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Manejo integrado de doenças da graviola

Lucas Guilherme Araujo SoaresGraduando em Agronomia – UFRA/Capitão Poçolucasifpa@gmail.com

Thiago Feliph Silva FernandesMestrando em Agronomia/Produção Vegetal – FCAV/UNESPthiagofeliph@hotmail.com

Eron da Conceição BezerraPós-graduando em Ensino de Ciências UAB/UEMA erondaconceicaob@gmail.com

Graviola – Crédito: Shutterstock

O manejo integrado de doenças é uma técnica que tem dado resultados satisfatórios na graviola (Annona muricata L.). Como alternativa à aplicação descuidada de produtos fitossanitários, encontram-se no mercado produtos menos agressivos ao meio ambiente, rotulados de produtos naturais, que podem sugerir um novo caminho para a produção de alimentos. Como exemplo podem-se encontrar os óleos essenciais, extratos, sabões, detergentes e bioinseticidas.

Em algumas espécies de anonáceas, os fungos podem causar perdas estimadas em 63% em campo e 90% em pós-colheita. Dentre eles, podemos abordar a cancrose (Albonectria rigidiuscula, sin. Calonectria rigidiuscula, Nectria rigidiuscula), que são as doenças mais comuns em anonáceas, ao passo que em gravioleiras estes fungos estão associados à presença dos fungos Phomopsis e Botryodiplodia. que durante o estádio de desenvolvimento das plantas os fungos infectam diversas partes do vegetal.

Como prejuízos, as plantas jovens podem morrer e nas adultas haver rachaduras longitudinais e deformações nos galhos, que com o passar do  tempo podem matar a planta ou torná-la inútil.

Os principais sintomas são tecidos dilatados nos ramos mais desenvolvidos e nos troncos, que podem ser vistos frequentemente nas axilas dos ramos, evoluindo para pequenas rachaduras sobre essas áreas dilatadas, que levam ao aumento de tamanho rapidamente, expondo o lenho da planta.

Nos cancros, em estágio avançado observa-se que tanto a casca quanto o lenho encontram-se escurecidos, ocasionando prejuízos no transporte de seiva, levando à morte da planta. Acredita-se que pode estar relacionado a algum tipo de estresse ocasionado pela falta de água e altitudes elevadas, favorecendo sua incidência.

Como alternativas de controle, é interessante manter as plantas adubadas e os tratos culturais adequados, evitando que ocorra estresse hídrico nas plantas, além de controlar adequadamente as pragas, realizar podas periódicas para permitir melhor aeração e diminuir a umidade nas copas.

Podridão-parda

Outra doença que acomete os pomares de gravioleiras é a podridão-parda dos frutos da gravioleira, ou podridão aquosa (Rhizopus stolonifer), uma doença de grande relevância econômica para a cultura da graviola, pois afeta estruturas produtivas da planta, como flores e frutos em qualquer idade.

Observa-se com frequência nas fases de colheita e pós-colheita, ocasionando prejuízos significativos, causando a queda e apodrecimento dos frutos no campo e na pós-colheita. Segundo Nieto-Angel et al. (1998), no Estado da Bahia essa doença vem provocando perdas de 50 a 70% nos frutos em pós-colheita.

Os principais sintomas iniciam-se a partir da haste do pedúnculo, local de inserção do fungo ou por perfurações causadas por brocas. Quando ocorre a penetração através do pedúnculo, a doença atinge diretamente a parte central do fruto, causando a podridão-parda da polpa.

Quando os frutos são atacados por alguma ação, observa-se, após 24 horas, o crescimento de estruturas similares à coloração cinza, que são frutificação dos fungos. Subsequentemente os frutos atacados podem desintegrar-se ou secar completamente.

Condições para a doença

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Quando ocorre a penetração por perfurações de brocas, as lesões de coloração pardo-escura aumentam do ferimento para as demais partes do fruto. O fungo Rhizopus stolonifer Sac. sobrevive de um ano para o outro em frutos secos caídos ou remanescentes no pomar, ocasionando na disseminação do patógeno.

A doença pode acontecer em qualquer estação do ano, com sua infestação acentuada durante o período chuvoso. O fungo da podridão-parda dos frutos é de difícil controle, pois não possui nem um fungicida registrado com boa ação de combate contra o Rhizopus stolonifer.

Dessa forma, orienta-se ao produtor utilizar alternativas de manejo integrado, como destruição de todos os frutos atacados existentes no pomar, por meio de queima ou enterrio dos frutos atacados.

Antracnose

Outra doença que causa danos econômicos aos pomares de graviola é a antracnose (Coletotrichum gloeosporioides Penz.). Em gravioleiras a doença ataca as folhas, brotações novas, flores e frutos em qualquer idade, provocando a morte de ramos, enxertos, abortamento de frutos e flores.

Os fungos do gênero Colletotrichum são fitopatógenos importantes nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Esses fungos são os causadores de uma diversidade de doenças, como antracnose, podridão de pedúnculo, varicela em manga, abacate e mamão.

Os principais sintomas desta doença são observados pela morte das brotações novas, ramos ponteiros e formação de lesões necróticas escuras e irregulares em folhas e brotações novas. Dependendo das condições climáticas favoráveis, os fungos podem atacar os botões florais e frutos de qualquer idade, chegando a causar morte dos ramos ponteiros.

Ao atacar frutos novos, se tornam escuros, secos, permanecendo na planta por um longo período. Nos frutos podem ocorrer lesões circulares, escuras e profundas que podem progredir e causar rachaduras.

Nestas lesões, pode-se observar uma massa de coloração rosa, que são as frutificações dos fungos. Quando ocorre nestes frutos, lesões individuais podem aumentar rapidamente, tornando as lesões profundas e podendo atingir até 15 cm de diâmetro.

Cuidados

Deve-se ter cuidados maiores com as mudas enxertadas, pois o patógeno pode atacar o ponto de ligação entre o cavalo/cavaleiro, reduzindo de forma drástica o pegamento da enxertia ou provocando a morte dos mesmos.

A doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz sobrevive de um período favorável para o outro em ramos secos, lesões antigas nas plantas, frutos e restos afetados remanescentes no chão, sobre os quais se desenvolve quando há calor e umidade.

A propagação é realizada principalmente pelo vento e chuvas, altas umidade e temperaturas noturnas de 20 a 24ºC, além de adubações inadequadas e ataques de pragas que favoreçam o desenvolvimento da doença.

Medidas de controle integrado devem ser adotadas para manter ou erradicar o nível de infestação desta doença. Manuais de boas práticas e biossegurança devem ser seguidos, como exemplo, manter os pomares limpos e bem manejados, com podas frequentes utilizando pasta à base de bronze nos locais feridos, realizar adubações de acordo com o manual de análise de solos do Estado que a cultura está implantada, realizar irrigação com boa drenagem para evitar a proliferação dos patógenos, praticar o manejo de retirada dos frutos, flores e restos culturais infectados e queimá-los ou enterrá-los em profundidade de 50 cm.

Ainda, deve-se realizar pulverizações periódicas de produtos fungicidas naturais para manter o pomar livre de pragas e doenças.

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