Ana Cláudia da Silva Mendonça – Engenheira agrônomo, mestrando em Agronomia – Universidade Estadual de Maringá (UEM) –anac_mendonca@hotmail.com
Lucas Pereira da Silva / Bruna Cristina de Andrade – Engenheiros agrônomos, mestrandos em Agronomia – UEM

O fosfito é um composto originado a partir do ácido fosforoso. Sua composição é considerada a de um sal de metal alcalino. Devido à ausência de um oxigênio em relação à molécula de fosfato, ele é metabolizado de maneira diferente na planta, tendo funções bioquímicas diferentes e diferente ativação enzimática. Tem por característica rápida absorção pelas plantas, através de raízes, folhas e córtex do tronco.
Sua atuação na planta ativa rotas metabólicas responsáveis pela produção de fitoalexinas, tornando a planta capaz de impedir ou reduzir a atuação de agentes patogênicos. Na citricultura, existem estudos utilizando o fosfito em conjunto com outras moléculas para o controle de pinta preta (Phyllosticta citricarpa) e podridão floral (complexos Colletotrichum acutatum e C. gloeosporioides), mas o principal uso atual é para o controle de ele gomose (Phytophthora spp).
Atenção!
A gomose causada pelo fungo Phytophthora spp. é de difícil controle devido à produção de esporos de resistência, desta forma. Uma vez que o solo é infectado, a eliminação é muito difícil, e a exclusão é um dos principais métodos de controle.
Os sintomas ocasionados por esse fungo são: a morte dos tecidos internos da epiderme e do floema, formação de calos, exudação de goma, rachaduras e fendas longitudinais no tronco, podridões do colo e raízes, clorose e baixo desenvolvimento das folhas, murcha, desfolha e, por fim, morte da planta. Esses sintomas variam de acordo com a espécie, cultivar, idade da planta, dos órgãos afetados e das condições ambientais.
Danos
Os danos diretos à produção ocasionados pela doença ocorrem devido ao bloqueio dos vasos condutores, interrompendo a distribuição de água, nutrientes e circulação de seiva. Estes danos diminuem a taxa fotossintética, ocasionando descoloração de nervuras, amarelecimento das folhas, produção de frutos pequenos, de casca fina e maturação precoce, seca progressiva dos ramos e da copa até a morte da planta.
Sendo assim, o dano inicial é diminuição de produção, mas o final é a perda de plantas e até do pomar. As plantas tendem a ser acometidas em maior número em locais que oferecem condições para o desenvolvimento da doença.
Para que a doença se desenvolva, é necessário que a planta esteja em uma área com o patógeno, alta umidade e sujeito a encharcamento, normalmente próximo de rios e córregos. No geral, essa doença afeta todas as regiões produtoras.
Técnicas de controle
A principal forma de controle utilizada é a exclusão, mas existem outras técnicas, como uso de porta-enxertos tolerantes e evitar áreas que pré-disponham a doença, como locais de alta umidade. A altura da enxertia pode interferir na suscetibilidade, assim como evitar ferimentos de tronco e raízes, utilizar água de irrigação livre do patógeno e utilizar adubos orgânicos pode evitar que a doença se instale. Após a instalação do patógeno existe a possibilidade de utilização do controle químico, como métodos curativos utilizando-se fosetil-Al ou fosfitos.
O fosfito
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Existem inúmeros estudos sobre o uso de fosfito no controle de doenças. Ele pode atuar inibindo diretamente o desenvolvimento do microrganismo e induzindo mecanismos de defesa do hospedeiro. Isso se deve à sua capacidade de transformar aminoácidos em proteínas em maior velocidade. Ademais, ele estimula a formação de substâncias naturais de autodefesa chamadas de fitoalexinas.
O potássio, nas plantas, apresenta função protetora, criando mecanismos de defesa estruturais e modificação do metabolismo quando ocorre uma infecção. As alterações metabólicas têm por objetivo reduzir o suprimento de alimento ao patógeno, ocorrendo mudanças morfológicas como alterações na parede celular, espessura de cutícula e tecidos de sustentação, bem como a regulação do processo de abertura e fechamento de estômatos.
Ademais o fosfito aumenta a capacidade de recuperação ao ataque de pragas e doenças, pois estimula a reparação de dano.
De acordo com pesquisadores, o fosfito leva algumas plantas a um estado denominado priming, que é a potencialização de enzimas ligadas ao sistema de defesa da planta e ao aumento de compostos fenólicos e fitoalexinas no sítio de infecção, mostrando significativas reduções na doença após a inoculação com o patógeno.
Existe, ainda, a ação do produto na parede celular do microrganismo reduzindo a esporulação e o crescimento micelial, exercendo atividade fungistática, o que resulta na redução de doenças.
Citros – em campo
O fosfito, a campo, não apresenta potencial de suprir as plantas com fósforo, por isso, o produtor não pode abrir mão da adubação via solo, mas o fosfito pode ser utilizado nutricionalmente como fertilizante foliar.
Devido ao incremento do florescimento e da frutificação nos citros, as aplicações foliares são concentradas no período pré-florada e pós-florada. Esse tipo de manejo, além de aumentar a produtividade, eleva a resistência da planta ao fitopatógeno.
Erros
O maior erro dos produtores rurais é não fazer adubação de base e tentar suplementar com o fosfito, acarretando em toxicidade e gerando prejuízos no metabolismo, como decréscimo na fotossíntese, ou seja, diminuição de produtividade.
Esse problema se torna ainda maior devido aos pomares brasileiros, e em sua maioria se encontra em locais caracterizados por baixa disponibilidade de fosforo. Esse erro é facilmente corrigido com análise de solo e adubação via solo para corrigir a fertilidade, principalmente em locais com intensa aplicação de fosfito para o controle de doenças.
Desta maneira, o manejo adequado da adubação fosfatada deve ser estabelecido nos pomares para a utilização do fosfito, principalmente para aqueles que recebem aplicação mais intensa com o objetivo de controle de doenças.
Quanto custa?
O custo do fosfito é baixo e o produto gera grandes incrementos de produtividade, somado ao fato de que existe baixo risco à saúde. Exibido por produtos que contêm resíduos de fosfito, o produto se torna uma ótima alternativa ambiental, social e economicamente vantajosa.