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Investir em sementes de soja tratadas é rentável?

Autores

Thaís Vitória dos Santos
thaisvitoria104@gmail.com
Denilze Santos Soares
denilzesoares@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com 
Fabiana das Chagas Gomes Silva
fabianachagasfa@gmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br

Foto: Ana Maria Diniz

O tratamento de sementes é uma técnica que tem por objetivo assegurar a qualidade sanitária das sementes, por meio da aplicação de produtos químicos eficientes para controlar fitopatógenos, principalmente fungos associados às sementes ou presentes no solo, além de atuar contra o ataque inicial de pragas específicas do solo, protegendo as plântulas durante o processo germinativo e de emergência.

As sementes são um dos principais fatores para o sucesso da lavoura, já que carregam consigo a genética de cultivares superiores, com várias características que contribuem para altas produtividades, tais como ciclo, hábito de crescimento, resistência a fatores bióticos e abióticos. Analisando do ponto de vista sanitário, as sementes exercem importante papel, visto que podem ser veículo de disseminação de patógenos.

Prejuízos

Segundo comprovam as pesquisas, sementes infectadas podem causar falhas no estabelecimento das lavouras, podridões e tombamentos de pré e pós-emergência e, na condição de fonte de inóculo primário, dar início ao desenvolvimento de doenças da parte aérea. Por isso se mostra extremamente necessário o uso de sementes de boa qualidade sanitária, que é o caso das sementes tratadas.

Goulart destaca que a maioria das doenças de importância econômica que ocorrem na soja é causada por patógenos que são transmitidos pelas sementes. Desta forma, a semente tem um importante papel no estabelecimento da lavoura, evitando que microrganismos prejudiciais sejam introduzidos em novas áreas e se disseminem pela população de plantas.

Contudo, é notável que o uso de sementes tratadas se torna rentável, visto que o uso de sementes que não estejam em bom padrão sanitário pode ocasionar perdas irreversíveis na lavoura. Estudos revelam ainda que a média de gastos com o tratamento de sementes de soja, ao longo dos 10 anos analisados, representou apenas 2,2% do custo total investido na produção da lavoura de soja, ou seja, um valor mínimo se considerados todos os benefícios.

Benefícios do tratamento

É importante enfatizar que o tratamento de sementes gera diversos benefícios, tais como: proteção às sementes e plântulas contra fungos de solo, evita o desenvolvimento de epidemias no campo, uniformidade na germinação e emergência, redução dos riscos na fase de implantação das lavouras, maior desenvolvimento radicular e estabelecimento inicial da lavoura, com uma população ideal de plantas.

Ou seja, considerando o aspecto sanitário, o uso de sementes fora do controle dos programas de certificação pode constituir-se em uma ameaça grave para todo o sistema agrícola, principalmente do ponto de vista econômico.

Dessa forma, a única maneira de se resguardar em relação a esses problemas é submeter o lote de sementes ao teste de sanidade (ferramenta eficaz e de baixo custo), o qual proporciona informações seguras do real estado sanitário das sementes, as quais podem ser usadas como subsídio para tomada de decisão quanto ao uso comercial do referido lote.

O benefício das sementes tratadas é ainda maior em solos que não estão em sua melhor condição, já que a soja inicia o seu processo de germinação e logo emerge rapidamente quando semeada em solos com boa disponibilidade hídrica e temperaturas adequadas. Porém, quando essas condições não são satisfeitas, as sementes ficam armazenadas no solo à espera de condições favoráveis para iniciar esse processo e, durante esse tempo, a germinação e emergência da soja ocorrem mais lentamente, proporcionando aos fungos do solo e da própria semente maior oportunidade de ataque, podendo causar sua deterioração nesse ambiente ou a morte de plântulas. Por isso, nessas condições torna-se ainda mais necessária a utilização do tratamento das sementes de soja com fungicidas.

Mais produtividade

Para obter uma boa produtividade na lavoura da soja, é importante que vários fatores do processo sejam executados da melhor maneira possível, como por exemplo, sabemos da importância de se ter um perfil de solo corrigido, com uma dinâmica de nutrientes que esteja adequada a sistemas de alta produção.

Com isso, se faz necessária a adição do complexo microbiológico e da matéria orgânica no solo para alcançar esses grandes tetos de produção, ou seja, para o aumento de produtividade é preciso automaticamente elevar a matéria orgânica disponível.

O mesmo ocorre na escolha do material genético que melhor se adapta a sua região e que está mais condicionado a responder às condições locais de solo, de fertilidade e de clima. Para obtenção de uma lavoura de soja com estande adequado, plântulas vigorosas e, consequentemente, elevadas produtividades, é fundamental a utilização de sementes com alta qualidade física, fisiológica, genética e sanitária, características que estão presentes em sementes tratadas de alta qualidade, que também favorecem a germinação mais uniforme das plântulas e evita a necessidade de replantio.

