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quinta-feira, março 28, 2024
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Gliricídia fixa nutrientes no solo

Felipe Pontes Teixeira das ChagasTécnico em Agropecuáriafelipexpt@hotmail.com

Kyvia Pontes Teixeira das ChagasEngenheira florestal e mestra em Ciências Florestais – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)kyviapontes@gmail.com

Floresta – Crédito: Freepik

A gliricídia (Gliricidia sepium) é uma árvore representante da família Fabaceae que pode crescer até 15 metros. O nome gliricídia é originário dos termos em latim glis (rato) e caedo (matar). Este nome é devido ao uso do pó da casca como veneno para ratos.

É originária da América Central, sendo uma planta de rápido crescimento e sistema radicular profundo, com alta capacidade de rebrota, o que permite cortes regulares, mesmo nos períodos de seca. A gliricídia é bastante resistente à seca (mínimo de 500 milímetros de precipitação anual), mas não suporta geadas.

Fixação de nutrientes no solo

Popularmente destinada a sombrear plantios, ela também pode ser encontrada como suporte em plantações, além das diversas vantagens na implementação dessa planta devido à concentração de nitrogênio presente nas folhas, que possibilita a fixação desse nutriente no solo devido à associação com bactérias diazotróficas por meio de suas raízes.

Esta planta pode produzir até 70 mil quilos de matéria verde por hectare ao ano, passando por um processo de decomposição rapidamente por volta de 16 dias, seguido da liberação dos nutrientes ao solo.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, José Henrique Rangel, a gliricídia, comparando com a adubação nitrogenada para o pasto, equivale a colocar 240 quilos de nitrogênio por hectare no pasto de braquiária por ano.

Este valor varia durante o ano, devido à estação chuvosa, quando se tem aumento da produção, e diminuição na estação seca. Utilizando-a com a integração lavoura, pecuária e floresta, a gliricídia fixa nitrogênio no solo, aumenta o teor de matéria orgânica e os nutrientes nas áreas profundas do solo são também reciclados, diminuindo a necessidade de uso de fertilizantes químicos.

Como implantar a gliricídia?

O plantio da espécie pode ocorrer de duas maneiras: sementes ou estacas dos galhos. A literatura afirma que a produção em plantas oriundas de sementes é maior que a de estacas, principalmente por possuir sistema radicular mais profundo e eficiente.

Para utilização como adubo verde ou como forragem, deve-se optar pelo plantio adensado (20.000 a 30.000 plantas/ha), com espaçamento de 0,5 x 1,0 m. Alguns estudos afirmam que, abatendo-se o custo da preparação das estacas e das operações de plantio, é possível atingir um lucro superior a R$ 50,00 por hectare utilizando estacas de 1,0 m de comprimento.

Para o manejo adequado, a primeira poda deve ser realizada com ferramenta afiada, podendo ser facão ou tesourão de poda; deve ocorrer aproximadamente aos quatro meses após o plantio, com o objetivo de estimular o aumento de galhos no rebrotamento.

Os resíduos vegetais da poda devem ser colocados sob a própria planta, aumentando o aproveitamento e a ciclagem dos nutrientes. Aos oito meses deve ser realizada a segunda poda, a qual deve ser repetida a cada quatro meses. Cada poda irá estimular a brotação e surgimento de novas folhas.

As podas seguintes devem ser feitas 10 cm acima do corte da poda anterior. Não é recomendável intervalos maiores de quatro meses sem poda, pois resultará em galhos muitos alongados e número reduzido de folhas.

Durante a estação chuvosa, é possível o corte a cada 70 dias e a cada 120 dias. Na estação seca, a produtividade esperada é de 20 toneladas/ha por corte a partir do terceiro ano, podendo ser realizados quatro cortes ao ano. A expectativa é de 70-80 toneladas de folhas que serão incorporadas ao solo.

Desvie-se dos erros

Os erros que devem ser evitados são principalmente na seleção das mudas ou sementes que serão plantadas. As mesmas devem ser de qualidade e plantadas no início da estação chuvosa. Em regiões de baixa precipitação, poderá ser recomendada a utilização de hidrogel, principalmente nos casos de utilização de mudas de estaca.

Nunca é demais relembrar a necessidade de controle das pragas, principalmente da formiga, que pode destruir a plantação muito rapidamente, caso não seja controlada. A utilização de espaçamentos muito grandes pode comprometer a produtividade e formação de galhos muito lignificados (duros), que resultaram em uma decomposição mais lenta.

As podas não devem ultrapassar os 120 dias de intervalo. Excedendo este intervalo, pode resultar no engrossamento dos galhos e falta de crescimento de folhas, lembrando que a poda, além de adubar o solo, promove o estímulo de formação de novos galhos e emissão de novas folhas.

Qual o custo da implantação?

Quando falamos de custo, o mesmo está diretamente relacionado com o método de propagação que o produtor pretende utilizar. Outro fator importante é a área que, além do tamanho, deve considerar todas as despesas com tratos culturais, como: limpeza, gradagem, abertura de sulcos, cultivos, pulverizações, etc.

O plantio por meio de estacas se torna mais viável, quando utilizado em pequenas áreas, e o produtor tem acesso ao “matrizeiro”, que será o doador das estacas. Alguns trabalhos comparam diferentes modos de propagação por estaca, sendo o plantio em sulcos o de menor custo de implantação, porém, quando comparado com o plantio em covas com estacas de 0,50 m ou 1,0 m, tem a pega das mudas mais eficiente.

Para áreas maiores, o recomendado é o plantio por meio de sementes, que podem ser adquiridas em lojas especializadas. Hoje, o valor médio do milheiro de semente está por volta de R$ 230,00. Em plantios adensados, serão necessárias 20.000 a 30.000 plantas, e se contabilizarmos 5% de perdas, chegaremos ao valor de R$ 4.830,00 de custo da semente por hectare.

Viabilidade

Os ganhos obtidos pela utilização da gliricídia como adubação verde já são conhecidos e alvo de estudos científicos por parte dos pesquisadores do nosso país. Vale destacar que a mesma é uma cultura perene e de grande produção de matéria verde, que tem ampla capacidade de produção, mesmo no período de estiagem. A mesma pode, ainda, ser utilizada como fonte proteica na alimentação animal.

Devido ao custo da implantação por semente e mão de obra, ou dificuldade de acesso a estacas para implantação da área, principalmente por ser uma cultura perene, o ideal é que a gliricídia seja utilizada para recuperação de áreas degradadas, ou principalmente em forma de consórcio com outras culturas, onde a mesma pode servir como sombreamento ou tutor.

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