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Influência dos organominerais no café

Maione Almeida de Souza Engenheira agrônoma e mestre em Produção Vegetal – Unimontesmaione@grupoagromg.com.br

João Batista de Campos Menezes Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e especialista em Proteção de Plantas – UFVjoao.menezes@grupoagromg.com.br

Eder Junho Fidelis Batista Especialista em Manejo da Fertilidade do Solo  ederjunho@grupoagromg.com.br

Café – Créditos: shurtterstock

Os fertilizantes organominerais é uma tecnologia que vem sendo utilizada na lavoura cafeeira das mais diversas regiões produtoras do Brasil. A Embrapa trabalha com pesquisas de organominerais há mais de 10 anos, visando o reaproveitamento dos nutrientes extraídos dos solos e a destinação correta dos resíduos agroindustriais, que são em sua quase totalidade recicláveis.

De acordo com a Embrapa, o volume produzido de dejetos de suínos, aves e bovinos pode representar 20% da nossa demanda de NPK, por isso, a tecnologia de organominerais acaba sendo estratégica para o Brasil, principalmente, nesse cenário de falta de matéria-prima para a produção de fertilizantes.

Essa escassez, aliada à alta no frete marítimo, causou aumento de até 100% em fertilizantes formulados, e um desabastecimento dos tão procurados adubos químicos. Sendo assim, é interessante diminuir a nossa demanda externa e focar na produção e uso de organominerais.

Ação e reação

O fertilizante organomineral forma em sua composição um ambiente para veiculação de bioinsumos, como microrganismos atuando desde o controle de doenças de solo que acometem a cultura do café, bem como solubilizadores de nutrientes adsorvidos pelo solo, principalmente o elemento P (fósforo).

Em trabalhos recentes foi descoberto que o aporte de substâncias orgânicas por meio do complexo húmico do solo aumentou a presença de fungos que podem ser solubilizadores de fósforo, bem como antibióticos naturais.

Atualmente, não existem trabalhos científicos que provem que a aplicação de fertilizantes organominerais pode diminuir doses de fertilizantes minerais, entretanto, já existem diversos estudos provando que o aumento de substâncias húmicas no solo, com o passar do tempo, garante uma melhor eficiência dos fertilizantes.

Para a recomendação de dose a ser aplicada, deve ser levado em conta a demanda nutricional do cultivo e potencial de produção do café.


Vantagens do organomineral:

– Acréscimo de matéria orgânica do solo;

– Melhoria na estrutura do solo;

– Aumento das atividades microbianas;

– Aumento da retenção de água;

– Aumento da CTC do solo;

– Promove maior aeração do solo;

– Maior concentração do cálcio.

Benefícios do organomineral na cultura do café:

– Estimula a formação da raiz, melhorando a absorção de água e nutriente;

– Aumento na resistência do cafeeiro ao estresse hídrico;

– Aumento do vigor vegetativo;

– Melhoria na qualidade da bebida;

– Aumento na resistência a pragas e doenças;

– Diminuição na bienalidade da cultura;

– Melhoria no tamanho e uniformidade dos grãos.


Como fazer?

Para o uso de organomineral na cultura do café, é importante levar em consideração alguns fatores, antes de realizar a recomendação de dose do produto, como as características do solo, pois grande parte dos solos brasileiros, devido ao material de origem, possui baixa CTC (capacidade de troca de cátions), que corresponde à soma de cargas negativas do solo e tem a função de reter os cátions, cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+), etc.

O adubo organomineral, por ser a mistura de fertilizante orgânico com mineral, possui uma CTC mínima de 80 mmolc/kg, o que ajuda a reter os cátions (Ca2+, Mg2+ e K+), diminuindo a lixiviação destes nutrientes e aumentando a eficiência da adubação.

Outra característica a ser observada, antes da indicação do organomineral, é em relação à dinâmica do nutriente fósforo no solo, uma vez que a planta absorve o fósforo na forma de HPO-24 ou H2PO-4, e por ter carga negativa o fósforo pode reagir com o Zn2+, Al3+, Ca2+, etc. no solo, podendo ficar indisponível para as plantas.

Entretanto, a matriz orgânica do adubo possui substâncias húmica capazes de complexar estes elementos, não deixando o mesmo reagir com o fósforo, permitindo assim uma maior absorção do nutriente, que por sua vez estimula o crescimento radicular e da parte aérea do cafeeiro. 

