Autores
Fernando Cesar Sala – Doutor e professorUFSCar
Cyro Paulino da Costa – Docente aposentado – ESALQ/USP e professor voluntário da UFSCar até 2017
Marcela Martinez – Mestranda em Produção Vegetal e Bioprocessos Associados pela UFSCar
Tiago José Leme de Lima
Eduardo do Amaral
Servidores técnico-administrativos do DBPVA-Ar.s
Monica Antunes Portella – Agricultora pioneira no plantio da Pimenta Maria Bonita, proprietária da empresa Adoro Pimenta e responsável pelo processamento e desenvolvimento de produtos utilizando a Pimenta Maria Bonita – monica@adoropimenta.com
André Portella Gazmenga – Graduando em Engenharia Agronômica – ESALQ
A pimenta Maria Bonita, lançada recentemente no mercado, possui características como maior produtividade; frutos uniformes, liso e grande, de coloração vermelha intensa e brilho; sabor mais adocicado e leve picância. Estima-se uma rentabilidade de 3,5 vezes à rentabilidade das pimentas comuns.
Monica e André Portella são mãe e filho, produtores rurais e proprietários da Adoro Pimenta. O sítio Ypê fica localizado em Indaiatuba, no interior paulista, e tem um total de seis hectares, sendo dois em produção. A área de plantio da pimenta Maria Bonita tem uma média de 2.000 pés, com previsão de plantio de mais quatro mil pés em setembro deste ano.
A produtividade alcança de 10 a 12 kg/pé, tendo um valor no mercado de R$ 22,00/kg, podendo chegar a R$ 264,00 por pé no seu ciclo de vida.
No sítio Ypê são cultivadas as seguintes variedades de pimenta: Maria Bonita, Dedo-de-Moça, Habanero Chocolate, Habanero Laranja, Trinidad Scorpion, Carolina Reaper, Jalapeño, Bhut Jolokia e Murupi.
Período ideal de plantio
A cultivar híbrida tem melhor desempenho no período de maiores temperaturas. Na região sudeste, deve-se evitar os períodos de baixas temperaturas.
Entre as tecnologias utilizadas está o plantio em mulching, que tem por finalidade reduzir os custos de produção, prevenir ervas daninhas e controlar temperatura e umidade do solo.
Outra recomendação é a irrigação por fertirrigação localizada, método que consiste em alimentar e irrigar a planta simultaneamente por meio de gotejamento, utilizando solução apropriada para garantir os processos vitais da planta.
Por ser uma planta híbrida, o sucesso na cadeia produtiva é alto, considerando a seleção meticulosa quanto às resistências a determinadas pragas e alta qualidade dos frutos. Assim, para um bom rendimento, o plantio deve ser preferencialmente em lugares quentes, com alta disponibilidade de água e nutrientes, oferecendo as condições ideais que a espécie Capsicum chinense necessita.
Manejo
O manejo se inicia com a análise do solo local que, após ser avaliado por um profissional qualificado, deve ser feito o ajuste necessário para proporcionar um bom desempenho das plantas. Esse equilíbrio pode ser alcançado por calagem, gessagem ou aplicação de enxofre. Com o solo em uma faixa ideal de pH, a planta poderá usufruir de uma boa quantidade de nutrientes do solo.
Na sequência, os canteiros são preparados, os tubos gotejadores são colocados na faixa de plantio com os furos voltados para cima e o mulching com a furação recomendada esticado sobre os canteiros.
Após estes processos, é realizado o transplantio das mudas semeadas, que passam cuidadosamente das bandejas para o solo, sendo colocadas em covas com profundidade de dois dedos da inserção do caule. A vacinação das mudas é feita após uma semana de transplantadas, sendo indicada para o combate a viroses nessa fase crucial de desenvolvimento da planta jovem.
A adubação e irrigação, que ocorrem concomitantes por tubos de gotejamento, são fundamentais durante toda a vida da planta, para que possa produzir sem grandes baixas durante seu ciclo de vida, que pode durar pelo período de um ano.
Vale ressaltar que as soluções nutritivas devem ser indicadas por profissional habilitado, a fim de analisar a condutividade da solução frente à demanda por nutriente da planta. Passado o primeiro ano, a queda na produtividade é severa e deve ser avaliada do ponto de vista econômico pelo agricultor.
Dentre outros manejos, podemos citar o controle de pragas que convivem em pequena ou grande escala no meio, prevenindo o seu surgimento e danos às culturas.
Por que produzir Maria Bonita?
A pimenta Maria Bonita, lançada recentemente no mercado, possui características como suavidade na picância, crocância, sabor levemente adocicado e frutado, polpa espessa, frutos vermelhos e lisos.
