
Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
A nova geração de fertilizantes foliares disponibiliza ingredientes ativos promotores de bioatividade que auxiliam na maior eficiência dos processos metabólicos da planta, contribuindo ainda para que ela consiga expressar seu máximo potencial genético.
Essas formulações inovadoras, fundamentadas nos avanços da nutrição vegetal e da biotecnologia, vão além do fornecimento básico de nutrientes, atuando diretamente nos processos metabólicos das plantas e em sua capacidade de enfrentar estresses bióticos e abióticos.
Em destaque
Um dos destaques dessas formulações é a presença de micronutrientes como zinco, ferro, manganês, cobre e boro em formas quelatizadas, que melhoram a solubilidade e aumentam sua absorção pelas folhas.
Esses elementos desempenham papéis cruciais na ativação de enzimas essenciais e em processos bioquímicos relacionados à fotossíntese, ao metabolismo de carboidratos e à síntese de hormônios.
Além disso, alguns fertilizantes incorporam hormônios vegetais, como auxinas, giberelinas e citocininas, que regulam o crescimento e desenvolvimento da planta, estimulando a divisão celular, o alongamento dos tecidos e o sistema radicular.
Bioestimulantes
Outro componente interessante, do ponto de vista agronômico, são os bioestimulantes à base de aminoácidos e peptídeos, derivados de hidrolisados proteicos. Esses compostos auxiliam na biossíntese de proteínas, aumentam a tolerância a condições adversas, como seca e salinidade, e potencializam a absorção de outros nutrientes.
A tecnologia para fertilizantes foliares também utiliza polímeros e nanopartículas para otimizar a aderência do produto à superfície foliar, prolongando sua ação e garantindo uma penetração mais eficiente através da cutícula.
Atividade metabólica
Além dos compostos químicos, muitos fertilizantes incorporam ácidos húmicos, fúlvicos e extratos vegetais ricos em compostos fenólicos, que estimulam a atividade metabólica, melhoram a retenção de água e aumentam a transporte de nutrientes dentro das plantas.
Também se destacam os extratos de algas marinhas, que fornecem polissacarídeos, vitaminas e minerais, e atuam como bioestimulantes na promoção do crescimento vegetal, fortalecendo a resistência ao estresse e aumentando a atividade antioxidante.
Inovações
Essas inovações são frutos de pesquisas científicas que visam agir em níveis moleculares, atuando na sinalização celular que amplifica as respostas metabólicas e fisiológicas das plantas.
A eficiência fotossintética, o metabolismo de nutrientes e os mecanismos de defesa vegetal são significativamente melhorados, proporcionando maior produtividade e sustentabilidade.

Culturas beneficiadas
As culturas que mais têm se beneficiado com o uso de fertilizantes foliares da nova geração são aquelas de alto valor comercial e que demandam alta eficiência nutricional para alcançar seu máximo potencial produtivo.
A soja, por exemplo, se destaca por apresentar ganhos significativos quando esses fertilizantes são utilizados em momentos críticos, como o enchimento de grãos. A inclusão de micronutrientes quelatizados e bioestimulantes na formulação aumenta a atividade fotossintética e otimiza processos metabólicos essenciais, como a fixação de nitrogênio, resultando em maior produtividade.
O milho também tem demonstrado resposta positiva a esses fertilizantes, especialmente em formulações que combinam micronutrientes e aminoácidos. Esses compostos atuam de forma integrada para melhorar o enchimento de grãos e aumentar a tolerância da planta a condições adversas, como o déficit hídrico.
Ativação de enzimas
Além disso, a aplicação foliar desses produtos contribui para a ativação de enzimas e processos bioquímicos que maximizam o aproveitamento dos nutrientes disponíveis, refletindo em um incremento significativo na produção.
Outras culturas, como café, frutas tropicais e hortaliças, também têm mostrado ganhos expressivos com o uso de fertilizantes foliares enriquecidos. No café, por exemplo, esses produtos auxiliam no manejo da bienalidade, fortalecendo a resistência das plantas e favorecendo um desenvolvimento mais uniforme dos frutos.
Já nas hortaliças e frutas, a aplicação dos fertilizantes promove maior qualidade dos produtos colhidos, com ganhos em peso, uniformidade e valor nutricional.
Do passado para o futuro

Apesar de todos os benefícios e se observarmos os últimos anos, a tecnologia empregada no desenvolvimento de fertilizantes foliares evoluiu significativamente, impulsionada por avanços em biotecnologia, nanotecnologia e pela demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes.
Essa evolução resultou em produtos mais eficazes, capazes de otimizar a nutrição vegetal e promover a resiliência das culturas em cenários desafiadores, como os impostos pelas mudanças climáticas e pela crescente necessidade de maximização do uso dos recursos naturais.
Um dos marcos dessa evolução foi o desenvolvimento de formulações com micronutrientes quelatizados, que apresentam maior solubilidade e estabilidade química. Esses compostos garantem uma absorção mais eficiente pelos tecidos foliares, permitindo que nutrientes como zinco, ferro, manganês e cobre sejam prontamente disponíveis para os processos metabólicos essenciais das plantas.
Bioestimulantes
A incorporação de bioestimulantes representou outra inovação importante. Substâncias como aminoácidos, peptídeos, ácidos húmicos e extratos de algas marinhas passaram a ser amplamente utilizadas nas formulações.
Esses compostos não apenas suplementam nutrientes, mas também ativam vias metabólicas específicas que aumentam a tolerância das plantas a estresses bióticos e abióticos, como seca, salinidade e ataques de patógenos.
Revolução nutricional
A nanotecnologia nos fertilizantes foliares trouxe uma revolução no setor, possibilitando o uso de nanopartículas que otimizam a liberação e a penetração dos nutrientes.
As formulações baseadas em nanoestruturas permitem uma liberação controlada e direcionada, reduzindo perdas por volatilização ou escorrimento e aumentando a eficiência de utilização dos fertilizantes.
Outro avanço significativo foi o desenvolvimento de polímeros naturais e sintéticos que melhoram a aderência e a uniformidade das formulações aplicadas às folhas. Esses polímeros ajudam a prolongar o tempo de contato do fertilizante com a superfície foliar, aumentando a absorção dos nutrientes e reduzindo o impacto de fatores climáticos, como chuva ou vento.
Química verde
Além disso, a química verde ganhou destaque com a introdução de formulações mais sustentáveis, utilizando ingredientes orgânicos e biodegradáveis. Fertilizantes baseados em extratos naturais, como aqueles derivados de plantas ou microrganismos benéficos, minimizam impactos ambientais e promovem uma agricultura mais responsável.

