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Qualquer ser vivo, em especial as plantas silvestres, têm em si a rusticidade que lhes confere resistência a pragas, doenças e maior tolerância a estresses abióticos, como estiagem ou falta de oxigênio no solo, dias nublados, frios ou com calor excessivo.
Elmar Luiz Floss, engenheiro agrônomo e diretor do INCIA, explica que à medida que se investe no melhoramento das culturas de interesse econômico, privilegia-se a seleção de genes que induzem ao aumento da produtividade, redução de riscos e melhoria da qualidade nutricional das plantas. “Neste caso, a seleção prioriza genes que não são os da rusticidade e, consequentemente, à medida que é aumentada a área de determinadas cultivares, começamos a favorecer a incidência de pragas e doenças“.
Os elicitores, portanto, são substâncias que, aplicadas às plantas, procuram ativar os genes de mecanismo de defesa contra pragas e doenças, e ainda a estresses abióticos.
Entenda melhor
Os agentes elicitores podem ser aplicados via tratamento de sementes ou via foliar, para que ocorra a expressão de defesa da planta. “A interdependência é quando o fator ambiental modifica o fator hormonal, sendo que os hormônios vão ativar esse conjunto específico de genes“, esclarece o especialista.
Na prática, Elmar Floss diz que a utilização de elicitores na agricultura mostra grande eficiência, tendo iniciado os resultados na produção de frutas e hortaliças orgânicas.“A ideia partiu da Europa, Alemanha, França e Itália que queriam um produto que fosse natural e ao mesmo tempo controlasse pragas e doenças, sem interferir no desenvolvimento das plantas ou no consumo desses alimentos. Foi assim que surgiram os indutores de defesa, obtidos principalmente de extratos de algas, que naturalmente produzem substâncias de defesa, que são seu mecanismo de sobrevivência“.
A partir dos Estados Unidos, surgiu também a utilização dos fosfitos, que são derivados do ácido fosforoso e, além de ter uma ação fungitóxica aos oomicetos, é também comprovadamente um agente elicitor.
Assim, usado como fungicida, o fosfito pode controlar determinada doença, mas não tem ação sobre todos os patógenos, e para aqueles que não são atingidos é associado o fungicida, que vai atuar sobre as pragas, enquanto o fosfito será um agente elicitor, que induzirá a defesa da planta, resultando em maior eficiência do processo.
Tal técnica tem mostrado que a ação de controle é prolongada, o que, em determinadas situações, dependendo da cultivar e das condições ambientais, pode levar a uma aplicação a menos de fungicida.
Mais proteção
Determinados nutrientes também induzem a planta à defesa, como é o caso do manganês, do cobalto, do cobre, do zinco e do boro, pois ativam os genes elicitores do vegetal, como as fitoalexinas e compostos fenólicos. Por isso, Elmar Floss costuma dizer que “um dos melhores fungicidas que existe é uma planta bem nutrida“.
Viabilidade
Uma planta bem nutrida e equilibrada em macro e micronutrientes terá, automaticamente, maior produtividade e tenderá a ter uma menor incidência de pragas e doenças. “Especificamente no caso da soja, verificamos que a combinação dos melhores fungicidas do mercado com micronutrientes e a aplicação conjunta de fosfito tem apresentado resultados positivos, assim como em milho, feijão e trigo“, enumera o profissional.
A ação acontece em todo o âmbito de desenvolvimento da planta, mas principalmente no controle de doenças causadas por fungos e bactérias. “Na Europa já se utilizam indutores de defesa derivados de algas, que inclusive são aplicadoscontra bactérias e vírus. As estrobirulinas também são excelentes indutoras de defesa contra patógenos“, conclui Elmar Floss.