Por possuir tanto características quali quanto quantitativas diversificadas, promete agradar grande parcela da população brasileira e mundial por sua originalidade, ótima produtividade e manejo facilitado na colheita, graças aos seus frutos cinco vezes maiores, comparados aos seus genitores.
Origem
A Maria Bonita (MB) foi desenvolvida pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no Campus de Araras (SP). Trata-se de uma cultivar híbrida de pimenta pertencente à espécie Capsicum chinense, a espécie mais brasileira que existe e a mais importante.
Dentro desta espécie, a pimenta mais conhecida é a pimenta Biquinho, cuja principal característica é apresentar frutos em formato de “bico” e sem ardor ou pungência. Biquinho é a pimenta mais utilizada pelos brasileiros e seu sabor suave tem agradado o gosto dos consumidores.
Contudo, apesar de ser amplamente cultivada e de grande importância, a pimenta Biquinho tem frutos muito pequenos (1,5g de média) e sua polpa é muito fina. Visando melhorar estes atributos, além de outros, criamos a pimenta Maria Bonita.
A pimenta Biquinho é avó da Maria Bonita, pois utilizamos ela em cruzamentos com uma pimenta do banco de germoplasma (banco de sementes) da UFSCar, que apresentava característica de frutos grandes, lisos, polpa grossa e levemente pungentes. Após anos de trabalho (desde 2013), muitas plantas foram avançadas visando selecionar as melhores linhagens aliada com características agronômicas de qualidade para o mercado do produtor e consumidor. Dezenas de cruzamentos foram realizados entre as linhagens e vários híbridos foram obtidos, sendo que um destes cruzamentos originou a Maria Bonita.
Suas principais características são: maior produtividade; frutos uniformes, liso e grande, de coloração vermelha intensa e brilho; formato de fruto tipo bico; maior espessura de polpa (paredes grossas); menor acidez e maior concentração de sólidos solúveis (açúcares), conferindo sabor mais adocicado e leve picância.
Importância econômica
Primeiramente, é necessário entender o cenário inexplorado da cultura de pimenta e seus levantamentos estatísticos. Desta forma, as estatísticas existentes em torno da cultura de pimenta são escassas e levantadas juntamente com a cultura de pimentão.
A nível global, as exportações e importações da cultura de pimenta e pimentão movimentam aproximadamente US$ 8,9 bilhões e seguem aumentando representativamente seu percentual a cada ano. No Brasil não existem dados oficiais e atuais, entretanto, acredita-se que gere 75 mil toneladas por ano.
Hoje, contamos com 2 mil pés de Maria Bonita plantados, todavia, ainda não temos definida a sua produção anual. Estimamos colher aproximadamente 20 toneladas de Maria Bonita este ano. As demais espécies de pimentas estão cultivadas em dois hectares.
Produtividade
A produtividade da pimenta varia muito da espécie cultivada, podendo variar de seis a 45 toneladas por hectare. Por falta pesquisa, não temos dados comparativos de produtividade média em relação às regiões mais tecnificadas, no entanto, merecem destaque de principais produtores nacionais Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul.
A nível internacional, a Espanha é a região de maior tecnificação no setor, podendo chegar a 62,3 toneladas por hectare.
Mercado interno x externo
Observando o comércio internacional, observamos que existe um maior teor de importações do que exportações, somando 3,05 milhões de toneladas exportadas com taxa de crescimento de 1,2% em relação ao ano anterior e 3,07 milhões de toneladas importadas, a uma taxa de crescimento de 5,9% em relação aos anos anteriores.
Quanto ao valor monetário dos produtos, temos uma taxa de crescimento anual maior nas exportações que nas importações, com diferença de 3,2%. Desta forma, encontramos uma crescente demanda, ocasionando numa maior oferta pelos produtores, a fim de suprir os mercados.
O retorno do investimento na Maria Bonita começa a partir de aproximadamente três meses, quando a planta inicia a frutificação.
A maior demanda no mercado de pimentas em geral vem de restaurantes e empresas que processam molho e conservas.
– O sítio Ypê conta com 2 mil pés de Maria Bonita plantados
– Estima-se colher 20 toneladas
– A produtividade alcança de 10 a 12 kg/pé
– Valor no mercado de R$ 22,00/kg, podendo chegar a R$ 264,00 por pé no seu ciclo de vida.
– Variedades cultivadas – Maria Bonita, Dedo-de-Moça, Habanero Chocolate, Habanero Laranja, Trinidad Scorpion, Carolina Reaper, Jalapeño, Bhut Jolokia e Murupi.