Isso fica ainda mais nítido quando observamos pesquisas que comprovam que o potencial de perda em rendimento de uma semente não tratada pode variar entre 10 e 40% e está relacionado às espécies de pragas e doenças e à intensidade de incidência, ou seja, sementes tratadas vão obter maior rendimento que, consequentemente, será revertido em uma boa produtividade da lavoura.

Em campo

Deve-se ressaltar que o efeito principal do tratamento de sementes de soja é observado na fase inicial do desenvolvimento da planta. Nesse período ocorre uma eficiente proteção da soja, proporcionando a obtenção de populações adequadas de plantas em função da uniformidade na germinação e emergência.

Uma lavoura iniciada com sementes de qualidade vai resultar em melhor desenvolvimento, além de ter uma grande e eficiente proteção contra doenças, que hoje é um dos fatores que mais ocasiona perdas no campo.

Além disso, o tratamento de sementes proporciona maior comprimento da parte aérea e raízes da planta de soja e, consequentemente, as sementes submetidas a tratamentos entregam melhores resultados no momento da colheita, ou seja, os resultados em campo são nítidos e eficientes.

Nota-se, ainda, que quando a semeadura coincide com a ocorrência de estiagem, mesmo que por períodos relativamente curtos, as sementes de soja tratadas com fungicidas adequados garantem maior porcentagem de emergência, evitando assim a ressemeadura.


O que diz a pesquisa

O tratamento de sementes é uma prática importante e que vem sendo utilizado por um número crescente de produtores. Essa tecnologia possui excelente relação custo x benefício, gerando benefícios tanto para o produtor quanto para a economia nacional. “Pode ser considerada um ‘seguro barato’ que o agricultor faz no início de implantação de sua lavoura”, informa o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Augusto César Pereira Goulart.

Pesquisa realizada pelo analista Alceu Richetti, em parceria com Goulart, demonstra que na safra 2018/19 o tratamento de sementes com fungicida e inseticida representou apenas 1,48% do gasto, em relação ao custo total de produção de um hectare de lavoura de soja, que foi de cerca R$ 3 mil, ou seja, um desembolso de cerca de R$ 46,53 por hectare de lavoura de soja.

Os dados revelam ainda que a média de gastos com o tratamento de sementes de soja, ao longo dos dez anos analisados, representou apenas 2,2% do custo total investido na produção de lavoura de soja. “O custo médio de produção ao longo desses dez anos foi de aproximadamente R$ 2 mil por hectare, assim, o valor médio investido com tratamento de sementes foi de apenas R$ 44,00 por hectare de lavoura de soja”, explica Richetti.

Essa pesquisa deu origem ao Comunicado Técnico nº 247, intitulado ‘Adoção e custo do tratamento de sementes na cultura da soja’ e está disponível para consultas por meio de download gratuito no Portal da Embrapa (Acesse https://bit.ly/2I3qe1Z).

Nesse documento, os interessados encontram informações sobre o tratamento de sementes e o custo de produção da soja relativas ao período que compreende as safras de 2008/09 até a safra 2018/19, em Mato Grosso do Sul. A pesquisa considerou como tratamento de sementes o uso de fungicida e inseticida em suas dosagens recomendadas.

Benefícios

Goulart destaca ainda que a maioria das doenças de importância econômica que ocorrem na cultura da soja é causada por patógenos que são transmitidos pelas sementes: “desta forma, a semente tem um importante papel no estabelecimento da lavoura, evitando que microrganismos prejudiciais sejam introduzidos em novas áreas e se disseminem pela população de plantas, como focos primários de doenças”, explica.

Segundo ele, antracnose (Colletotrichum truncatum); cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis) e podridão branca da haste e da vagem (Sclerotinia sclerotiorum) são doenças que foram disseminadas em função da ausência e/ou inadequação de tratamento de sementes e o uso de sementes livres de contaminações ou dentro de padrões de tolerância estabelecidos para a cultura pode impedir ou retardar a disseminação desses patógenos.

O pesquisador salienta ainda que o tratamento de sementes com fungicidas gera outros benefícios, tais como: proteção às sementes e plântulas contra fungos de solo, evita o desenvolvimento de epidemias no campo, resulta em uniformidade na germinação e emergência, reduz os riscos na fase de implantação das lavouras, mostra maior desenvolvimento radicular e estabelecimento inicial da lavoura com uma população ideal de plantas.

Outra publicação importante sobre o assunto e que está disponível, também gratuitamente para download, é o livro intitulado ‘Fungos em Sementes de Soja: Detecção, Importância e Controle’. Acesse https://bit.ly/2EWd2Ka). Escrito pelo pesquisador Augusto César Pereira Goulart, a publicação encontra-se em sua segunda edição revisada e ampliada. O livro aborda os principais fungos fitopatogênicos que ocorrem em sementes de soja, seus danos, métodos de detecção e de controle por meio do tratamento das sementes com fungicidas.

Na safra 2018/19 o tratamento de sementes com fungicida e inseticida representou apenas 1,48% do gasto, em relação ao custo total de produção de um hectare de lavoura de soja, que foi de cerca R$ 3 mil, ou seja, um desembolso de cerca de R$ 46,53 por hectare de lavoura de soja.

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