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Geadas somam perdas e prejuízos em HF

Hortaliças – Crédito: Shutterstock

Uma intensa frente fria atingiu diversas regiões brasileiras de 18 a 21/07, deixando seis Estados com temperaturas negativas e provocando geadas em áreas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. No Sul, as serras catarinense e gaúcha ainda registraram fenômenos como neve e chuva congelante.
Dentre as culturas acompanhadas pelo Hortifrúti/Cepea, as localizadas no Sudeste, especialmente em MG e SP, onde há forte concentração de hortaliças, foram as mais afetadas. Já nas áreas do Sul, danos foram registrados para alguns produtos, mas, de forma geral, as roças locais estão mais habituadas a cenários de frio e a oferta, neste período, não é elevada. Confira um resumo por produto:

Alface

Em Mogi das Cruzes (SP), as geadas afetaram cerca de 40% das áreas de alface crespa (das quais 25% já foram descartadas) e 20% de americana, com registro de queima das folhas e miolo.
Dos produtos disponíveis para comercialização, além da menor qualidade, houve necessidade de venda rápida, devido à possibilidade de perdas por bacterioses. A praça paulista de Ibiúna também foi bastante impactada, com perdas chegando a 45% das áreas produtivas.
Vale lembrar que o clima frio já estava travando o desenvolvimento dos pés e reduzindo a oferta em SP nas últimas semanas. Já em Teresópolis (RJ), a produção ficou menos tempo exposta à geada e, portanto, os danos não foram tão expressivos – cenário que tem aquecido a demanda pelos produtos locais, a fim de suprir as demais regiões.

Cebola/cenoura

Para as hortaliças cebola e cenoura, os reflexos do clima não foram significativos até o momento, uma vez que ambas as culturas são mais resistentes às geadas – no caso da primeira, pode ocorrer apenas um retardamento do ciclo, enquanto, para a segunda, os crescimentos primário e secundário podem ser afetados pelo frio intenso, prejudicando a fase final de enchimento.

Banana

As baixas temperaturas afetaram as produções no Sul e Sudeste, em diferentes graus de severidade. Segundo colaboradores do Hortifrúti/Cepea, a principal localidade afetada foi Delfinópolis (MG), no sudoeste mineiro, onde a formação de gelo por um longo período resultou em ressecamento da planta e em escurecimento dos cachos formados.
Informações mais concretas ainda estão sendo mensuradas na região, mas o ocorrido deve impactar a produção local nos próximos meses. As praças do Vale do Ribeira (SP) e Norte de Santa Catarina também foram afetadas, mas com reflexos menos significativos – com registros pontuais de geadas em áreas de baixada e várzea.

Maçã

O frio chegou com força às regiões produtoras de maçã de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. De acordo com dados da Epagri/Ciram, o cenário resultou em temperaturas negativas, geadas e sincelos (pedaços de gelos suspensos em árvores, devido ao congelamento das neblinas), cenário considerado até positivo à produção, conforme agentes consultados pelo Hortifrúti/Cepea.
Isso porque, como os pomares de maçã estão em dormência – período em que ocorre inibição temporária do crescimento da planta, para que ela “descanse” e se prepare para a nova safra –, o frio é fundamental.

Manga

Os danos causados pelas geadas em Monte Alto/Taquaritinga (SP) foram maiores do que os registrados na última semana de junho: novas áreas foram afetadas e algumas propriedades, próximas às de baixada, foram novamente atingidas.
Nas localidades onde os impactos foram mais severos, o objetivo dos produtores é evitar a morte da planta e prepará-la para uma próxima safra, já que a produção de 2021/22 foi totalmente comprometida.
O reflexo na produtividade ainda não pode ser mensurado com precisão, mas os produtores que tiveram suas lavouras mais expostas ao gelo enfrentarão quebra de safra. Novamente, a variedade mais impactada deve ser a palmer, que pode ter produção inferior até mesmo à da safra 2020/21, que já foi pequena – as perdas referem-se não apenas à queima de flores, mas também ao aumento da ocorrência de partenocarpia.
Já a tommy possui maior resistência e, portanto, os danos serão menores. As áreas que foram menos atingidas poderão ser reinduzidas, mas como o processo aumenta os custos de produção, dependerá da capitalização dos produtores.
Outros locais, porém, não são viáveis para reindução, visto que as plantas estão debilitadas (não só pelo frio, mas também pela seca) e não terão reservas para um bom pegamento. As áreas reinduzidas, por sua vez, seriam colhidas mais tardiamente próximo do final do calendário normal de Monte Alto/Taquaritinga, em fevereiro/22.

