Autores
Leticia Rodrigues de Oliveira – leticiaoliveira.agro@gmail.com
Antônio Gabriel Feliciano Santos – antoniogabriel219@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO)
Adilson Pimentel Junior – Engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia e professor – UNIFIO – adilson_pimentel@outlook.com
Aline Mendes de Sousa Gouveia – Engenheira agrônoma, doutora e professora – UNIFIO – alinemendesgouveia@gmail.com

A couve-manteiga (Brassica oleracea L. acephala) traz um bom retorno econômico ao produtor rural e até mesmo para aqueles que têm pouca experiência com plantios, pois pode ser cultivada em hortas caseiras ou vasos/jardineiras, pela fácil condução e manejo, assim como baixo custo para a instalação.
Detalhes do manejo
A couve de folha pode ser propagada por sementes ou por mudas, dependendo da cultivar. Um dos métodos preferidos pelos agricultores é a propagação vegetativa, com a formação de mudas a partir de brotos que surgem nas axilas das folhas, na maioria das cultivares. As couves híbridas não produzem brotos, sendo a propagação desta feita via sementes.
Para implantação da cultura, recomendam-se canteiros com 20 a 30 cm de altura e solos descompactados, para o bom desenvolvimento radicular. Este solo deve possuir boa drenagem, de modo que não haja encharcamento.
O espaçamento recomendado em plantios comerciais de couve é de 80 a 100 cm entrelinhas por 50 a 70 cm entre plantas. Apesar de haver preferência de alguns produtores para o cultivo em linhas simples, em algumas regiões podemos encontrar o sistema de cultivo em linhas duplas, com espaçamento de 80 a 100 cm entrelinhas duplas e 40 a 50 cm entrelinhas simples.
Com relação à nutrição mineral, calagem e adubação, é de extrema importância ter em mãos a análise de solo, e de acordo com seu resultado fazer o manejo adequado. Caso haja a necessidade de correções, recomenda-se fazer antes do plantio a incorporação de calcário (30 a 90 dias), elevando a saturação por bases para 80%, o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc dm-3, e ajustando o pH na faixa de 5,5 a 6.
Para a adubação de plantio recomendam-se adubos orgânicos como 2,0 a 4,0 kg de esterco bovino por m² ou 1 kg por m² de esterco de galinha ou cama de frango, todos bem curtidos, 30 dias antes do plantio.
Para a adubação de cobertura, de acordo com resultados da análise de solo, recomendam-se de 20 a 40 kg ha-1 de N, 5 a 10 kg ha-1 de P2O5 e 10 a 20 kg ha-1 de K2O, porém, parcelar a dose do fertilizante a cada 15 ou 20 dias.
Critérios para um plantio de sucesso
O produtor deve estar sempre atento às condições climáticas e necessidade hídrica da cultura. A falta de água (déficit hídrico) provoca o murchamento das plantas e, juntamente com a insolação, podem acarretar queimaduras nas folhas e nos brotos, causando sua morte. Por outro lado, o excesso de umidade pode causar podridão das raízes e favorecer a incidência de doenças.
Em relação à irrigação da cultura, deve-se levar em consideração fatores como: período de cultivo no ano, ciclo da cultura, tipo de solo, declividade do terreno, capacidade de drenagem e/ou retenção de água e insolação diária.
É necessário realizar periodicamente o monitoramento da cultura a fim de identificar ataque de insetos-praga e a presença de doenças. Para o controle, deve-se utilizar produtos registrados para a cultura, dando muita atenção ao período de carência. Da mesma forma, o controle químico pode ser usado a fim de eliminar plantas daninhas, porém, o mais usual e econômico é a catação manual ou com o uso de ferramentas.
Vem crescendo a área plantada com couve sob cultivo protegido, com maior adensamento entre plantas e a utilização de materiais híbridos. Dessa forma, é realizada a rotação com hortaliças de outras espécies, como pepino, pimentão ou tomate, para evitar ou diminuir a incidência da traça-das-crucíferas, praga que pode causar prejuízos consideráveis para a couve, quando cultivada nestas condições.
Colheita
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O ciclo da cultura varia entre seis a oito meses, tendo como produtividade de 3,0 a 5,0 kg de folhas por planta durante todo o ciclo. A primeira colheita da couve começa por volta de dois a três meses após o transplante das mudas.
De acordo com o manejo adotado, poderá encurtar ou prolongar o ciclo da cultura. Se o produtor retardar um pouco a primeira colheita, o sistema radicular e foliar da cultura se desenvolverá bem, possibilitando escalonar as colheitas futuras por mais tempo.
Esse escalonamento da colheita é feito a cada sete a 10 dias na mesma planta, retirando as folhas maiores que já estão no padrão de comercialização. É necessária a retirada dos ramos ladrões que brotam nas axilas das folhas (estes ramos podem ser usados para produzir mudas).
A produtividade varia de acordo com a propagação, mas as couves produzem entre 4,0 e 5,0 kg de folhas por planta anualmente, cerca de 125 mil maços de 400 gramas por hectare em áreas comerciais.
Comercialização
A comercialização da couve-manteiga poderá ser feita na forma de maços com 400 gramas ou no sistema semi-processado, onde as folhas são picadas, higienizadas e acondicionadas em bandejas de polipropileno expandido envoltas por filme PVC ou em sacos plásticos de polipropileno (PP) ou poliestireno de baixa densidade (PEBD), o que agrega maior valor ao produto.
Custo
O custo de produção da couve, em 2018, foi de aproximadamente R$ 24.900,00 por hectare. Consideramos espaçamento em fileiras duplas de 1,2 m x 0,5 m x 0,5 m, totalizando 23.000 plantas por hectare e rendimento de colheita com 1.200 maços por dia/homem.
A maior participação neste custo é representada pela mão de obra, com 27,5% do total. O custo dos insumos agrícolas representou o segundo maior valor, com 23,3% do montante total, sendo um exemplo o custo com sementes que varia de R$ 19, o equivalente a 10 gramas de uma variedade, com cerca de 3 mil unidades, a R$ 25 o milheiro de um híbrido.
O preparo do solo e os tratos culturais, como a irrigação, compõem o terceiro grupo mais importante do custo de produção da couve, com 20% do total. Finalmente, o custo com a formação de mudas e de oportunidade complementam o total dos custos de produção com 29,2%. Custo de comercialização unitária do maço: R$ 0,20.
Rentabilidade
Será boa a rentabilidade no cultivo de couve-manteiga, se empregadas as boas técnicas de manejo e em seu pré-processamento, tanto na comercialização na forma de maços como picada e embalada.
Verifica-se que a melhor maneira de comercialização das folhas é picada e embalada. Claro que é mais trabalhoso e exigente de boas práticas de higienização, contudo, a venda de um saco de 250 gramas no varejo é de R$ 2,50. O retorno será compatível com as técnicas de manejo e investimentos realizados, o que reflete no volume de colheita e sua periodicidade.