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Manejo em busca de altas produtividades no feijoeiro

Nilton Jaime, especialista em feijão
Crédito Leonardo Melo

Nilton Gomes Jaime
Engenheiro agrônomo, mestre em Fertilidade do Solo, proprietário e consultor da Cerrado Consultoria Agronômica
ngjconsultor@gmail.com

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão (Phaeseolus vulgaris L.). Segundo a primeira estimativa da safra 2021/22 divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB – a safra de feijão será um pouco maior.
Em relação à área plantada, o acréscimo deve ser de 0,3%, somando 2.946 milhões de hectares. A produtividade média esperada é de 1.009 kg/ha (+2,8%) e a produção estimada é de 2.973 milhões de toneladas (+3,1%).
É cultivado por pequenos e grandes produtores em todas as regiões do Brasil, mas tem nos estados do Paraná, Minas Gerais e Bahia os maiores produtores nacionais desse alimento, correspondendo a quase 50% da produção nacional.
De ciclo relativamente curto – 75 a 90 dias – é uma cultura exigente em nutrientes, água e manejo fitossanitário para completar satisfatoriamente seu ciclo e expressar ao máximo o seu potencial produtivo.
As cultivares de feijão atualmente disponíveis e plantadas no Brasil têm potencial genético para produzir mais de 6.000 kg.ha-1, conquanto que outros fatores, ditos ambientais – preparo adequado do solo, variedades, tratamento de sementes, inoculação e coinoculação, nutrição, irrigação, luminosidade, controle de ervas e manejo fitossanitário – favoreçam a cultura enquanto esta estiver no campo até o fechamento do seu ciclo.
No entanto, a produtividade média brasileira desta fabaceae é de um pouco mais de 1.000 kg.ha-1, o que acende a luz amarela e suscitam discussões e questionamentos do porquê nossas produtividades serem tão baixas diante de um potencial produtivo tão elevado.

Planejamento rumo ao sucesso

A lavoura de feijão é de alto custo, por demandar alta tecnologia na produção e ser de alto risco, por ser exigente em adubação, irrigação e manejo adequado. Portanto, o produtor, ao decidir-se pela implantação da lavoura, deve fazer um planejamento estratégico quanto à tecnologia adotada, a saber, preparo adequado do solo, uso de sementes fiscalizadas e bem aceitas pelo mercado, tratamento de sementes visando o controle de insetos-praga e doenças de solo, calibração dos equipamentos de irrigação, manejo fitossanitário rigoroso – ervas, doenças e insetos – e conta com uma boa assistência técnica.
A cultura do feijão demanda o acompanhamento de um profissional da agronomia que tenha experiência e que saiba orientar o produtor em todas as fases fenológicas. Esses pilares definem o sucesso da lavoura, uma vez que são fatores determinantes de produtividade e que são, muitas vezes, negligenciados pela maioria dos feijocultores.

Crédito Leonardo Melo

Semente ideal

A semente, do ponto de vista agronômico, é o órgão responsável pela perpetuação e disseminação das espécies vegetais. É pela semente de qualidade que se inicia uma lavoura de alto potencial produtivo e de alta rentabilidade ao agricultor.
Os aspectos que devem ser levados em conta no momento da escolha de uma semente de qualidade são:
i) Pureza genética – refere-se à constituição genética da semente, que irá expressar-se, posteriormente, no comportamento da planta no que se refere ao potencial produtivo, ciclo, hábito de crescimento, arquitetura da planta, resistência doenças e pragas, cor e brilho do tegumento da semente, entre outras.
ii) Pureza física – ausência de contaminação por matérias estranhas ou impurezas, tais como: partículas de solo, restos vegetais, pedras, sementes danificadas, sementes de plantas daninhas e sementes de outras espécies cultivadas.
iii) Qualidade fisiológica – é a capacidade da semente em gerar uma nova planta, perfeita e vigorosa, sob condições favoráveis. O poder germinativo e o vigor são as duas maneiras básicas para aferir a qualidade fisiológica da semente. Por meio do poder germinativo verifica-se o percentual de sementes germinadas ou a sua viabilidade. Já o vigor indica a habilidade da planta em resistir a estresses ambientais e a sua capacidade de manter-se viável durante o armazenamento.
iv) Sanidade – a semente de feijão pode carregar, interna ou externamente, uma grande quantidade de patógenos – fungos e bactérias. Os patógenos levados pelas sementes, além de influenciarem negativamente a emergência e o vigor das plântulas, constituem o inóculo primário que, em condições de ambiente favoráveis, podem originar graves epidemias, ocasionando drásticas reduções no rendimento. Torna-se imperativo, então, que o produtor adquira sementes certificadas, de empresas idôneas, e que estas venham acompanhadas de laudo de análise laboratorial atestando os parâmetros de sua viabilidade.

