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Gomose do abacateiro: doença exige controle

Fotos: Bruno Leite

João Eduardo Pereira Cardoso
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
joaoeduardo1011ha@gmail.com
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia/Horticultura – UNESP

O abacateiro (Persea americana Mill.) é pertencente à família Lauraceae, tendo seu centro de origem no México, país que lidera a produção mundial, representando 34,26% da produção global.

No Brasil, a cultura do abacate está concentrada principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que juntos respondem por grande parte da produção nacional.

Com uma demanda crescente tanto no mercado interno quanto externo, o abacate tem se destacado pela sua versatilidade culinária e valor nutricional, sendo uma importante fonte de gorduras saudáveis, vitaminas e minerais.

Plantio

A produção de frutos no abacateiro pode iniciar cerca de dois anos após o plantio, desde que sejam adotadas boas práticas de manejo e utilizadas mudas enxertadas. Nesse caso, o uso de mudas enxertadas é crucial, porque garante a uniformidade e a qualidade da produção, além de antecipar o início da frutificação.

Quando bem manejado, o abacateiro pode produzir até 800 frutos/planta, tendo sua época da colheita variando conforme a região e a variedade cultivada, com altura das plantas podendo alcançar até 20 m.

Há três principais variedades de abacate cultivadas, como mostra a Figura 1.

Figura 1. Principais variedades de abacate cultivadas e encontradas no Brasil.

Mercado

As variedades são amplamente valorizadas no mercado. Principalmente as variedades de abacate Hass e Fuerte, cada uma com características que atendem à diferentes demandas.

Dessa forma, a variedade Hass, conhecida por sua casca rugosa, é altamente preferida nos mercados de exportação devido à sua excelente durabilidade e resistência durante o transporte.

Por outro lado, a variedade Fuerte, um híbrido natural com maior tolerância climática, é mais apreciada nos mercados domésticos, tendo sua preferência devido ao sabor suave e textura cremosa, que atendem melhor às expectativas dos consumidores locais.

Fitossanidade

O abacateiro não é atacado por muitas pragas, mas é possível citar algumas que ocorrem nessa cultura, como: besouro de limeira, lagarta do fruto (mariposa), lagarta da folha (borboleta) e coleobrocas (besouros).

Em relação às doenças, algumas são suscetíveis, no entanto, podemos destacar a podridão das raízes (gomose), principal doença no mundo e no Brasil, causada pelo fungo Phytophtora cinnamond, que aparece em solos muito úmidos e mal drenados, sendo este um dos principais motivos para buscar característica resistente em porta-.

Os primeiros sinais da gomose (podridão das raízes) no abacateiro podem ser sutis e facilmente confundidos com outras condições, tornando a identificação precoce um desafio. O amarelecimento das folhas é um dos primeiros indícios, mas esse sintoma pode ser erroneamente associado a deficiências nutricionais, como a falta de nitrogênio.

Além do amarelecimento, a queda prematura das folhas pode ocorrer, indicando uma condição patológica mais do que uma simples deficiência de nutrientes.

À medida que a gomose avança, o murchamento e o enfraquecimento dos ramos tornam-se mais evidentes, sinalizando comprometimento significativo do sistema vascular e radicular.

A partir disso, um sinal mais claro é o fendilhamento do tronco, frequentemente acompanhado pela exsudação de goma, que ocorre em estágios mais avançados da doença, refletindo um dano severo ao tecido da planta.

Outro aspecto crucial é a deterioração das raízes, atacadas pelo patógeno. Nesse sentido, a descoloração e destruição das raízes fasciculadas, responsáveis pela absorção eficiente de água e nutrientes, são sinais críticos da gomose.

Nesses casos, a inspeção das raízes pode revelar a presença do patógeno e permitir uma intervenção mais precoce, tendo em vista que a degradação dessas radicelas compromete a capacidade da planta de sustentar sua saúde e crescimento adequados.

Fotos: Bruno Leite

Fique atento

 Um dos primeiros sinais da gomose é o amarelecimento das folhas, seguido pela queda foliar. Conforme a infecção avança, os ramos da planta tornam-se expostos devido à perda de folhas e avançam para a deterioração dos tecidos.

Eventualmente, a doença leva à secagem dos ramos do ponteiro, o que compromete ainda mais a estrutura da planta. Além disso, é comum observar um aumento na produção de frutos menores antes da morte da planta.

Dessa maneira, é importante a busca por estabelecer ações que possam controlar a gomose no abacateiro, em função dos efeitos comprometedores desse patógeno na cultura.

Controle

As medidas de controle da gomose em abacateiros incluem o uso de porta-enxertos que apresentam tolerância ao fungo Phytophthora, responsáveis pela doença. Em vista disso, alguns porta-enxertos têm mostrado resistência maior ao patógeno, o que contribui para a redução da incidência de gomose nas plantas enxertadas, sendo uma opção a ser considerada pelos produtores.

Além disso, é essencial adquirir mudas de qualidade, uma vez que plantas provenientes de viveiros certificados apresentam menor taxa de infecção e desenvolvimento saudável.

O manejo nutricional também é crucial para o controle da gomose. Níveis elevados de nitrogênio (N) devem ser evitados, pois podem promover um crescimento vegetativo excessivo e mais suscetível a doenças.

Por outro lado, o cálcio (Ca) desempenha um papel importante na fortificação das paredes celulares, aumentando a resistência da planta.

O fósforo (P) também é essencial para o desenvolvimento radicular, e sua deficiência pode comprometer a saúde da planta. Além disso, o pH do solo deve ser mantido em níveis adequados, pois um pH alcalino pode alterar a disponibilidade de nutrientes e afetar negativamente a planta.

Somado a isso, evitar o encharcamento do solo é fundamental, pois os encharcados favorecem a dispersão dos esporos da gomose, aumentando o risco de infecção. Por isso, a gestão da irrigação deve ser cuidadosa, garantindo que o solo tenha boa drenagem. Outra medida importante é a prevenção de ferimentos nas raízes e no tronco, que podem servir como pontos de entrada para o patógeno.

Cuidados fundamentais

Ainda com relação aos cuidados para o controle da gomose, o manejo da poda em abacateiros é essencial para manter a saúde e minimizar os impactos de doenças. A poda de limpeza, que foca na remoção de galhos secos, doentes ou infestados por pragas, desempenha um papel crucial na gestão de condições patológicas.

No caso específico da gomose, um fungo que afeta a planta, a poda deve ser realizada com atenção aos sintomas da doença.

Em casos mais severos, lesões no caule podem comprometer mais de 1/4 de sua circunferência, resultando na morte dos galhos comprometidos, devendo-se fazer a limpeza e retirada das árvores com a doença já disseminada.

A identificação da presença do fungo é essencial para impedir a propagação da doença e proteger a integridade da copa da planta. Portanto, o manejo adequado pela poda não só elimina os galhos comprometidos, mas também ajuda a controlar a disseminação, promovendo a saúde geral da cultura.

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