22.6 C
Uberlândia
domingo, outubro 6, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasManejo biológico: Eficiência contra o psilídeo-de-concha

Manejo biológico: Eficiência contra o psilídeo-de-concha

Autores

Flavia Galvan TedescoEngenheira florestal e doutoranda em Proteção de Plantas – UNESP/FCA flaviagtedesco@gmail.com

Jéssica Emiliane Rodrigues Gorrigorrijer@gmail.com

Roque de Carvalho Diasroquediasagro@gmail.com

Engenheiros agrônomos e doutorandos em Proteção de Plantas – UNESP/FCA

Diego Arcanjo do NascimentoEngenheiro florestal e doutorando em Ciência Florestal – UNESP/FCA diegoacj22@gmail.com

Folhas de Eucalipto _ Créditos: Dalva Luiz de Queiroz

O psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Aphalaridae) é de origem australiana, e foi relatado pela primeira vez no Brasil em 2003, no Estado de São Paulo. Trata-se de um inseto sugador, que causa grandes prejuízos à cultura do eucalipto, como desfolha, fumagina e seca dos ponteiros.

Ainda hoje o psilídeo-de-concha é considerado uma das principais pragas exóticas do eucalipto no País. Os adultos têm coloração variada entre cinza-alaranjada e amarelo-esverdeada. As ninfas possuem coloração amarelada e ficam protegidas por uma concha branca, que justifica o nome popular de psilídeo-de-concha.

Manejo

O controle biológico com Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) para controle do psilídeo-de-concha é adotado em muitos países onde existe a presença da praga. A presença deste parasitoide primário foi detectada no País logo após a identificação da praga.

Estudos realizados em 2007 afirmam que com liberações frequentes do parasitoide em áreas infestadas por psilídeo-de-concha, a porcentagem de parasitismo pode aumentar, principalmente em meses com temperaturas mais amenas, conseguindo porcentagens de parasitismo de 73 e 79% em temperaturas de 22,73 e 26,16°C, respectivamente.

Prejuízos

Os psilídeos possuem preferência por folhas novas e brotação ao se alimentarem, os quais sugam a seiva dessas estruturas. Altas infestações deste inseto podem ocasionar redução da área foliar, com consequente diminuição na atividade fotossintética das plantas, afetando o desenvolvimento e a produção.

Esta espécie caracteriza-se, ainda, pelo descoloramento das folhas e típico secamento dos ponteiros.

Além dos danos diretos causados pelo psilídeo, as plantas tornam-se suscetíveis a outros fatores, como: estresses nutricionais, doenças e ataque de pragas secundárias, sendo que os excrementos liberados pelo psilídeo, “honeydew”, podem atrair fungos saprófitas que também irão comprometer a produção de fotossíntese da planta.

De acordo com alguns estudos, em espécies consideradas suscetíveis ao ataque de psilídeos, altas infestações podem levar à morte das plantas. Estima-se que pode chegar a 15% de mortalidade de plantas no primeiro ano e até 40% no segundo ano, se não adotadas medidas prévias de controle.

Manejo adequado

[rml_read_more]

O manejo adequado para se evitar problemas com o psilídeo-de-concha em plantios de eucalipto se dá pela realização de um monitoramento adequado. No Brasil, todas as empresas florestais utilizam um sistema de monitoramento para pragas, e o psilídeo-de-concha é uma delas. Cada empresa adota seu próprio sistema de monitoramento, mas o princípio de todas é basicamente o mesmo, com a utilização de armadilhas adesivas amarelas.

Estas armadilhas possuem dimensões de 10 × 12 cm, as quais são instaladas a 1,5 m do solo entre árvores. Uma armadilha é utilizada para cada 200 ha (variando de acordo com cada empresa), sendo que estas permanecem no campo cerca de 30 dias. Após, são retiradas, plastificadas e enviadas para análise, onde serão realizadas contagens tanto do inseto-praga quanto do seu inimigo natural.

Técnicas e produtos inovadores

No Brasil, diferentes formas de manejo podem ser adotadas para o controle do psilídeo-de-concha, dentre eles o controle químico e controle biológico com Psyllaephagus bliteus, fungos entomopatogênicos, ou ainda com a utilização percevejos predadores.

Controle químico

De acordo com o Ministério da Agricultura, no Brasil existem três inseticidas químicos liberados para o controle de psilídeo-de-concha, sendo um neonicotinoide, um éter difenílico e um neonicotinoide + piretroide.

Inseticidas de contato não são utilizados para controle deste inseto, pois, devido à concha que formam para sua proteção, os produtos só terão efeito sobre ninfas que estiverem fora da concha e adultos.

Como o Brasil apresenta grandes maciços florestais de eucalipto, o controle químico do psilídeo-de-concha se torna quase que impraticável devido ao seu alto custo, baixa eficiência e também vai contra as certificações florestais.

