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Mosca-branca limita produção de feijão

Anésio Bianchini

Doutor, fitopatologista virologista e pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR

anésio@iapar.br

Humberto Godoy Androcioli

Pesquisador entomologista do IAPAR

handrocioli@iapar.br

 

Fotos IAPAR
Fotos IAPAR

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão (Phaseolusvulgaris L), com uma área cultivada variando entre três a quatro milhões de hectares, considerando as safras das “águas“, da “seca“ e de “outono/inverno“, denominadas de primeira, segunda e terceira safra, respectivamente.

Entre os principais problemas que limita a produtividade do feijão estão as doenças, principalmente o “mosaico dourado“, causado pelo vírus transmitido pela mosca-brancaBemisiatabaci biótipo A e B (Homoptera: Aleyrodidae).

Denominado de vírus do mosaico dourado do feijão (BGMV), a mosca-branca constitui a pior doença do feijão no Brasil. O inseto vetor do vírus, erroneamente chamado de mosca-branca, não é uma mosca, pois não pertence à ordem Díptera, e sim à ordem Homóptera, mesma da cigarrinha verde do feijão.

A mosca-branca multiplica-se em várias espécies de plantas hospedeiras, como soja, feijão, tomate, algodão e um grande número de plantas daninhas. As temperaturas superiores a 28ºC, ou média de 32ºC, dias mais longos, umidade relativa não muita alta, aliadas às grandes populações de plantas hospedeiras do inseto, propiciam a ocorrência dos grandes surtos populacionais do inseto e, consequentemente, as grandes epidemias do mosaico dourado.

Folhascom sintomas do mosaico dourado - Fotos IAPAR
Folhascom sintomas do mosaico dourado – Fotos IAPAR

Danos

A mosca-branca pode causar danos diretos e indiretos à cultura do feijão. Os danos diretos são provocados pela sucção da seiva e injeção de toxinas. Em surtos elevados de mosca-branca ocorre também a liberação de fezes açucaradas “honeydew“, que favorece a formação do fungo conhecido como “fumagina“.

Este fungo não infecta a planta, mas forma uma camada negra na superfície das folhas, a qual reduz a absorção de luz e a transpiração da folha, interferindo na formação de grãos. Os danos indiretos são causados pela virose transmitida pelo inseto, denominada de mosaico dourado.

Nas condições favoráveis, safra da seca e outono/inverno, as perdas ocasionadas à produção das lavouras de feijão podem ser da ordem de 80 a 100%, tanto pela redução do peso como da qualidade de grãos.

A doença pode ser identificada na lavoura pelos sintomas de mosaico nas folhas, caracterizados por pontuações amarelo-intensas, deformações das folhas e ramos e redução acentuada do porte da planta.

Folhas com sintomas do mosaico dourado - Fotos IAPAR
Folhas com sintomas do mosaico dourado – Fotos IAPAR

Controle

A redução dos danos diretos causados pela mosca-branca pode se dar com o uso de medidas culturais integradas ao controle químico do inseto. Para o controle da virose também deve ser acrescentado ao sistema de manejo cultivares de feijão resistentes ao mosaico dourado.

Medidas culturais:

ð Escolher época de cultivo visando evitar a coincidência da fase de desenvolvimento da planta de feijão, fase vegetativa, principalmente, com o período crítico da mosca-branca.

ðEvitar o cultivo do feijão próximo às outras lavouras ou ervas espontâneas hospedeiras da mosca-branca, não realizar cultivo sequencial de feijão ou próximo a outras lavouras implantadas com soja ou algodão.

ðUsar sistemas de cultivos intercalados a outras culturas de maior porte, com barreiras de proteção vegetal ou quebra-ventos.

Controle químico do inseto:

Ø Tratamento de sementes com inseticidas e pulverização na parte aérea após a emergência da planta. A escolha do inseticida apropriado, dose e estratégia de aplicação, devem ser definidospor prescrição de um engenheiro agrônomo responsável pela lavoura.

ØAlternar os princípios ativos e modo de ação dos inseticidas, para evitar a resistência do inseto aos produtos.

Ø Uso de cultivares resistentes ao mosaico dourado e a outras doenças causadas por vírus, principalmente os transmitidos pela mosca-branca: o Instituto Agronômico do Paraná ” IAPAR foi pioneiro no Brasil no desenvolvimento de cultivares com resistência ou tolerância a vírus do mosaico dourado, tendo iniciado seu trabalhos de desenvolvimento de cultivares resistentes ao vírus há mais de 40 anos.

Melhoramento genético

Devido à inexistência de fonte de resistência satisfatória em todo o banco de germoplasma de feijão do Brasil e de outros países produtores, somente no início da década de 90conseguiu-se, no IAPAR, as primeiras cultivares com resistência à virose.

A partir de 2008 foi lançada a cultivar IPR Eldorado, a primeira com resistência moderada ao mosaico dourado e com bom potencial produtivo e qualidade de grãos. Atualmente, o IAPAR possui 20 linhagens com elevado grau de resistência ao mosaico dourado e boa qualidade comercial de grãos, as quais estão em fase de avaliação de produtividade e adaptação regional, e outras duas cultivares resistentes em fase de registro.

As cultivares com este tipo de resistência podem apresentar sintomas leves da doença, mas sem danos às plantas ou redução da produtividade.

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2015 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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