Qualidade

Existem, no Brasil, diversas sementeiras certificadas que, em parceria com a Embrapa e IAC, multiplicam sementes de várias cultivares de feijão desenvolvidas por estes centros de pesquisa.
Em razão dessas promissoras parcerias público-privadas, o mercado é abastecido com variedades mais produtivas, mais resistentes a doenças e insetos, à seca e ainda mais nutritivas. Concomitantemente a essas características, têm sido disponibilizadas também sementes para plantio de alta qualidade, com alto poder germinativo, alto vigor e livre de patógenos.
Não é concebível mais pensar em lavouras de feijão utilizando grãos no plantio ao invés de sementes certificadas.

O tratamento de sementes, seja industrial ou on-farm, é uma atividade muito importante no meio agrícola pelo fato de propiciar à semente proteção contra as principais pragas e doenças de solo e que podem afetar a sua germinação e viabilidade.
Para isso, existem ativos químicos específicos para esse fim, produtos que buscam garantir a sanidade da semente desde o embebimento de água pelo tegumento das sementes, passando pela germinação, enraizamento, até a definição do “estande” ideal de plantas, culminando em maior produtividade.
A escolha dos ativos que serão colocados nas sementes via tratamento deve seguir critérios técnicos levando em conta os alvos a serem atingidos. Poderão ser aplicados às sementes tanto fungicidas, inseticidas e promotores de crescimento radicular, visando a sanidade das sementes e plantas, bem como a rapidez na germinação, arranque e estabelecimento das plântulas.

Manejo nutricional

O feijoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes. A eficiência na absorção dos nutrientes contidos no solo, bem como dos adicionados via corretivos ou adubação mineral, depende da sanidade e da qualidade do sistema radicular das plantas.
Sabe-se que o sistema radicular do feijoeiro é curto e pouco profundo, então, o sucesso do manejo nutricional do feijoeiro passa, necessariamente, pela obtenção de um sistema radicular volumoso e sadio, porque é por ali que a planta obterá sua nutrição.
É fundamental, também, que o nutriente seja colocado à disposição da planta em tempo e local adequados. Embora encontrem-se disparidades na literatura com relação às quantidades de nutrientes absorvidas pelo feijoeiro, normalmente a exigência é maior que a da soja, por exemplo.
As quantidades médias de nutrientes exportados por 1.000 kg de grãos citadas em várias pesquisas são: 35,5 kg de N; 4,0 kg de P; 15,3 kg de K; 3,1 kg de Ca, 2,6 kg de Mg e 5,4 kg de S. Em função da análise química, física e biológica do solo é possível estabelecer uma adubação equilibrada e rica nos principais macro e micronutrientes.

Correção do solo

A calagem é uma prática fundamental para se obter altas produtividades na cultura do feijoeiro. Por ser considerada uma cultura calcítica, é muito exigente no elemento cálcio. O calcário é fonte de cálcio e magnésio para o solo e para a cultura, responsável pela neutralização do alumínio tóxico e elevação do pH e CTC. Não se pensa em feijão sem solo corrigido com calcário.
O gesso agrícola é um condicionador do solo, fonte de cálcio e enxofre, muito importante na construção da fertilidade em subsuperfície – abaixo de 20 cm de profundidade.
Quantidades superiores a 100 kg.ha-1 de nitrogênio são requeridas para garantir a extração do nutriente associada a altas produtividades. Hoje, temos variedades que exigem doses de nitrogênio consideradas altas – entre 130 e 150 kg.ha-1 – no entanto, a quantidade de nitrogênio fornecida deve levar em conta outros aspectos, como: época de plantio, sistema de plantio, cobertura do solo, altitude da região e tipo de solo.

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