Melancia

As perdas desta fruta foram pouco significativas, pois em Marília/Oscar Bressane (SP), região paulista onde as atividades de plantio estão mais adiantadas, a geada impactou apenas as lavouras mais adiantadas, resultando em queima de plantas.
Deste modo, produtores que tiveram áreas afetadas devem realizar o replantio. No entanto, vale ressaltar que os danos na região não foram expressivos, já que grande parte das plântulas ainda não emergiu do solo, ou seja, estava protegida.
Em Itápolis (SP), onde o frio e a geada foram mais intensos, produtores ainda não iniciaram o plantio (previsto para a primeira semana de agosto) e, portanto, não tiveram perdas.

Uva

Em Marialva (PR), produtores estão preocupados quanto à considerável queda de temperatura no período de preparação para a temporada de final de ano. Viticultores consultados pelo Hortifrúti/Cepea relataram, novamente, ocorrência de geadas em áreas de baixada, havendo, inclusive, queima de cachos onde ainda havia uvas nos pés. Além disso, nas áreas onde as podas já haviam sido realizadas, pode ser necessária a repoda.

Laranja

Nos pomares atingidos pelas geadas no cinturão citrícola (SP e Triângulo Mineiro), há preocupações quanto ao impacto no vigor das árvores, que estão próximas do período de indução floral e já debilitadas pelo menor regime hídrico dos últimos dois anos.
Porém, ainda é cedo para dimensionar danos efetivos, principalmente no volume da próxima safra – vale lembrar que já havia incertezas em função da falta de chuvas verificada neste ano.
Considerando-se a safra atual (2021/22), a qualidade das laranjas que estão nos pés deve diminuir – algumas das frutas que foram afetadas pelas geadas do fim de junho/início de julho já estão com o interior seco e cristalizado. Além disso, algumas áreas apresentaram queda de frutos, visto que as plantas já estavam debilitadas pela seca.
Já em relação à próxima temporada (2022/23), as árvores mais novas (em fase de brotação) devem ser as mais afetadas pelas geadas, assim como aquelas com maior incidência de greening. Nos pomares irrigados onde as floradas foram antecipadas, os impactos também preocupam: além da queima de vegetação, em alguns casos, flores também podem ter sido queimadas, o que pode se estender também a pequenos frutos.
Vale reforçar que as geadas não foram generalizadas, e ainda não há como afirmar que haverá impacto no volume produzido em 2022/23.

Poncã e tahiti

A tangerina poncã é uma fruta bastante sensível às variações de temperatura, porém, não há previsão de impactos significativos das geadas no volume do estado de São Paulo, já que a colheita está praticamente finalizada.
Por outro lado, em Minas Gerais, onde ainda há maiores volumes para serem colhidos, a qualidade das frutas pode ser impactada. Para a lima ácida tahiti, apesar de os danos ainda não estarem dimensionados, as preocupações são ainda maiores, visto que a variedade é bastante sensível a oscilações climáticas.
Além disso, há áreas de tahiti em diferentes estágios, inclusive com pomares em flor. Segundo colaboradores do Hortifrúti/Cepea, o frio intenso derrubou alguns frutos pequenos, brotamentos e flores.

