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Fosfito fornece fósforo e tem efeito antifúngico

Diego Henriques Santos
Engenheiro agrônomo – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM)
dh.agroengenharia@gmail.com
Giuliana de Araújo Farias
Técnica em Meio Ambiente – Instituto Federal do Amazonas (IFAM)
giulianafarias89@gmail.com

Os fosfitos são sais derivados do ácido fosforoso combinados com diferentes cátions. Não confundir com o fosfato (P2O5), que é a fonte de fósforo dos fertilizantes fosfatados utilizados mundialmente na agricultura.

Sua aplicação pode ser realizada no sulco de plantio (fosfitos sólidos) ou de forma líquida, com aplicação via foliar. Atualmente, seu uso na agricultura tem mais como objetivo ativar as defesas das plantas e promover um efeito antifúngico do que fornecer fósforo às plantas.

Quando aplicados via foliar, são utilizados como fonte de fósforo, no entanto, quando o fosfito for aplicado diretamente no solo, torna-se uma fonte muito pobre em fósforo, já que a transformação do fosfito em fosfato, forma que se torna disponível para a planta, ocorre muito lentamente.

Benefícios

São diversos os benefícios que os fosfitos oferecem, começando por serem recomendados para uma grande variedade de culturas agrícolas, bem como serem altamente solúveis, o que o torna de fácil mistura, facilitando tanto seu preparo como sua aplicação. Sua principal vantagem é atuar como fungicida.

Possui elevada mobilidade nas raízes, no córtex do tronco e nas folhas, tendo um alto poder de absorção pelas plantas. Para o desenvolvimento das plantas, podemos ressaltar que o íon fosfito favorece a absorção dos nutrientes catiônicos, tais como o potássio, o cálcio, o magnésio, o cobre, o ferro, o zinco e o manganês, melhorando assim a nutrição das plantas.

Também proporciona maior resistência a pragas e doenças, além de favorecer a floração e a frutificação, com consequente aumento de produtividade. Deve-se considerar também que o uso de fosfitos traz um benefício ambiental, já que é uma medida alternativa de controle de doenças de plantas, principalmente fúngicas, permitindo a pratica de uma agricultura com menor contaminação por agrotóxicos.

Recuperação nutricional

A rápida absorção do fosfito pelas plantas contribui para sua rápida recuperação nutricional em função de três fatores, sua alta solubilidade, sua ação sistêmica e indução de resistência.

Por possuir alta solubilidade em água, o fosfito é rapidamente absorvido pelas plantas, sendo absorvido em poucas horas, trazendo para dentro da planta macro e micronutrientes essenciais.

Já o caráter sistêmico dos fosfitos permite sua rápida absorção tanto pelas raízes, como também pelos caules e folhas. Por fim, além da ação nutricional, os fosfitos promovem a indução de resistência nas plantas pela produção de fitoalexinas e atuam diretamente em fungos, o que contribui para o incremento da produtividade e qualidade das plantas pela interferência no metabolismo, favorecendo a recuperação nutricional das plantas.

Severidade de doenças

As fitoalexinas são compostos secundários que as plantas em geral sintetizam em resposta às infecções por microrganismos, bem como estresses físicos ou químicos, sendo fator importante na resistência a doenças de plantas.

A ação dos fosfitos estimula as espécies vegetais a produzirem justamente esses compostos, atuando na defesa contra fungos, bactérias e insetos que comprometem o desenvolvimento das culturas.

Produtividade das culturas

Os fosfitos podem auxiliar no controle de diversas doenças em culturas agrícolas, em especial aquelas causadas por fungos, que são de longe o grupo de patógenos com maior número de espécies.

Algumas das principais doenças que podem ser controladas ou mitigadas pelo uso de fosfitos são as causadas por oomicetos, como o míldio, a gomose em culturas como algodão e milho, cancros e podridões de caule e raízes em diversas culturas, oídio e botrytis em videiras e frutíferas, além de doenças vasculares como fusarium, verticilium e rhizoctonia.

Assim, os fosfitos podem afetar positivamente a saúde e produtividade das culturas de diferentes formas, além da ação fungicida direta sobre alguns fungos, como por exemplo ativando os sistemas de defesa natural das plantas, estimulando a síntese de fitoalexinas, substâncias naturais de defesa das plantas, fornecendo micronutrientes de forma rápida e eficiente, estimulando o crescimento vegetativo e radicular, com consequente aumento de produtividade.

Recomendações

As doses de aplicação de fosfitos sólidos variam de acordo com a formulação e a cultura implantada. Um ponto que deve ser observado é que diferentes fosfitos fornecem quantidades bastante distintas de fósforo às plantas, com diferenças na efetividade de cada produto.

Mas, no caso do milho e da soja, há uma particularidade que torna o fosfito muito importante quando se trata do manejo dessas duas importantes culturas, que é o uso do glifosato nas variedades transgênicas.

Como o glifosato é um forte quelatizante de metais, estes herbicidas formam quelatos estáveis e pouco solúveis, com macro e micronutrientes, tornando-os indisponíveis às plantas.

O manganês é o nutriente mais afetado pela molécula do glifosato e muitos agricultores, após as aplicações de glifosato, observam o amarelecimento das folhas (yellow flashing), consequência da deficiência do manganês que fica complexado pelo glifosato, causando atraso no arranque inicial e fechamento das linhas de plantio.

No entanto, este problema torna-se imperceptível às plantas quando as mesmas recebem, junto à aplicação do herbicida, o fosfito de manganês, único sal que não permite a reação do elemento com o glifosato por formar um complexo fraco com o manganês, disponibilizando rapidamente o nutriente após ser absorvido pela planta.

Considerações

Com os fosfitos é possível elevar a produtividade uma vez que este auxilia no combate a pragas e doenças, mas sem provocar estresses já que atua na ativação da defesa natural da planta, e ainda ajuda na manutenção do equilíbrio nutricional, resultando assim em uma maior produtividade.

Mas, os agricultores devem estar atentos para existência de diferentes fosfitos, que fornecem quantidades bastante distintas de fósforo às plantas, com diferenças na efetividade de cada produto.

Sabe-se que diferente da enzima fosfatase, que reconhece três dos quatro átomos de oxigênio, liga o íon fosfato na superfície da enzima e o outro oxigênio torna-se disponível para reagir com outras enzimas catalizadoras, o fosfito só possui três moléculas de oxigênio e, no lugar do outro oxigênio, possui um hidrogênio, o que impede a continuação do metabolismo.

Assim, o fosfito não pode entrar nas mesmas reações bioquímicas que o fosfato, sendo descartado pela maioria das enzimas envolvidas nas reações de transferência do fósforo.

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