Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia – UFRRJ
Rafael Campagnol
Professor de Olericultura – UFMT
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura – UFMT
Os fertilizantes organominerais são adubos orgânicos enriquecidos com nutrientes minerais. Nessa composição, a parte orgânica pode ser obtida a partir de fontes diversas, como dejetos processados de suÃnos e aves, este último mais conhecido como cama de frango, ou pelo uso da turfa, que consiste em um material rico em nutrientes, principalmente carbono.
Este material é muito comum na Europa (turfa loira) e caracteriza-se por ser extraÃdo de solos com alta umidade. Atualmente, diversas outras fontes de resíduos orgânicos vêm sendo pesquisadas e testadas em campo.
Já os minerais são fabricados industrialmente e acrescentados à matéria-prima orgânica. De acordo com a Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009, os fertilizantes organominerais, na sua forma de produto acabado, devem passar por um controle de laboratório para se determinar a composição química, confirmando-se seus parâmetros para que estejam dentro das especificações exigidas por lei que devem ser garantidas ao produtor.
EquilÃbrio nutricional
A matéria orgânica (MO) contida no fertilizante organomineral é um melhorador ou condicionador do solo, pois influencia direta e indiretamente em suas propriedades. A matéria orgânica do solo (MOS) eleva a capacidade de retenção de água; promove a redução da densidade aparente do solo e o aumento da porosidade total do solo; forma agregados capazes de reduzir a erosão e aumenta a capacidade de absorção do solo; além de aumentar a capacidade de troca catiônica, pela ação de micelas húmicas coloidais e com atividade superior às argilas.
Ação no solo
Para a MO agir como condicionador do solo, a mesma deve ser aplicada ao solo em grandes doses e dosagens. Por outro lado, como componente do fertilizante organomineral sua quantidade é relativamente pequena e, somente em longo prazo, com o emprego continuado desse adubo (Dosagens) é que se poderá constatar o efeito condicionante.
Todavia, a matéria orgânica presente neste adubo é um condicionador químico imediato dos fertilizantes que entram em sua composição. Ela permite a obtenção de misturas que normalmente não seriam recomendáveis devido à incompatibilidade física dos adubos que a compõem. No solo, a fração orgânica do fertilizante organomineral age condicionando os fertilizantes minerais que entram em sua composição.
Outra vantagem é o poder quelante que o húmus possui. Ele pode reter elementos metálicos, principalmente os micronutrientes ferro, cobre, zinco e manganês, sendo estes fundamentais para o maracujá. Nesta forma aprisionada, esses micronutrientes não são levados pela água da chuva, ficando mais disponível às raízes do maracujazeiro.
Papel
Desta forma, pode-se considerar que o papel mais importante realizado pela matéria orgânica é a de formar quelatos, garantindo as necessidades nutricionais em micronutrientes para o maracujá.
O papel do quelato é tão importante que hoje são fabricados sinteticamente formulações contendo micronutrientes, sendo largamente usados nas formulações de adubos foliares, como por exemplo, a adubação com Mn e B para melhoria das características organolépticas dos frutos do maracujá.
Produtividade do maracujá
Quando se pensa em aumento de produtividade pelo uso de organominerais, deve-se ressaltar que a maioria dos solos brasileiros tem reação ácida (baixo pH) e baixo teor de matéria orgânica. Para se corrigir o pH, neutralizando o elevado teor de alumÃnio do solo, recomenda-se fazer uma calagem cerca de 30 a 60 dias antes do plantio.
A calagem fornecerá aos solos melhores condições para a rápida multiplicação dos microrganismos, com incremento posterior da matéria orgânica do fertilizante organomineral. Esta se destaca por fornecer cálcio e magnésio e eleva a saturação em bases do solo (valor V%). Ressalta-se que, para a cultura do maracujá, uma elevada saturação de base é necessária, com valores entre 60 a 70%.
Visando aumentar a produtividade do maracujazeiro, é recomendável que se faça primeiramente a calagem e, após, recomenda-se a aplicação do fertilizante organomineral.
Desta forma, os nutrientes oriundos tanto da calagem como do fertilizante serão mais bem aproveitados pelas raízes. Ressalta-se ainda que solos ácidos e com baixa saturação em bases existe um bloqueio na absorção dos nutrientes colocados à disposição das plantas, caso não se adotem tais medidas agronômicas.
Manejo
De maneira geral, os nutrientes contidos no adubo organomineral aproveitam eficiência, no primeiro ano da implantação do maracujazeiro, nas seguintes proporções: nitrogênio 70%; fósforo de 5,0 a 30% e potássio 50%.
Os nutrientes NPK do fertilizante orgânico são disponibilizados às raízes em cerca de 50% no primeiro ano e em 25% no segundo ano de cultivo, coincidindo com a fase produtiva do maracujá. Por outro lado, a mistura de fertilizante orgânico, de disponibilidade controlada, garante um maior efeito residual dos nutrientes no segundo ano para a cultura; razão pela qual a associação de ambos tem se mostrado de elevado valor agronômico para as culturas de alto valor agregado, que é o caso do maracujazeiro.
A adoção deste manejo nutricional se torna ainda mais importante quando tratamos de culturas perenes, como é o caso do maracujá. O primeiro ano de frutÃferas, em geral, é para desenvolvimento vegetativo e a partir do segundo ano, na fase reprodutiva, esta cultura se beneficiaria do poder residual dos fertilizantes organominerais, sem necessidade de uma nova adubação.
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