rotações equilibradas vão além de questões conservacionistas e de ciclagem de nutrientes, pois influenciam diretamente no equilíbrio biológico do ecossistema. A adoção de plantas de cobertura está diretamente relacionada ao sistema de plantio direto, o qual tem a cobertura do solo como um de seus pilares fundamentais.

Atualmente, dos 35,3 milhões de hectares cultivados com soja no Brasil, 32 milhões são manejados na forma de plantio direto na palha. No entanto, há controvérsias quanto à manutenção da palhada em superfície; quanto à real adoção de plantas de coberturas eficientes e, principalmente, quanto ao fato de estarmos manejando nossos solos em sistema de plantio direto, levando-se em consideração todas as premissas e condições envolvidas, ou simplesmente semeando sobre a palha.

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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