Mário Calvino Palombini – Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural – vermelhonatural@hotmail.com
O morangueiro é uma cultura que produz morango sob temperaturas baixas, sendo o ideal temperaturas noturnas e diurnas entre 16 a 27°C, podendo produzir adequadamente frutos com temperaturas de até 30°C. Acima de 32°C ocorre a destruição dos primórdios florais (flores imaturas dentro das gemas).
Portanto, é fundamental respeitar os limites de temperatura da cultura e adotar técnicas que reduzam os impactos de altas temperaturas.
A primeira questão a determinar é a época do ano que apresenta temperaturas mais próximas do ideal. Normalmente, em regiões quentes essas temperaturas ocorrem no inverno, podendo ser amenizadas por microclimas específicos.
Quando a produção é voltada para o período de inverno, deve-se analisar a possibilidade de utilizar variedades de dias curtos (que sofrem a influência do comprimento do dia). Estas variedades podem concentrar a produção num período curto de tempo, aumentando a produtividade.
Dentre as variedades de dias curtos, é fundamental escolher aquela que melhor se adapta ao clima específico da região.
Indicativos
A região de produção da muda influencia na produtividade. Existem indicativos de que mudas provenientes de regiões frias e de altitude mostram melhores resultados, pois já possuem um potencial produtivo originado do viveiro. Ao serem transplantadas para regiões mais quentes, aumenta o potencial produtivo, principalmente na fase inicial.
O tipo de muda também influencia o potencial produtivo. Mudas frescas (sem passar por câmara fria) e do tipo tray plants (mudas maduras em substrato de 200 ml) já estão aptas a produzir logo após o plantio, potencializando a capacidade produtiva inicial.
Soluções
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Para adotar estratégias de redução de temperatura, é importante identificar o fator que gera as altas temperaturas, por exemplo, no caso de regiões de altitude, a intensidade de radiação solar é o principal fator, no caso de uma região de maior latitude, o comprimento do dia é o fator predominante.
Em ambos os casos, a ventilação é importante. Estufas de menor porte, com menor superfície ininterrupta de plástico de cobertura e com maior ventilação evitam o aumento da temperatura. No caso da alta intensidade de radiação solar, reduzir a radiação solar por meio de um maior sombreamento é uma medida recomendada.
A utilização de plásticos seletivos à radiação solar e/ou sombrite ajuda a reduzir a temperatura, mas estes processos devem ser feitos com a utilização de equipamentos de medição de radiação PAR (fotossíntese radiação ativa).
A cultura do morango necessita de, no mínimo, seis horas diárias de luz, considerando uma margem de segurança de 8 horas de radiação PAR acima de 200 umol/m2/s. Não é recomendado que as medidas de sombreamento reduzam a intensidade de radiação PAR abaixo de 800 umol/m2/s.
No caso de regiões de maior latitude, nas questões de sombreamento, terá maior peso de importância o tempo de radiação diária do que a intensidade de radiação. Estas medidas devem ser complementadas com outras estratégias de redução de temperaturas.
A escolha de microclimas, como a proximidade de matos, que possuem naturalmente temperaturas menores e a utilização de ventiladores com umidificadores, podem representar um aumento no custo de produção e deve ser feita com uma avaliação da viabilidade econômica para sua utilização.
A utilização do sistema fora de solo pode ter influência no controle da temperatura. Como a radiação solar esquenta o solo e o solo esquenta o ar, o afastamento da produção do nível do solo e a cobertura vegetal diminuem a temperatura.
Por fim, mesmo adotando medidas de redução da temperatura, nem toda região é adequada para produção de morango, devendo-se fazer uma avaliação criteriosa da viabilidade técnica, avaliando se o projeto é viável na região proposta.