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Micronutrientes de quarta geração proporcionam rápida absorção

Autor

Carlos Eduardo Rosa
Assistente agropecuário – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI)
carlos.eduardo@cati.sp.gov.br

Nas últimas décadas, a agricultura brasileira apresentou crescimento vertiginoso, alçando o País ao denominador de “celeiro do mundo” pela capacidade na produção e exportação de alimentos em escala mundial.

Preocupações com o meio ambiente e com o aumento da demanda por alimentos estão criando desafios nunca antes vistos. A obtenção de novas tecnologias pela pesquisa, sua transferência e utilização somadas à adoção de boas práticas de produção agropecuária estimuladas pelos órgãos públicos de assistência técnica por meio do acompanhamento, treinamento e transferência de conhecimento ao produtor é fundamental para superar esses novos desafios.

Sabe-se que as plantas necessitam de alimento para sobreviver, retirando-o do ar, da água e do solo e, frequentemente, no todo ou em parte do fertilizante mineral e/ou do adubo orgânico. Dessa forma, uma correta nutrição mineral de plantas mostrou-se imprescindível para o melhor aproveitamento dos nutrientes e maximização da produção.

Evolução dos micronutrientes

A nutrição evoluiu: deixamos de aplicar somente uns poucos nutrientes contidos em fórmulas prontas e sem critério técnico para uma aplicação mais equilibrada e racional, com mais tecnologia e conhecimento sobre os vários fatores que compõem o sistema produtivo.

Nos últimos anos, destaque tem sido dado à utilização de micronutrientes na agricultura, pois sua utilização tem melhorado o rendimento das culturas, com reflexos evidentes na produtividade e qualidade da planta, bem como no aumento de sua resistência a pragas, doenças e condições adversas do ambiente.

Dada a importância da cultura da soja para o agronegócio brasileiro, muitas pesquisas foram e têm sido desenvolvidas visando uma correta nutrição mineral dessas culturas. Tais pesquisas têm demonstrado a importância e a viabilidade do uso dos chamados micronutrientes de quarta geração aplicados via foliar.

A tecnologia não é nova, mas tem ganhado destaque nos últimos anos devido ao aumento dos nutrientes extraídos com as colheitas e os baixos teores de micronutrientes dos nossos solos, resultando em sintomas de deficiências minerais.

Como funciona

O princípio básico desta tecnologia é a suspensão de micronutrientes catiônicos (Fe, Co, Cu, Mn e Zn) em uma, duas ou três moléculas orgânicas, que são mais comumente aminoácidos de cadeia curta (Figura 1). Assim, os íons metálicos são complexados dentro da estrutura formando um quelato orgânico, estrutura também chamada de metalosato.

Os quelatos orgânicos possuem propriedades promotoras da permeabilidade na membrana cuticular e da parede celular, sem se ligarem a elas. A princípio, as folhas da maioria das plantas possuem uma camada que, por natureza, têm superfície de carga negativa.

Quando os sais metálicos comuns são dissolvidos em água, o metal se dissocia na solução formando cátions de cargas positivas, diferença de carga que faz com que sejam atraídos à superfície foliar, formando a primeira barreira contra a total absorção dos íons metálicos.

Já quando os íons metálicos são complexados por aminoácidos, a estrutura da molécula possui carga neutra e, portanto, os íons não são atraídos ou repelidos pela superfície da folha, passando livremente por essa barreira.

Quando atingem a parede e membrana celular, os metalosatos são reorganizados pelo mecanismo de absorção da planta como fonte de nitrogênio orgânico. Isso faz com que a velocidade de absorção desses quelatos orgânicos no tecido vegetal seja mais rápida do que os cátions equivalentes não complexados ou complexados em moléculas sintéticas.

Outra vantagem dos metalosatos é a possibilidade destes compostos serem enquadrados no grupo dos antiestressantes, capazes de agir em processos morfofisiológicos do vegetal como precursores de um hormônio endógeno, ativadores de enzimas ou de compostos formadores de promotores de crescimento, promovendo a tolerância a estresses.

Por sua semelhança com os compostos endógenos, possuem rápida translocação nos pontos de necessidade da planta, melhorando a redistribuição dos micronutrientes ligados à molécula. Devido à melhor eficiência da absorção, doses menores do produto podem ser aplicadas para obtenção de respostas produtivas.

Apesar das vantagens da tecnologia, é preciso cuidado na escolha do produto comercial. Muitos produtos possuem em sua composição agentes quelantes de cadeia longa, como lignosulfatos e fulvatos que, devido ao seu tamanho, a probabilidade de quelatarem eficientemente um micronutriente é muito baixa, exigindo que sejam decompostos em moléculas menores para serem absorvidos pelas plantas, resultando em perda de eficiência da absorção.

Pesquisas

Resultados preliminares de pesquisa sobre a eficiência dos metalosatos na cultura da soja são escassos e os disponíveis têm obtido resultados contraditórios. Alguns autores obtiveram resultados positivos para a aplicação dessas moléculas; já outros não obtiveram resultados que a diferenciassem da adubação convencional com micronutrientes (via foliar ou solo).

Vieira (2014) verificou que metalosato via foliar aplicado na fase reprodutiva proporcionou maior rendimento de grãos e produtividade da soja. Já Merotto Jr. et al. (2015) e Dapper (2016) concluíram que a aplicação de metalosato foliar em soja não foi eficiente como forma de aumentar o rendimento de grãos nas cultivares avaliadas.

Pode-se concluir preliminarmente que a resposta positiva ou a falta dela na produção de grãos pode variar a depender do ambiente de produção, interferindo na resposta à aplicação dos metalosatos às condições climáticas, como temperatura e umidade.

O manejo da aplicação, como a interação entre a mistura no tanque, qualidade da água e equipamento de aplicação, além dos níveis do(s) nutriente(s) alvo no solo, impactarão na resposta à aplicação foliar.

Portanto, para uma correta implementação e diminuição do insucesso do uso da tecnologia em soja é preciso que mais ensaios de campo sejam realizados, que a tecnologia seja validada nos mais diferentes ambientes de produção, que se avalie a interação dos metalosatos com os diferentes produtos utilizados em mistura no tanque, que se defina o melhor momento de aplicação e, caso o produtor opte pelo uso, que seja feita com acompanhamento técnico e, principalmente, que haja avaliação do impacto desta aplicação nos custos de produção, avaliando sempre o custo x benefício caso a caso.

Viabilidade

Toda nova tecnologia que visa auxiliar o produtor rural é muito bem-vinda. Tanto a pesquisa quanto as empresas e órgãos de assistência técnica devem contribuir para que os produtores tenham orientações de como fazer para melhor explorar as características dos novos produtos visando à obtenção de aumento de produtividade e que seja, obviamente, economicamente viável.

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