21.6 C
Uberlândia
sexta-feira, janeiro 24, 2025
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosFixação Biológica de Nitrogênio - Mitos e verdades

Fixação Biológica de Nitrogênio – Mitos e verdades

Autora

Mariangela Hungria
Pesquisadora da Embrapa Soja

Inicialmente, cabe relembrar o que é o processo de fixação biológica do nitrogênio (N) e a importância dele para a cultura da soja no Brasil. A soja é muito rica em proteínas, que têm como base o N.

Desse modo, para produzir proteínas a soja tem uma alta demanda em N. As duas principais fontes para suprir a soja seriam o N proveniente de fertilizantes e a fixação biológica do nitrogênio (FBN).

A soja é uma leguminosa que possui a capacidade de se associar a algumas bactérias específicas, que possuem uma enzima capaz de capturar o nitrogênio gasoso (N2) e transformá-lo em amônia, que a seguir será disponibilizada em diversas formas nitrogenadas para a planta.

Mitos e verdades

Existem alguns mitos que, atualmente, representam uma grande ameaça aos benefícios da fixação biológica do nitrogênio à cultura da soja, resultantes de décadas de pesquisa. Dentre os principais mitos, têm-se:

† Não é preciso inocular “áreas velhas”, tradicionalmente cultivadas com soja e que já receberam inoculantes: não é verdade, pois mais de 300 ensaios de pesquisa demonstraram que, em média, a reinoculação anual resulta em um incremento médio de 8%, o que significa muito lucro para o agricultor;

† As bactérias não conseguem suprir as necessidades de genótipos altamente produtivos, sendo necessário aplicar N-fertilizante: isso não é verdade, pois a pesquisa tem demonstrado, em todas as situações investigadas (diferentes sistemas de preparo do solo, rotação de culturas, ciclos de planta, hábitos de crescimento, genótipos transgênicos e convencionais) que as bactérias disponíveis nos inoculantes conseguem suprir todo o N necessário para altos rendimentos. Mas, é claro, lembrando que o agricultor precisa fazer a reinoculação anual, de maneira adequada;

† Posso economizar fazendo meu próprio inoculante: de maneira nenhuma, pois o inoculante, embora seja um insumo barato, requer alta tecnologia e ambiente estéril para ser produzido. Nas análises que temos realizado de “inoculantes caseiros”, observamos que, inclusive, existe risco à saúde, pois vários patógenos humanos têm sido detectados, além de outros contaminantes e, em geral, poucos ou nenhum rizóbio;

† Não vale a pena inocular, porque existe incompatibilidade com agroquímicos e eu tenho que tratar minhas sementes com agrotóxicos e micronutrientes: isso pode ser verdade, mas não inocular vai levar a prejuízos. As alternativas já confirmadas pela pesquisa são a de usar concentração elevada de bactérias e semear o mais depressa possível, ou inoculação no sulco, com 2,5 a três vezes a dose recomendada para as sementes. Em relação ao cobalto (Co) e molibdênio (Mo), eles podem ser aplicados via foliar, na mesma concentração que seriam aplicados nas sementes, desde que até no máximo 30 dias após a emergência

Contribuições para a soja

Talvez o problema mais sério que a FBN enfrenta é o do crescimento do tratamento industrial e “on farm” de sementes, com tempo de armazenamento longo. Infelizmente, todos os testes que temos feito indicam morte acentuada das bactérias a partir de 5-10 dias.

Em nenhum caso encontramos boa sobrevivência em períodos superiores a isso. Em prazos maiores, de 30, 45 dias, com frequência temos observado zero de sobrevivência.

ARTIGOS RELACIONADOS

Plantio de cenouras requer variedades produtivas

  Giovani Belutti Voltolini giovanibelutti77@hotmail.com Thales Lenzi Costa Nascimento Lucas Guedes Silva Ricardo Nascimento Lutfala Paulino Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras - UFLA;...

Acadian Bioswitch e seu desempenho na soja

Marcos de Oliveira Bettini PhD em irrigação, fisiologia do estresse pela UNESP Lilian A. Saldanha Lima PhD Market DevelopmentScientist Lucas de Souza Vasques Engenheiro agrônomo e técnico comercial...

Nutrição vegetal do futuro

  Franco Borsari Engenheiro agrônomo, sócio-diretor da consultoria BBAgro Global, promotor do Fertishow® e autor de diversos trabalhos e pesquisas de mercado relacionados a nutrição vegetal...

Ácidos húmicos produzem mudanças significativas na arquitetura do sistema radicular

Luciano Pasqualoto Canellas Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) canellas@uenf.br Os ácidos húmicos aumentam o número de raízes laterais nas plantas. Isso...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!