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quinta-feira, abril 25, 2024
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Micro-terraceamento em café – Você conhece?

 

José Braz Matiello

Engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé

jb.matiello@gmail.com.br

Créditos José Braz Matiello
Créditos José Braz Matiello

A cafeicultura de montanha no Brasil abrange uma área de cerca de 700 mil hectares de cafezais, com produção anual de 13-15 milhões de sacas. Pela topografia inclinada das áreas, ela apresenta limitações à mecanização convencional, o que eleva os custos de produção do café nessa região, pela necessidade de uso de mão de obra, escassa e cara, nos tratos e na colheita das lavouras.

A prática de micro-terracear, apesar de ser introduzida só recentemente, tem despertado grande interesse nos cafeicultores, pela facilidade que oferece. Por isso, sua adoção vem crescendo e, paralelamente, vem sendo aperfeiçoada, no sentido de torná-la mais econômica.

O micro-terraceamento funciona na forma de um caminho estreito e plano entre duas linhas de café, nas ruas da lavoura, visando facilitar, ali, o trânsito de tratores estreitos munidos de implementos e os tratos mecanizados.

Os benefícios do micro-terraceamento são a redução dos custos na execução mecanizada dos tratos nos cafezais em áreas montanhosas, antes somente possíveis de forma manual. Assim, viabiliza a cafeicultura nas regiões de montanha, áreas importantes econômica e socialmente, onde a competitividade dos cafezais vem sendo reduzida, pelo elevado custo e dificuldade na contratação de mão de obra.

Passo a passo

O micro-terraceamento acontece com a abertura da área, de diferentes formas, cortando o barranco de terra e deixando quase plana uma espécie de estrada, com cerca de 1,5 m de largura nas ruas do cafezal.

Seu manejo, em seguida, é feito com a passagem de tratores e equipamentos, usados para controle do mato, pulverizações, adubações, etc. Está sendo desenvolvida, também, uma adaptação de derriçadeira, para colheita por derriça mecanizada nessas áreas micro-terraceadas.

Vista geral de área micro-terraceada antes do plantio do café, em espaçamento de 3 x0,5m. Créditos José Braz Matiello
Vista geral de área micro-terraceada antes do plantio do café, em espaçamento de 3 x0,5m. Créditos José Braz Matiello

Espaçamento adequado

Na cafeicultura de montanha o tipo de espaçamento indicado para intensificar a cultura do café é o adensamento do plantio, sendo recomendados espaçamentos de 1,8 a 2,5 m nas ruas por 0,5 m na linha.

Para operar bem o micro-terraceamento deve-se abrir um pouco esta distância na rua, ampliando-a para 2,5-3,0 m, assim permitindo abrir um terraço com 1,5 m e ficando lateralmente de 0,5 a 0,75 m livres na beira da linha de cafeeiros.

Os equipamentos já disponíveis para transitar nos micro-terraços são um aplicador de herbicida, o pulverizador de 400 litros, a adubadeira de 600 kg (com roda de apoio), e a esqueletadeira frontal, todos com adequação para serem tracionados por tratores cafeeiros estreitos, cuja bitola vai até 1,20 m.

Está em andamento o desenvolvimento de derriçadores mecanizados igualmente tracionados por tratores estreitos.

Tipos de micro-terraceamento

Atualmente já estão disponíveis cinco sistemas ou modos de construir os micro-terraços em cafezais.

1 – O método inicial utiliza tratores traçados, operando de marcha-ré, com lâmina traseira, apresentando a desvantagem de custo elevado e risco operacional, estimando-se um rendimento de 30-40 h de serviço por hectare, ou o equivalente a cerca de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00 por hectare.

2 – Experiências também foram feitas com máquina tipo BobCat de esteira, com concha escavadeira e lâmina dianteira, para acerto do terraço. Neste caso, pode ser aberto cerca de 1,5 m de terraço por minuto, ou o equivalente a cerca de 35-40 h por hectare, ao custo de cerca de R$ 3.500 ” R$ 5.000,00 por hectare.

3 – Trabalho com pequenos tratores de esteira, com lâmina dianteira, especialmente tratores estreitos importados, estão fazendo um hectare em 15 – 20 h, ou cerca de R$ 2.000 ” R$ 2.700,00/ha.

4 – Viabilidade de uso de tração animal na abertura dos micro-terraços, sistema mais econômico e acessível a pequenos produtores, trabalham com arado no revolvimento da terra e pequena lâmina adaptada para retirar a terra e plainar o terraço. O rendimento observado é de quatro dias de trabalho por hectare, com custo aproximado de R$ 600,00 por hectare.

5 – Abertura manual de micro-terraços, com trabalhadores munidos de enxadão e enxadas. Em experiência realizada em oito hectares foram gastos 25 h/ha ou cerca de R$ 1.300,00 por hectare.

Na evolução do micro-terraceamento destacamos o emprego de tratores de esteira mais estreitos, na abertura, o que garante bom rendimento ao trabalho, existindo empresas prestadoras deste serviço. Pode-se usar, também, o terraceamento em linhas duplas ou a cada 3-4 ruas.

Para um bom trabalho, possibilitando a abertura de terraços com 1,30 – 1,50 m de largura, indica-se usar espaçamentos nas ruas das lavouras na base de 2,5-3,0 m, com o serviço sendo facilitado após as podas.

Custo

O custo do micro-terraceamento depende, basicamente, da declividade do terreno e do sistema ou tipo de implemento usado na abertura dos terraço. Em terrenos mais declivosos pode-se gastar até 40 horas de trator por hectare, com custo de até R$ 2.000,00/ha.

Em terrenos com menor declividade se gasta cerca de 10 horas de trator na abertura, com custo de R$ 500,00/ha. Na abertura com arado de boi o custo fica por cerca de R$ 600,00/ha, gastando-se cerca de quatro dias de trabalho por hectare, sistema indicado para o pequeno produtor.

A técnica do micro-terraceamento tem trazido vantagens em viabilizar custos menores e maior rapidez, além de eficiência nos diferentes tratos nos cafezais de montanha, antes realizados completamente de forma manual. Com a introdução futura da derriça também mecanizada o benefício será ainda maior.

 

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