A evolução tecnológica também está associada ao uso de tecnologias digitais no desenvolvimento e aplicação desses fertilizantes. Sensores, drones e plataformas digitais permitem o monitoramento em tempo real das necessidades nutricionais das plantas, garantindo uma aplicação precisa e personalizada.
Planejamento estratégico
Com um nível tecnológico tão avançado e um mercado em constate evolução, se faz necessário a adoção de um manejo agrícola que exija planejamento estratégico, que leve em consideração as necessidades específicas das plantas, as condições ambientais e o estágio de desenvolvimento da cultura.
O primeiro passo para garantir uma aplicação eficiente é a realização de um diagnóstico nutricional preciso, utilizando análises de solo, tecido foliar ou tecnologias digitais para monitorar o estado nutricional das plantas. Essas informações permitem identificar deficiências e ajustar a formulação do fertilizante de maneira direcionada.
Além disso, é fundamental sincronizar a aplicação dos fertilizantes foliares com os momentos críticos do ciclo de desenvolvimento das culturas, como a fase vegetativa inicial, a floração e o enchimento de frutos e grãos.
Nessas etapas, a demanda por nutrientes é maior, e a aplicação foliar pode suprir rapidamente as necessidades da planta, favorecendo o crescimento e o metabolismo.

Mitos e verdades
Embora os fertilizantes foliares sejam ferramentas eficazes para corrigir deficiências imediatas, eles devem ser vistos como complementos ao manejo químico do solo, que permanece como a base para o crescimento das plantas.
A integração de práticas de manejo do solo com aplicações foliares pode potencializar os resultados, promovendo maior eficiência no uso dos recursos e garantindo a sustentabilidade do sistema produtivo.
Com essas estratégias, os produtores podem não apenas maximizar a produtividade, mas também melhorar a qualidade dos produtos agrícolas de forma eficiente e sustentável.
O que esperar?
O mercado de fertilizantes tem revelado perspectivas promissoras para os próximos anos, impulsionado pelos grandes avanços tecnológicos e aliado à crescente demanda por eficiência no uso de recursos naturais com práticas agrícolas mais sustentáveis.
Tendências globais apontam para um crescimento significativo no setor, com inovações que prometem transformar o manejo nutricional das culturas e impactar positivamente a agricultura brasileira.
Dentro das principais tendências, cabe aqui destacar o desenvolvimento de formulações mais avançadas, incorporando tecnologias como nanotecnologia e bioestimulantes. Fertilizantes foliares à base de nanopartículas estão ganhando espaço por oferecerem maior eficiência na absorção de nutrientes e menor impacto ambiental, reduzindo perdas por volatilização e escorrimento do produto nas folhas.
Tendências
A incorporação de compostos bioativos, como aminoácidos, peptídeos e extratos vegetais, continuará em alta, promovendo maior resistência das plantas a estresses abióticos, como seca e salinidade, que são preocupações recorrentes na agricultura brasileira.
Outra tendência relevante é a integração de tecnologias digitais ao manejo de fertilizantes foliares. O uso de sensores, drones e plataformas digitais está se tornando essencial para monitorar em tempo real o estado nutricional das culturas, permitindo aplicações mais precisas e personalizadas.

Essas ferramentas são particularmente promissoras para o Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, onde a variabilidade climática e a extensão territorial demandam soluções tecnológicas para otimizar os sistemas produtivos.
Mercado exigente
No cenário brasileiro, o aumento da adoção de fertilizantes foliares está diretamente ligado à intensificação agrícola e ao desafio de produzir mais em áreas já cultivadas, sem expandir significativamente a fronteira agrícola.
Culturas como soja, milho, café e frutas tropicais têm apresentado respostas significativas ao uso desses produtos, o que reforça sua importância no contexto da agricultura de alta performance.
Além disso, as exigências de mercados internacionais por produtos agrícolas com maior qualidade e menor impacto ambiental impulsionam o uso de tecnologias que aumentem a sustentabilidade da produção.
Menor impacto ambiental

Fertilizantes foliares, com sua capacidade de fornecer nutrientes de forma eficiente e reduzir impactos ambientais, estão bem-posicionados para atender a essas demandas, beneficiando produtores que buscam atender a mercados exigentes, como o europeu e o asiático.
No entanto, alguns desafios permanecem, tais como a necessidade de capacitação técnica para produtores e a acessibilidade a essas tecnologias avançadas, especialmente para pequenos e médios agricultores.
Programas de incentivo e políticas públicas que promovam a adoção de práticas sustentáveis podem desempenhar um papel crucial na popularização dos fertilizantes foliares.