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Manejo de doenças da lichia

Crédito Paulo Katsuo Tsuge

Elisamara Caldeira do Nascimento
Pós-doutoranda – PPG Agricultura Tropical – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
elisamara.caldeira@gmail.com
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor de Fruticultura – UFMT
glauciogenuncio@gmail.com

O consumo e a produção de lichia estão crescendo nos últimos anos. Apesar de cultivada no País desde a década de 70, a lichia pode ser considerada uma fruta exótica para os brasileiros, devido à limitada produção nacional, oriunda de pequenas áreas, além de apresentar pouca divulgação científica. A cultura da lichia constitui-se em uma alternativa econômica, devido à alta produtividade.

Características

Os frutos amadurecem de três a cinco meses após o florescimento. Uma vez que a lichia não amadurece após a colheita, por ser não climatérica, os frutos devem ser colhidos quando apresentam aparência e qualidade para o consumo ótimos.

A lichia é uma fruta de origem asiática, de casca dura e vermelha, com a polpa macia e doce. A plantação vai bem no Brasil, principalmente na região sudeste.

Fitossanidade

Para o mercado externo, a qualidade do produto deve atender padrões fitossanitários e o uso de defensivos deve seguir normas internacionais. As frutas apresentam problemas tais como ataque de doenças e pragas, a fragilidade dos frutos à colheita, rápida desidratação e escurecimento.

O escurecimento do pericarpo, causado pela desidratação da lichia, aliado a doenças pós-colheita, a maior parte causada por fungos patogênicos, são os principais fatores que comprometem a comercialização e a qualidade dos frutos.

Em sua região de origem, as lichieiras são infestadas por vários grupos de insetos, atacando flores, frutos, folhas e ramos. Atualmente, o ácaro Aceria litchii (Keifer) (Eriophyidae), conhecido como ácaro-da-erinose-da-lichia, é uma das principais pragas da cultura de lichia. O ácaro-da-erinose tem se espalhado rapidamente pelas áreas produtoras e comprometido pomares de lichia sem manejo adequado.

O ácaro se instala nas folhas mais novas, e para se alimentar vai raspando a folha. Ele tem associação com um tipo de alga, que aproveita a raspagem da epiderme da folha para se multiplicar, causando o sintoma de veludo.

A relação entre o ácaro e a alga é simbiótica – um ajuda o outro, o que dificulta o controle do ácaro. Além das folhas, o fruto também é atacado.

Controle

A primeira recomendação de controle é a poda de eliminação dos ramos infestados. Deve-se retirar o ramo da área e o queimá-lo, evitando sua proliferação. Não existe nenhum produto registrado para controle de ácaro em lichia, embora existam acaricidas eficientes para a praga.

Recomenda-se, portanto, a aplicação de calda sulfocálcica após a retirada dos ramos e logo após o início das brotações, em intervalos de 15 dias até a floração. Ela pode ser utilizada em pomares convencionais e orgânicos. A solução é preparada usando dois litros de água para 40 ml de calda sulfocálcica, que pode ser encontrada pronta em lojas especializadas.

Outro grande problema enfrentado na cultura da lichia é a incidência de podridões, destacando-se a antracnose. Atualmente, não existem fungicidas registrados para o uso em pós-colheita e é crescente a procura dos consumidores por produtos livres de resíduos.

A antracnose é uma doença fúngica, caracterizada por lesões de coloração escura, que no centro apresentam a cor rósea, devido à esporulação do fungo. Pode incidir nas folhas e frutos. As lesões provocam a morte do tecido. Plantas estressadas podem apresentar uma suscetibilidade maior à incidência desta doença.

Doenças em pós-colheita

As doenças pós-colheita podem ser divididas em duas categorias: as típicas, ocasionadas por patógenos que infectam os frutos após a colheita, frequentemente por meio de ferimentos; e as quiescentes, ocasionadas por patógenos que infectam a fruta antes da colheita, mesmo na ausência de ferimentos, permanecendo latentes até a maturação.

O principal patógeno que causa podridão pós-colheita em lichia é o Colletotrichum gloeosporioides, pertencente à categoria de doenças quiescentes, embora patógeno pós-colheita.

Estratégias

As pragas devem ser controladas principalmente com defensivos agrícolas sintetizados. Para evitar o problema de resíduos nos frutos, existe uma tendência pelo uso de métodos biológicos para o controle das pragas, como a cobertura do solo, a inoculação de parasitoides, a biodiversidade da vegetação e a utilização de inimigos naturais.

As doenças da lichia durante a floração e frutificação são geralmente controladas com fungicidas, que muitas vezes são aplicados nos demais estádios de desenvolvimento.

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