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Maior enraizamento da soja

Talis Melo ClaudinoEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UNESP/FCA – Botucatu (SP)t.claudino@unesp.br

Rodrigo Ferrari ContinEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UENP de Bandeirantes (PR)

Soja – Créditos: shurtterstock

A utilização de substâncias fisioativadoras na cultura da soja são metodologias de manejos que trazem benefícios produtivos e maior segurança ao produtor, principalmente quando se trata de fatores abióticos que venham a reduzir a produção, e assim a rentabilidade.

Uma diversidade de fatores que favorecem ou desfavorecem o crescimento é encontrada no cultivo da soja, como por exemplo a presença de alumínio, sendo um dos grandes fatores que levam ao menor desenvolvimento radicular.

Ainda, a presença de cálcio em subsuperfície faz com que as raízes se aprofundem e possam explorar maior volume de solo. Todavia, a utilização de substâncias aplicadas nas sementes, plântulas ou até mesmo nas plantas podem ativar o sistema fisiológico do enraizamento.

Fisiotivação

Vários fisiotivadores estão presentes no mercado, como por exemplo substâncias húmicas, extratos de algas, aminoácidos e vitaminas que apresentam funções diretamente relacionadas ao maior crescimento radicular, sendo que este fenômeno normalmente está baseado na maior produção do fitohormônio auxina, responsável pelo crescimento principalmente das áreas meristemáticas, como é o caso das raízes.

Esta técnica, para maior enraizamento, faz com que as plantas possam absorver maior quantidade de água e nutrientes, e além disso, a liberação de exsudados radiculares ocorre em maior quantidade ao liberar ácidos orgânicos, como o ácido cítrico, solubilizar fósforo não lábil.

Além disso, quando os vegetais com desenvolvimento radicular acentuado passam por estresses hídricos, eles superam da melhor forma e com menores impactos na produtividade, assim como observa-se maior tolerância a pragas e doenças pelo maior vigor e nutrição da planta.

Manejo

A utilização de enraizadores pode ser feita de diversas formas, desde o tratamento das sementes, via sulco ou foliar, principalmente no início do desenvolvimento (V2-V4). Com diferentes mecanismos de ação, a aplicação deste tratamento deve seguir a recomendação técnica do fabricante para o melhor resultado do produto a ser utilizado.

Uma frase de grande valia é: “O posicionamento faz o resultado do produto”.  Ou seja, quão mais bem posicionado, melhor resultado, e assim maior incremento de produtividade.

Enraizadores auxínicos apresentam bons resultados quando aplicados via foliar, visto que as auxinas são sintetizadas e deslocadas do meristema apical superior para os inferiores.

É muito observado o maior desenvolvimento radicular a partir da utilização de substâncias húmicas quando aplicados de 4,0 – 6,0 mmolc mL-1. Campos Jr. (2018) observou o maior vigor de diferentes sementes de soja e crescimento de raízes quando tratadas com 6,0 mL kg-1 de ácidos húmicos + fúlvicos.

Plantas com maior vigor desde o início de seu estabelecimento apresentam maiores chances de obterem altas produtividades, podendo incluir em até 20% os atributos produtivos em relação a plantas que não apresentaram um ótimo desenvolvimento e exploração do solo durante seu ciclo produtivo.

Não se descuide

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As raízes são as portas de entradas para todos os alimentos necessários para o desenvolvimento vegetal e, desta forma, de ampla importância e cuidado para que se desenvolva o máximo possível, tendo o maior número de raízes laterais e pelos radiculares. Isto resulta em altas produtividades e rentabilidade ao produtor rural.

Bertolin e colaboradores (2010) observaram que a aplicação de fitorreguladores aumentaram o número de vagens por planta tanto nas aplicações via sementes quanto via foliar, proporcionando o aumento de produtividade de 37% relação à testemunha. 

Os enraizadores normalmente são agregados ao uso de micronutrientes, e desta forma fazem com que as plantas tenham maior vigor na fase inicial, resultando em uma maior uniformidade de enraizamento e germinação de sementes.

Erros fatais

Novamente, trago aos senhores leitores um alerta. O maior erro no enraizamento da soja, quando se trata da utilização de protetores fisiológicos, é o mal posicionamento dos produtos.

Nem sempre os melhores produtos são adequados para as regiões nas quais são empregados. Saliento a expressão: “posicionamento correto é o futuro de sua lavoura”.

Sendo assim, quando o produtor conhece e implanta uma tecnologia, deve-se avaliar todo o contexto de sua lavoura para determinar que a mesma apresente os resultados ideais de acordo com o que é afirmado por empresas idôneas.

Sempre se deve atentar para a procedência da empresa, visto que muitas vendem seus “enraizadores” sem nenhum ensaio científico de qualidade para maior confiança dos produtores rurais.

As tecnologias estão no mercado prontas para serem utilizadas pelos agricultores, e estes devem solicitar a assistência técnica de confiança e fazer a utilização de insumos que aumentem a estrutura morfológica da planta, refletindo no potencial produtivo, proteção de veranicos e demais estresses.

Por fim, vale lembrar que o investimento de 1% pode acrescentar até 20% à produtividade final de uma lavoura. Estes números nos mostram a grande importância dos enraizadores para obtermos os maiores potenciais produtivos.

Resumindo: substâncias húmicas, extratos de algas, aminoácidos e hormônios vegetais aumentam a síntese de auxina, o hormônio principal para o desenvolvimento radicular. A associação destes fitorreguladores a nutrientes formam bioestimulantes capazes de trazer ao produtor tudo o que ele mais busca: produtividade e rentabilidade.

E agora, senhor empresário rural, vamos testar a utilização de bioestimulantes enraizadores em nossa amada cultura de soja? A pergunta fica no ar, mas a ação deve ser realizada em nossos campos para continuarmos sendo os maiores produtores mundiais de soja, sustentando o PIB nacional e todo o mundo.

Custo envolvido

Segundo a Embrapa Soja, o custo para tratamento de sementes com enraizadores se aproxima de 1% do valor total de investimento, considerado baixo em relação aos benefícios que podem ser trazidos aos produtores.

No mercado, a faixa de preços dos bioestimulantes enraizadores é de grande variação, muitas vezes de acordo com sua metodologia de ação e tecnologias envolvidas.

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