Controle biológico

A utilização do controle biológico clássico tem sido a forma mais empregada em todo o mundo para o controle do psilídeo-de-concha, este realizado por meio do parasitoide de ninfas Psyllaephagus bliteus. Trata-se de um inseto muito pequeno, de coloração verde metálica, em que as fêmeas geralmente são maiores que os machos, sendo estes identificados por suas antenas com 10 segmentos de coloração amarelada e as fêmeas por 12 segmentos de coloração marrom.

Este inseto promove o controle de psilídeo-de-concha na fase ninfal, ovipositando de um a quatro ovos por ninfa entre o tórax e o abdômen. As ninfas de psilídeo parasitadas podem estar em segundo, terceiro ou quarto instar, mas o desenvolvimento do parasitoide irá ocorrer apenas quando o hospedeiro atingir o quarto ou quinto instar.

O percevejo predador Atopozelus opsimus (Hemiptera: Reduviidae) também é visto como uma das formas de controle biológico do psilídeo-de-concha, pois consegue predar tanto ninfas quanto adultos do psilídeo. Para se alimentar da fase ninfal, o percevejo utiliza seu rostro como alavanca para retirar a concha e poder inserir seu estilete na ninfa.

A média da alimentação deste percevejo é de 7,0 adultos e 6,0 ninfas, em um consumo médio de 13 indivíduos entre ninfas e adultos. Alguns estudos com controle microbiano a partir de fungos entomopatogênicos também estão sendo realizados para o controle do psilídeo-de-concha, sendo estes previamente testados em laboratório, os fungos que apresentaram melhores resultados no controle foram Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae.

Direto ao ponto

Os erros mais frequentes, quando se trata de controle de psilídeo-de-concha são:

” Não realizar monitoramento;

” Aplicação de inseticidas de contato;

” Aplicação de químicos em épocas chuvosas;

” Aplicação de fungos entomopatogênicos em épocas secas;

” Liberação de parasitoides quando ainda se tem apenas adultos do psilídeo em campo.

Como evitar

Determinações rápidas e precisas dos níveis populacionais do inseto-praga são necessárias e fundamentais. Quando não efetuado corretamente e com a frequência adequada, podem existir riscos na tomada de decisão, a qual pode ser interpretada erroneamente, aplicando-se de forma equivocada ou até mesmo dispensando-a em um momento necessário. Para se determinar o momento correto, a forma ideal é monitorar a área, usando níveis de limiar econômico para a tomada de decisão.

O plantio de espécies resistentes ao ataque de psilídeo-de-concha também pode ser uma alternativa. A resistência de plantas hoje vem se destacando e ganhando espaço quando se trata de espécies resistentes e um determinado inseto-praga. A resistência busca espécies que sejam resistentes ou tolerantes a estes insetos, fazendo com que os danos não sejam tão sentidos pelo indivíduo e que este não seja prejudicado em crescimento e incremento.

Custos envolvidos

Estimativas para combater Estimativas para prevenir/monitorar
1) Controle químico: Grupo químico dos inseticidas sintéticos registrados para a praga: – Neonicotinoides + Piretroide – Neonicotinoide –  Éter Difenílico   Realizar aplicação no início do desenvolvimento e surgimento da praga na cultura. Realizar no máximo 3 aplicações caso seja necessário. Volume de calda para aplicação: 10 a 30 L/ha, dependendo da tecnologia de aplicação empregada.   *Custo de controle = em torno de R$ 85,00/ha.   2) Controle biológico Fungos entomopatogênicos   Beauveria bassiana (produto comercial) 4Kg/ha + 6 Kg/ha de talco (5,0 x 108 conídios/g) (Via polvilhamento)   Aplicações com intervalo de 30 dias, de uma a três aplicações. Aplicar no início da infestação.   *Custo de controle = em torno de R$ 400/ha 1) Armadilha adesiva amarela: Caixa comercial com sete plaquetas (10 x 7,5cm):     – 1 armadilha/200 ha     – Estimativa de monitor e colaborador de campo (severidade, distribuição, presença ou não da praga)   Avaliações e monitoramentos são realizados a cada 30 dias.     *Custo de controle = em torno de R$ 8,02/ha  
ARTIGOS RELACIONADOS

Controle Biológico – É da nossa natureza!

Há nove anos a Ballagro participa da Hortitec, a feira mais importante do setor de hortifruticultura. “Nela sempre podemos realizar uma ótima exposição e...

Meio ambiente, produtividade e fertilizantes

Autores Valter Casarin Engenheiro agrônomo e diretor científico da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV) Amanda Borghetti Acadêmica de Engenharia Agronômica - ESALQ/USP Levantamento...

Simbiose – Inovação em controle biológico

Esse foi o segundo ano que a Simbiose participou da Fenicafé, a principal feira da cafeicultura na região do Cerrado. “Para nós, é um...

Cochonilhas farinhentas – Novos problemas no cafeeiro

Rogério Novais Teixeira Chefia de Transferência de Tecnologia da Embrapa - Café cafe.observatorio@embrapa.br A cochonilha é o nome vulgar dos insetos da família Pseudococcidae que apareceram em...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!