Mais cuidados

Outro fator importante que devemos nos atentar refere-se ao número de aplicações dos organominerais em relação ao tipo de solo, sendo no mínimo duas aplicações em solos argilosos e no mínimo de três aplicações para solos arenosos, em outubro/novembro, dezembro e janeiro para aproveitar a umidade do solo, no caso de produção de café sequeiro.

Quanto ao fator aplicação, essa pode ser de forma manual ou mecanizada, adaptada à realidade da cafeicultura da sua região e da sua propriedade. Para a recomendação de dose por hectare, consulte sempre um engenheiro agrônomo.

Produtividade

A média brasileira de sacas de café beneficiadas por hectare é de 27,5, valor muito baixo e que é justificada pelas baixas produtividades e bienalidade severa, mas que pode ser contornada com um manejo nutricional adequado.

Trabalhar a saúde do solo e incorporar o organomineral no manejo nutricional pode ser uma excelente ferramenta para o aumento dessas médias de produção.

Pesquisa realizada cita o incremento de 48% em resposta à bienalidade, quando comparado o uso de organomineral ao tratamento controle (Sandy et al.,2018). Entretanto, quando comparamos a adubação com organomineral em relação à adubação convencional, foi relatado um incremento na ordem de 13% a mais de sacas de café, com o organomineral (Viviane et al., 2017).

Em campo

A cultura do café é oriunda de uma condição edafoclimática de sub-bosque, o que implica em uma condição de clima ameno e umidade um pouco mais elevada. Entretanto, diversos locais de cultivo do cafeeiro no Brasil apresentam condições de estresse por seca e elevada radiação solar.

Todavia, pôde-se observar recentemente que o cafeeiro que é adubado com organomineral diminui sua bienalidade, de forma que o ambiente e a rizosfera influenciam muito no cultivo do café, ou seja, mais matéria orgânica e o solo mais vivo simulam, de certa maneira, o ambiente edafoclimático mais ideal para o cultivo do cafeeiro.

Erros mais comuns

A adubação na cultura do café é realizada de acordo com a expectativa de safra, ou seja, aplicamos o NPK conforme o que a planta irá produzir. Alguns produtores não têm obtido sucesso com o adubo organomineral, por erro de dose de adubo.

O produtor, para economizar, tem diminuído a dosagem, não levando em conta a análise de solo e a expectativa de safra. Isto acarreta na queda de produção e aumento na bienalidade do café.

Como evitar

Realizar análise de solo e fazer a adubação com a adubação, levando em consideração o laudo da análise e a expectativa da safra. Além disso, seguir a recomendação de dose recomendada pelo profissional. 

Qual o custo?

O café tem sido comercializado com altos valores por saca e a tendência é que essa valorização se mantenha, principalmente devido à baixa produtividade esperada para a safra 2021/22 devido aos problemas de geadas que comprometem muitos cafezais, devido à bienalidade do café.

Em contrapartida, os custos de produção aumentaram de forma exponencial, exigindo dos produtores muito planejamento e estratégia para a compra e realização de manejos nas lavouras, de forma a equilibrar os custos. Uma dessas formas é a substituição da adubação convencional pela adubação organomineral, que apresenta a melhor relação custo-benefício.

Investimento x retorno

Quando comparamos o custo do organomineral com o mineral, esse é 10% mais barato quando utilizamos os adubos minerais, que possuem maior concentração de NPK, e o custo por ponto de nutriente no organomineral se torna um pouco mais caro.

Porém, com o atual cenário e elevados preços dos adubos minerais, na comparação por ponto de nutrientes, a adubação com organomineral fica bem mais barata, além de entregar muitos benefícios para a sua lavoura de café e para a estruturação e saúde do seu solo.

Além disso, uma tonelada de organomineral chega a incrementar algo em torno de 7% de complexos húmicos (ácidos húmicos e fúlvicos) no solo. Para isso, os produtores pagam uma média de R$ 25,00 por litro de produtos à base de leonardita.

Esse produto possui como garantias a ordem de 20% entre ácidos húmicos e fúlvicos, com indicação de uso de três a cinco litros por hectare, considerando uma aplicação com cerca de 2,0 litros por hectare, enquanto na média um organomineral entrega 70 kg.

Redução de oxidação

É importante salientar que quando usamos nas adubações a associação do organomineral com o enxofre elementar, ocorre uma redução da taxa de oxidação em valores consideráveis, ao comparamos o enxofre elementar associado a fertilizantes minerais.

Logo, com essa operação é possível diminuir o custo por eficiência no uso do nutriente, que é de suma importância para altas produtividades de café e áreas pobres em matéria orgânica.

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