23.6 C
Uberlândia
sexta-feira, março 29, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosHortifrútiManejo integrado da mosca-branca

Manejo integrado da mosca-branca

Rafael Rosa RochaEngenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) rafaelrochaagro@outlook.com

Mosca-branca – Crédito: José Salazar Júnior

O manejo integrado de pragas (MIP) parte do uso de diferentes estratégias para controle e convivência com a praga. Destaca-se a busca de inseticidas seletivos ou o uso seletivo deles e o prolongamento da vida útil dos inseticidas eficientes contra este inseto.

Ambas as opções podem ser implementadas mediante a avaliação de novos produtos, o aperfeiçoamento dos métodos de aplicação e o monitoramento constante dos níveis de resistência de mosca-branca em áreas específicas, para realizar rotação dos inseticidas, no contexto de outras práticas próprias do MIP.

Devido às características do inseto, o controle químico tem sido o método mais empregado, todavia, seu uso intensivo em alguns sistemas de produção pode conduzir ao aparecimento de populações resistentes.

Alerta

Altas populações tornam-se difíceis de controlar, bem como a exposição repetida aos inseticidas sem rotacionar o modo de ação, sendo muito provável a evolução de resistência a produtos. Desta forma, deve-se utilizar uma estratégia integrada com controle biológico, cultural e químico.

A preservação de inimigos naturais nos agroecossistemas é fundamental como fator de equilíbrio dinâmico das populações de espécies de insetos-praga, minimizando a intervenção do homem no controle. Por isso, são necessários estudos básicos de seletividade de produtos, pois as informações obtidas poderão ser utilizadas nas tomadas de decisão com relação ao produto a ser utilizado.

Solução sustentável

O controle biológico, atualmente possível, consiste na preservação dos inimigos naturais da mosca-branca pelo uso de inseticidas seletivos. Várias espécies de inimigos naturais têm sido identificadas em associação com o complexo de espécies de mosca-branca.

No grupo de predadores foram identificadas 16 espécies das ordens Hemíptera, Neuróptera, Coleóptera e Díptera. Entre os parasitoides, identificaram-se 37 espécies de micro-himenópteros.

[rml_read_more]

Dentre os parasitoides destacam-se os gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus, comumente encontrados. Com relação a entomopatógenos, há diversos isolados mais virulentos dos fungos Verticillium lecanii, Paecilomyces fumosoroseus, Aschersonia aleyrodis e Beauveria bassiana, com ação sobre moscas-brancas.

Por onde começar

Em um programa de controle biológico, após a identificação de inimigos naturais deve-se estabelecer de modo mais eficiente o emprego desses agentes, provavelmente por liberações inundativas bem no início da cultura, ou liberações de parasitoides em plantas daninhas adjacentes.

Em vários países, estão sendo identificados e estudados diversos agentes de controle biológico da mosca-branca, cujos resultados têm sido bastante promissores para o manejo dessa praga.

Algumas espécies nativas da família Malvaceae são hospedeiras reservatórias do vírus, principalmente Sida rhombifolia (guaxuma), S. micrantha (vassourinha) e Nicandra physaloides (joá-de-capote), além de outras plantas cultivadas, como feijoeiro, soja, quiabeiro e tomateiro.

Manejo

O controle é realizado por meio da eliminação das malváceas nativas próximas ao plantio, arranquio de plantas sintomáticas e controle químico da mosca-branca. Ainda não foram relatadas cultivares resistentes ou tolerantes. Outras plantas daninhas, como nabo forrageiro, leiteiro, picão preto, corda-de-viola e trapoeraba devem ser eliminadas das áreas por serem hospedeiras do inseto.

Outra estratégia do MIP é a utilização de cultivares das culturas comerciais que ofereçam tolerância ao ataque ou não preferência dos insetos.

As aplicações preventivas e/ou sucessivas de produtos fitossanitários, para controlar a mosca-branca na soja, podem favorecer a seleção de insetos resistentes e o aumento da população da praga.

Uma das táticas mais importantes de manejo de resistência de pragas a inseticidas é a rotação por modo de ação. Para atingir este objetivo, é fundamental criar um programa de rotação com produtos que possuem mecanismos de ação distintos. Portanto, os técnicos precisam conhecer o modo de ação dos inseticidas e acaricidas existentes no mercado para incluí-los em suas recomendações de controle químico de pragas.

Prevenção é sempre o melhor caminho

Em traços gerais, é importante realizar medidas preventivas que desfavoreçam o desenvolvimento de mosca-branca nas áreas de cultivo, como: eliminar plantas hospedeiras da praga dentro da cultura e em áreas vizinhas; fazer levantamento e contagem da praga no campo; utilizar produtos seletivos para manter os inimigos naturais; destruir os restos culturais; evitar o plantio de cultivares muito atrativas à praga; treinamento do monitor e do aplicador de produtos; seleção dos produtos, considerando: rotação de modo de ação, efeito sobre inimigos naturais e fase de desenvolvimento da mosca-branca.

Custos envolvidos

Levantamento da consultoria Spark apontou que o mercado de agroquímicos para milho movimentou US$ 312 milhões na safra 2019-20, uma alta de 8%. Desse montante, informa a empresa, os inseticidas registraram participação de 20% ou US$ 63 milhões, enquanto os produtos específicos para pragas sugadoras responderam por 48% da categoria (US$ 30 milhões).

De acordo com a Spark, produtores cujas lavouras foram fortemente atingidas por pragas sugadoras realizaram em média 2,1 aplicações de inseticidas. “Nas regiões com maior incidência de ataques, caso da Bahia, a adoção de tratamentos chegou a quase 100% da área. Ainda de acordo com a empresa, na fronteira agrícola baiana o BIP Spark constatou média de 5,6 aplicações na safra, frente aos ataques dessas pragas.

ARTIGOS RELACIONADOS

Falta de controle da lagarta spodoptera no milho pode reduzir em até 40% a oferta nacional

Com o início do plantio da segunda safra de milho na região Centro-Sul, os produtores se voltam para os tratos culturais e manejos necessários para garantir a produtividade do cereal.

Koppert e BUG criam a maior empresa de Controle Biológico da América Latina

Koppert do Brasil adquire a BUG Agentes Biológicos e reforça sua posição no mercado de proteção de plantas   A holandesa Koppert Biological Systems anunciou na...

Indutores de resistência e o desenvolvimento das defesas naturais da planta

A ação positiva dos indutores de resistência e fitossanitários somam benefício à planta

FMC apresenta benefícios para a cultura da cana-de-açúcar por meio de game interativo

Entre 30 de julho e 2 de agosto, a FMC Agricultural Solutions está presente na Feira de Negócios Coopercitrus " FEACOOP.  Realizado em Bebedouro-SP, o evento promove aos cooperados e produtores um ambiente propício para a troca de conhecimento e relações comerciais, além de apresentar as novidades e inovações do mercado agropecuário.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!