Batata

Tubérculos em diferentes estágios de desenvolvimento foram afetados em todas as regiões produtoras acompanhadas pelo Hortifrúti/Cepea nos Estados de MG e SP. Para as plantas recém-cultivadas, há rebrota, mas só será possível verificar as perdas no final do ciclo, enquanto, para as batatas em final de ciclo, os principais problemas podem ser em relação à qualidade.
O maior impacto se dá para os produtos em meio de ciclo, pois, nestes casos, as áreas atingidas são completamente perdidas – e a oferta já estava prevista para meados do próximo mês.
Conforme agentes, as perdas devem ser melhor dimensionadas nos próximos dias, principalmente após a nova frente fria prevista. No Sul, as poucas batatas colhidas estão em final de ciclo e, portanto, não foram impactadas, mas as áreas de semente foram atingidas, sobretudo em Campo Mourão (PR), devendo refletir em safras futuras. Quanto às praças da Bahia e em Goiás, não há relatos de impactos por geadas.

Tomate

Os primeiros danos registrados por produtores são nos frutos já formados, que escurecem com as geadas, devido à queima causada pelo gelo, e têm sua comercialização inviabilizada.
Tal impacto tem sido mais imediato no mercado de tomate, em função da redução de oferta e da entrada de frutos com menor qualidade – mas ainda em menor intensidade. Já no médio a longo prazo, perdas totais ou parciais ainda podem ser registradas nas plantas, embora as apurações concretas ainda levem certo tempo.
Como o frio deve persistir, doenças fúngicas e bacterianas podem ser registradas futuramente. Dentre as regiões produtoras de tomate, as geadas afetaram áreas em Mogi Guaçu (SP), Carmópolis de MG, Araguari (MG), pés em fase de plantio no Sul de MG – região que já havia sido atingida pelas geadas do final de junho/21 e onde as perdas de vários HFs teriam sido mais generalizadas –, além do Norte do Paraná.

Alerta para nova frente fria

Agora, agentes do setor de HF se atentam à nova e intensa onda de frio, que atingiu o País entre 28/07 e 1°/08. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as temperaturas reduziram primeiramente no Sul – onde também choveu nos três Estados –, avançando, posteriormente, para o Sudeste e Centro-Oeste.
Desta vez, o ar frio chegou até o Sul da Bahia. Novamente, nevou nas serras gaúcha e catarinense e as temperaturas ficaram negativas em áreas de SP, MG e MS, com geadas de moderada a forte intensidade previstas para os Estados RS, SC, MS, MG e SP.

Fonte: hfbrasil.org.br, Epagri/Ciram e Inmet


Onda de frio impactará preço dos alimentos e a inflação

Se está difícil tirar a mão do bolso por conta do frio, os brasileiros do Sul, Sudeste e Centro-Oeste também terão um motivo a mais para manter as mãos longe das carteiras: a recente onda de frio que atingiu as regiões vai afetar também os preços dos alimentos e, consequentemente, a inflação.
Segundo a professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Nadja Heiderich, a onda de frio impactou bastante as lavouras, inutilizando uma série de produtos, principalmente as hortaliças, que são mais sensíveis às temperaturas e têm uma cultura menos perene. “O consumidor vai sentir o aumento do preço desses produtos, mas os valores devem se estabilizar e voltar ao normal dentro de um prazo de um a dois meses”, diz a professora.
Ela acrescenta ainda que o aumento desses produtos impactará a inflação até o final do ano, apesar de o cálculo da inflação levar em conta outros produtos e serviços. “O governo já esperava uma inflação mais alta, por uma série de outros fatores: os reflexos da pandemia; os efeitos da crise hídrica sobre a energia elétrica, que puxam os preços para cima; e a alta dos combustíveis no início do ano, por conta do cenário internacional e da alta do dólar”, acrescenta.
A professora lembra ainda que, no futuro próximo, serão comuns alterações no clima, por conta das mudanças climáticas. “O mundo todo tem sentido eventos climáticos, e há uma tendência de que sejam recorrentes. Além do debate se as alterações são provocadas pela ação humana ou não, é fato que a temperatura da Terra está aumentando, e esses eventos atípicos impactam diretamente a agricultura e o agronegócio”.
Além do frio intenso em regiões tropicais, como o Brasil, outro exemplo das alterações no clima é a onda de calor no hemisfério norte, com temperaturas acima de 40 graus. “Aqui no Brasil já eram esperadas desde meados de maio as duas ondas de frio que estamos sentindo agora. Mas, especificamente, uma onda de frio tão atípica e forte não era esperada pelo governo, economistas e produtores”, finaliza.

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