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Mudas de abacate devem ser certificadas

Evaldo Tadeu de MeloTécnico de Setor de Fruticultura da UFLA e sócio proprietário da Guatambu Agrossustentávelevaldotadeumelo@hotmail.com

Leila Aparecida Salles PioProfessora – Universidade Federal de Lavras e sócia da startup Agroakileilapio.ufla@gmail.com

Mudas – Foto: Abacitrus

O abacateiro Persea americana pertence à família Lauraceae. A espécie possui três centros de origem, México, Guatemala e Antilhas, existindo no mundo todo mais de 500 variedades de abacateiros, o que explica as diferenças na forma, tamanho, cor, épocas de maturação e adaptabilidade a diversos locais e altitudes de plantio.

No Brasil, a produção de mudas é estabelecida pela Lei Nº 10.711, de 05 de Agosto de 2003, que é regulamentada pelo Decreto Nº 10.586, de 18 de Dezembro de 2020, e pela Instrução Normativa Nº 24, de 16 de Dezembro de 2005, que traz as normas para produção, comercialização e utilização de mudas em todo o território nacional, visando a garantia de sua identidade e qualidade.

Sendo assim, todo viveirista deve ser inscrito no Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas), para que tenha autorização para produzir ou comercializar mudas no Brasil, o que garante, além da sanidade, também a identidade genética do material vegetal.

Enxertia

O abacateiro possui sementes (’caroços‘) viáveis, o que torna possível sua propagação de forma sexuada. Entretanto, devido à variabilidade genética e ao longo período juvenil, que é a fase improdutiva da planta, a propagação comercial do abacateiro é realizada por enxertia, sendo utilizado para a copa cultivares comerciais selecionadas.

Assim sendo, a propagação por enxertia tem muitas vantagens, como a manutenção das características genéticas da planta que está sendo propagada (cultivar ou clone superior), mantendo o valor agronômico das mesmas e, consequentemente, produzindo plantas mais uniformes em relação à floração, frutificação, porte da planta, características de crescimento e resistência a estresse biótico e abiótico. 

Além disso, a enxertia permite também superar a juvenilidade. Esse fenômeno compreende o período entre a germinação da semente até o início da produção, e em abacateiro pode durar de seis a oito anos.

Técnicas de produção

Durante a juvenilidade, não há produção de frutos, o que implica num prolongamento do período improdutivo do pomar. Esse longo período improdutivo pode ser reduzido com a propagação vegetativa, utilizando-se plantas que já estejam em produção para a retirada de material propagativo.

Assim, a planta entrará em produção com aproximadamente três anos. É possível, também, combinar duas ou mais cultivares em uma mesma planta, explorando as melhores características de cada uma delas. Por exemplo, combinar uma planta que produz frutos de excelente qualidade, utilizando-a como cultivar copa, com uma planta de sistema radicular com características desejáveis, utilizando-a como porta-enxerto.

A propagação por sementes é feita apenas para obtenção dos porta-enxertos. Os cuidados começam com a escolha da planta que será matriz dos porta-enxertos. Esta planta deve ser saudável, produtiva, estar adaptada à região onde serão feitos os plantios com tais mudas e ser compatível com a cultivar que será enxertada sobre ela.

Os frutos devem ser colhidos no ponto de maturação fisiológica e após a retirada da semente de dentro do fruto, o mesmo deve passar por um processo de desinfecção com hipoclorito de sódio e ser lavado com água corrente em seguida. A semeadura deve ocorrer poucos dias após a extração das sementes.

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Próximos passos

O substrato precisa estar livre de nematoides e Phytophthora cinnamomi, principal doença do abacateiro, além de apresentar boa aeração e drenagem. Deve-se dar preferência para os oriundos de material inerte e esterilizados, como a casca de pinus, por exemplo.

A germinação ocorre entre 20 e 60 dias, dependendo da temperatura local. Já em épocas mais quentes a germinação é acelerada. Após germinada, a muda oriunda da semente deve ser conduzida em haste única, mantida livre de pragas e doenças, além de estar sem concorrência com plantas daninhas.

A enxertia é realizada com borbulhas de matrizes selecionadas e cadastradas no Renasem. As matrizes são monitoradas durante todo o ano, a fim de manter a sanidade do material. Além disso, a produção de frutos nestas plantas é restringida para evitar um desgaste excessivo de suas reservas e consequentemente um enfraquecimento das borbulhas.

A enxertia é geralmente feita no final do inverno, pelo método de garfagem de fenda cheia, em seguida os enxertos são amarrados com uma fita plástica e envoltos por um saquinho plástico para manter a umidade em sua volta.

Cuidados

Alguns cuidados necessitam ser tomados no momento da enxertia, como por exemplo, o diâmetro do enxerto e do porta-enxerto devem ser próximos. Além disso, o câmbio (região entre a casca e o lenho), tanto do enxerto quanto do porta-enxerto, devem estar em contato.

O saquinho plástico precisa ser retirado com aproximadamente 30 dias, pois as gemas vão começar a brotar, no entanto, a fita que segura o enxerto deve ser retirada com pelos menos 50 dias, para uma perfeita soldadura na região da enxertia. Todas as brotações oriundas do porta-enxerto devem ser retiradas. 

A nutrição das mudas deve ser equilibrada a fim de proporcionar mudas bem desenvolvidas e robustas, que possam passar pelo processo de plantio a campo sem grandes estresses, o que atrasa demasiadamente o desenvolvimento da futura planta.

Aclimatização

Outro fator extremamente importante antes de a muda ir para o produtor é a aclimatização da mesma, pois a muda sai de um ambiente totalmente controlado, que é o viveiro, e vai para sol pleno, nem sempre com irrigações suficientes.

A aclimatização pode ser feita reduzindo o nível de sombreamento do telado, que geralmente inicia com 50%. O raleio das mudas também é importante, visto que quando estão juntas ocorre um autossombreamento provocado pelas próprias folhas, ou também pela aplicação de “protetores solares”, como o produto Caulin ou mesmo uma Calda Bordalesa mais concentrada.

Uma muda saudável, vigorosa e com garantia de procedência é fundamental para se ter um abacateiro produtivo e precoce, trazendo retorno do investimento feito no menor tempo possível, garantindo a viabilidade da lavoura.

Exija sempre a nota fiscal das mudas no momento da compra.

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