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Manejo do boro no feijão

Fábio Olivieri de Nobile Professor titular do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)fabio.nobile@unifeb.edu.br

Maria Gabriela Anunciação Engenheira agrônoma – UNIFEB

Feijão – Crédito: Embrapa Arroz e Feijão

Os solos agricultados, em função de cultivos intensivos, precisam ser suplementados regularmente com macro e micronutrientes, que devem ser aplicados levando em consideração a disponibilidade do solo e a necessidade das plantas.

Nesse aspecto, é importante ressaltar que os nutrientes devem ser disponibilizados para as plantas no melhor momento para evitar que estes sejam perdidos por processos como a erosão e a lixiviação.

O feijão

O feijoeiro é de grande importância no Brasil, uma vez que constitui a alimentação básica do brasileiro. É uma planta cultivada o ano todo, em diversos sistemas, com e sem regime de irrigação.

Os principais Estados produtores são Paraná, Minas Gerais e Bahia, no entanto, no sudoeste goiano o feijão de terceira safra ou de inverno também é largamente cultivado em pivô.

Nutrição das plantas

É senso comum que a quantidade de fertilizante aplicada é inerente à disponibilidade do mesmo no solo. Considerando que os solos intemperizados possuem carência de boro, é natural que precisamos repor durante o ciclo da cultura, visto que o boro é um micronutriente propulsor de produtividade no feijão.

Se levarmos em consideração sua função, de maneira teórica, temos que o boro faz parte da formação de tecidos, da constituição da membrana plasmática, da divisão celular e participa do transporte de açúcares na planta.

Sem suprimento adequado de boro a planta não consegue ter pegamento de florada eficiente e, tampouco, granação atrativa. Isso se dá pelo fato de que o boro atua na germinação do grão de pólen e na formação do tubo polínico.

A aplicação

No solo, a maior fonte de boro é a matéria orgânica, mas se pensarmos em solos com baixo teor de matéria orgânica e arenosos, a carência se agrava, sendo necessário um manejo eficiente, capaz de fornecer à planta ao menos a quantidade mínima.

O feijão é uma cultura extremamente responsiva à adubação com boro, podendo esta ser feita via solo ou com adubações foliares.

A aplicação de boro via solo, logo no início do plantio, junto a enraizadores sintéticos, tem sido um tipo de manejo adotado para garantir o enraizamento inicial da cultura, melhorando a exploração rizosférica e promovendo maior alcance de água e nutrientes.

Outro manejo é a aplicação de boro na dessecação da área no pré-plantio. A prática já é consolidada na cultura da soja e vem apresentando resultados favoráveis para a cultura do feijão.

O manejo foliar é responsivo nas fases de pré-florada e início da formação de vagens (abotoamento e canivete). O ideal é que seja feita mais de uma aplicação, pois vale lembrar que o boro é um nutriente pouco móvel nas plantas, ou seja, o nutriente não vai se mover de uma família para outra.

Fontes de boro

O boro complexado com polióis tem sido utilizado para melhorar a translocação deste nutriente. Esses produtos ganharam espaço no mercado aproximadamente há cinco anos atrás e hoje uma série de empresas o adotaram no portifólio, pois a demanda é alta, especialmente para culturas como a soja e até mesmo o café.

No mercado, vamos encontrar fontes de boro sólidas, como o usual ácido bórico e o octaborato de sódio, e fontes líquidas. Normalmente, as fontes sólidas são menos onerosas, no entanto, são menos concentradas e possuem alguns problemas inerentes à solubilidade.

 Vale ressaltar que essas fontes serviram durante muitos anos e ainda hoje servem, mas os fertilizantes de formulação líquidas são mais fáceis de tratar, logisticamente falando. Dependendo da necessidade, podem ser aplicados até 4,0 kg.ha-1 de ácido bórico, enquanto que o fertilizante com formulação líquida, por ser mais concentrado, dificilmente passa de 2,0 L.

Fique atento

Especialmente falando do manejo de fertilizante na formulação líquida, é importante ressaltar que, em caso de dessecação, deve-se observar a formulação do fertilizante. Fontes que contêm monoetanolamina podem causar o aumento do pH, de maneira a diminuir o efeito dos herbicidas utilizados.

É um detalhe que pode causar prejuízos ao produtor, portanto, adquira-o de empresas idôneas, com formulação funcional e equipe comercial que possa oferecer informações assertivas e de qualidade sobre a aplicação no feijoeiro.

A aplicação de qualquer nutriente deve ser baseada nas análises de solo, portanto, é difícil especificar uma quantidade pré-determinada, no entanto, além da análise há outros fatores que devem ser levados em consideração, como a textura do solo, o nível tecnológico do produtor, se a área é sequeira ou irrigada e a produtividade esperada.

Opinião

Em algumas observações pessoais, especialmente nas regiões do sudoeste goiano, o feijão irrigado apresenta melhores níveis de desenvolvimento radicular quando é aplicado boro no desenvolvimento inicial. Alguns produtores fazem a aplicação de boro via pulverizador no sulco de plantio juntamente a microrganismos enraizadores e fixadores de nitrogênio.

Nessas áreas, nota-se que a ação conjunta desses insumos pode melhorar a exploração radicular e, dessa maneira, a planta consegue explorar níveis melhores de solo e, consequentemente, ter um melhor aporte nutritivo.

Outra observação, fruto de um erro experimental no nordeste paulista, está correlacionada à disponibilidade de boro e ao pegamento de florada. Nesse caso, as plantas de feijão sofreram estresse hídrico e, por consequência, tiveram florescimento precoce antes do desenvolvimento vegetativo adequado, ainda mais por se tratar de uma cultivar indeterminada. Naturalmente, neste caso a maior parte das flores foram abortadas, pois a planta ainda não estava apta para aportar o desenvolvimento reprodutivo de maneira eficiente.

No entanto, as plantas com aplicação de boro conseguiram manter mais flores do que aquelas que não tiveram aplicação.

Produtividade

A produtividade é consequência de uma série de fatores, que começa desde o planejamento do produtor, ao escolher o material genético que irá utilizar, até a colheita no momento certo para garantir rendimento.

Dentre esses fatores, a nutrição é um dos pilares que sustenta aquilo que chamamos de externar o potencial máximo produtivo, visto que plantas com índices de nutrientes abaixo do mínimo requisitado para a cultura podem ter uma série de distúrbios fisiológicos e sanitários.

Dessa forma, é importante que a análise de solo seja feita e que, de acordo com a necessidade da cultura, os nutrientes, macro e micro, sejam supridos. A escolha da fonte pode se dar conforme a tecnologia que o produtor dispõe, mas é importante se atentar ao tempo, de forma a não perder o momento ideal da cultura.

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