21.6 C
Uberlândia
sexta-feira, abril 19, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosGrãosIncompatibilidade na calda gera falta de homogeneidade na aplicação

Incompatibilidade na calda gera falta de homogeneidade na aplicação

 

Ulisses R.Antuniassi

Doutor em Agronomia e professor da UNESP

ulisses@fca.unesp.br

Alisson A. B. Mota

Rodolfo G. Chechetto

Fernando K. Carvalho

Doutores em Agronomia e consultores da AgroEfetiva

 

Obstrução do fluxo na ponta de pulverização devido ao acúmulo de resíduos, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade - Fotos: AgroEfetiva
Obstrução do fluxo na ponta de pulverização devido ao acúmulo de resíduos, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade – Fotos: AgroEfetiva

Para começar o assunto, nem toda calda concentrada vai gerar falta de homogeneidade, o que ocorre apenas em caso de incompatibilidade física.Além disso, quando a calda está muito concentrada no tanque, pode haver dificuldades na diluição do produto. De maneira geral, quando se trata de mistura em tanque, e não de produtos isolados, a maior concentração pode aumentar as chances de ocorrência de incompatibilidades físicas e, consequentemente,de falta de homogeneidade.

Uma recomendação importante é que o técnico realize uma avaliação prévia da mistura, utilizando o “teste da garrafa“, que consiste em misturar os produtos na mesma ordem e proporção utilizada em campo, para um volume de 2 L, em garrafa PET.

A operação

A redução no volume de calda aumenta o rendimento operacional na fazenda, facilitando a vida do agricultor, com menor número de paradas para abastecimento de calda.

Outro fator importante é o melhor aproveitamento das condições climáticas para as aplicações, pois o número de abastecimento das máquinas é reduzido. No entanto, vale ressaltar que a redução de volume exige um grau de cuidado maior com as aplicações, bem como ajuste das técnicas de aplicação. Caso haja incompatibilidade física, pode haver desuniformidade.

Outro ponto importante é a deriva, pois a redução do volume de calda implica no uso de gotas menores. Deve haver, portanto, um equilíbrio entre redução do volume de calda, qualidade e segurança nas aplicações.

Misturas de herbicidas nas mesmas doses e ordem de colocação dos produtos: Esquerda a 50 L/ha e  direita a 100 L/ha. Observa-se que o menor volume de calda apresenta fases distintas, característico da ocorrência de incompatibilidade Fotos:AgroEfetiva
Misturas de herbicidas nas mesmas doses e ordem de colocação dos produtos: Esquerda a 50 L/ha e direita a 100 L/ha. Observa-se que o menor volume de calda apresenta fases distintas, característico da ocorrência de incompatibilidade Fotos:AgroEfetiva

Agitação da calda

O bom dimensionamento do sistema de agitação da calda é fundamental para a homogeneidade de muitas caldas, e essa observação é válida para o reservatório do pulverizador ou para os sistemas de calda pronta.

Em geral, a vazão de retorno deve ser de, no mínimo, 30% da vazão nominal da bomba, visando à manutenção de um padrão mínimo de agitação hidráulica. A agitação mecânica também deve ser considerada, bem como a instalação de bicos agitadores.

Amostra de calda ilustrando a imcompatibilidade física entre formulação e ineficiente sistema de agitação da calda Fotos:AgroEfetiva
Amostra de calda ilustrando a imcompatibilidade física entre formulação e ineficiente sistema de agitação da calda Fotos:AgroEfetiva

Prós e contras

Segundo a recomendação de bula dos produtos, as caldas teriam a concentração normal, que foram avaliadas pelo fabricante, garantindo a dispersão e homogeneidade do produto dentro do tanque. Mas, quando o agricultor opta pelo volume reduzido, ele concentra a calda. Neste caso, os pontos a seguir podem explicar um pouco das vantagens ou desvantagens do volume reduzido:

Redução do volume de calda:

Vantagens:

  • Melhoria de desempenho de alguns produtos (ex.: glifosate e 2,4-D, mas não é para todos os produtos);
  • Maior rendimento operacional;
  • Menor quantidade de água utilizada nas aplicações;
  • Melhor controle fitossanitário, quando realizada a aplicação em condições meteorológicas corretas, pelo uso de gotas mais finas (necessárias para o volume reduzido) e melhor momento para aplicação;
  • Potencial para redução de custos.

Redução do volume de calda:

Desvantagens:

  • Dificuldades na operação (a redução do volume de calda é uma técnica mais difícil do que a convencional);
  • Para fazer volume reduzido, em geral a velocidade é maior. Por isso pode haver degradação da qualidade dos depósitos por excesso de velocidade e oscilação das barras;
  • Problemas com misturas em tanque, incluindo as incompatibilidades, que causam a desuniformidade;
  • Na ocorrência de incompatibilidades há maiores problemas de obstrução do sistema de pulverização, gerando falta de uniformidade na dose do produto aplicado;
  • Dependência das condições meteorológicas mais restritas pelo uso de gotas mais finas;
  • Maior risco de deriva.
Acúmulo de resíduos no filtro de linha, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade física Fotos:AgroEfetiva
Acúmulo de resíduos no filtro de linha, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade física Fotos:AgroEfetiva

Danos

Caldas desuniformes vão causar desuniformidade na distribuição das doses dos produtos. Por exemplo: se o produto ficar mais concentrado no fundo do tanque, no início da aplicação haverá uma dose excessiva, sendo que ao longo da aplicação essa dose reduzirá gradualmente, tornando-se insuficiente.

A situação se torna mais crítica quando há mistura em tanque, em que os diferentes produtos podem se concentrar de maneira diferente no tanque de pulverização (decantação ou formação de sobrenadante), o que vai gerar desuniformidade no controle e ainda favorecer a ocorrência de plantas tolerantes ou resistentes na área.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

 

ARTIGOS RELACIONADOS

Algas marinhas aumentam o peso da batata

Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário...

Química Anastacio – A matéria-prima do seu fertilizante

Este será o segundo ano em que a Química Anastacio participará como expositor do Congresso da Andav, evento direcionado ao setor da indústria de...

Algas proporcionam uniformização na germinação do eucalipto

  Nilva Teresinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito...

Cafeicultura Sustentável – A lei do alimento mais seguro no contexto brasileiro

Marcos Matos Diretor Geral do CECAFÉ Lilian Vendrametto Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ As principais pragas na cultura do café são a broca-do-café, o bicho-mineiro, as...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!