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Manejo eficiente contra a alternária

Dione Eliomar Resende Junior

Engenheiro agrônomo da Sekita Agronegócios

 

Crédito Junior Lopes
Crédito Junior Lopes

Em folhas, os sintomas da alternária se expressam por meio de lesões foliares necróticas, circulares ou não, pardo-escuras, com característicos anéis concêntricos e bordos bem definidos. As lesões ocorrem isoladamente ou em grupos, podendo apresentar ou não halo clorótico.

Lesões em caules podem surgir em plantas adultas e caracterizam-se por serem marrom-escuras, alongadas, deprimidas, podendo ou não apresentar halos concêntricos. Em plantas jovens podem formar cancros no colo de plântulas, que culminam com o tombamento e morte destas.

A alta severidade do ataque desse fungo é caracterizada por intensa redução da área foliar, resultando em uma folha com aspecto de queimadura, queda do vigor das plantas, quebra de hastes, morte de plantas e consequente redução da produção e qualidade das raízes.

 O uso de cultivares resistentes é um dos métodos mais efetivos para o controle da alternária - Crédito Shutterstock
O uso de cultivares resistentes é um dos métodos mais efetivos para o controle da alternária – Crédito Shutterstock

Condições para o ataque

De maneira geral, esta é uma doença típica de primavera e verão, todavia, pode causar danos importantes em outonos e invernos atípicos. Os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais velhas e evoluem posteriormente para as partes mais novas da planta.

A doença costuma apresentar alto poder destrutivo em condições de altas temperaturas e umidade. A ocorrência de epidemias severas da doença está sempre associada a temperaturas diárias de 25 a 32º C.

A literatura cita que as temperaturas mínimas, ótimas e máximas necessárias para a germinação dos conídios são as de05º -07º, 25º- 27º e 30º – 32ºC, respectivamente.

A umidade, fator importante na germinação de conídios, pode ser conferida pela chuva, água de irrigação ou orvalho. A presença de água livre na superfície foliar é fundamental para a germinação, infecção e esporulação do fungo.

De maneira geral, os maiores índices de mancha de alternaria ocorrem em condições de 40% de umidade relativa durante o dia e 95% durante a noite. A esporulação abundante do fungo ocorre na faixa de 14 a 26ºC, com umidade relativa de 100% durante 24 horas.

Prevenção

Práticas que contribuem para a redução da umidade, período de molhamento foliar e maior circulação de ar entre plantas, tais como: evitar o plantio em áreas úmidas, distribuição uniforme de semente e eliminação de “pés de grade“, são estratégias que visam reduzir as condições favoráveis à A. dauci.

Sanidade, resistência e/ou tolerância a essa doença devem ser levados em consideração no momento da escolha das variedades a serem plantadas.

Realizar o manejo adequado de irrigações, com intervalos de aplicação e lâmina de água corretos, reduzem o período de molhamento foliar e contribuem para reduzir a severidade da doença. Também se recomenda realizar adubações nitrogenadas e potássicas com as folhas da cenoura secas, e assim evitar ferimentos, os quais podem se tornar porta de entrada para esta e outras doenças.

Além do cuidado na aplicação de adubos, também é necessário adotar um manejo equilibrado entre os nutrientes (N,P,K), dando atenção maior ao nitrogênio e levando em consideração a exigência nutricional de cada variedade.

É importante, também, a incorporação dos restos culturais logo após a colheita, para acelerar a decomposição do material doente, favorecendo a redução do potencial de inóculo na área.

A eliminação de plantas voluntárias, hospedeiros alternativos, restos culturais, bem como evitar novos plantios próximos a áreas em final de ciclo são medidas que visam diminuir as fontes de inóculo da doença e impedir a entrada da doença em novos cultivos.

Devido à capacidade deste fungo sobreviver em restos culturais, recomenda”se a prática de rotação de culturas por dois a três anos com gramíneas (Brachiariaruziziensis e milheto), leguminosas (Crotalária spectabilis e ochroleuca) ou cereais (aveia preta), para que haja queda natural na população dos patógenos.

Sintomas da alternária na folha da cenoura - Crédito Junior Lopes
Sintomas da alternária na folha da cenoura – Crédito Junior Lopes

Além dessas práticas culturais, também se recomenda aplicar fungicidas preventivos e protetores à base de cobre, mancozeb, metiram eclorotalonil, que apresentam largo espectro de ação, baixa fitotoxicidade e conferem bons níveis de controle sob baixa pressão de doença.

São produtos de custo relativamente baixo, que podem ser aplicados em caráter preventivo durante todo o ciclo da cultura. O período de proteção na planta varia de cinco a sete dias, em média, sendo recomendados intervalos de aplicação de sete dias.

Aliado a este manejo fúngico está a aplicação de produtos biológicos à base dos microrganismos Bacillussubtilis e Trichoderma.

Controle químico

A aplicação de fungicidas com ação sistêmica confere elevados níveis de controle, mesmo sob condições críticas. Fungicidas à base de cresosim-metílico + boscalida, piraclostrobina + metiram, tebuconazol, difenoconazol, famoxadona + mancozebe, iprodiona, procimidona eprocloraz apresentam, em geral, rápida absorção e estão menos sujeitos à ação de intempéries, apresentando sistemicidade diferenciada em função do grupo químico a que pertencem.

O período de proteção na planta varia de seis a 14 dias, em média, sendo recomendados intervalos de aplicação de 14 dias.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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