O
Instituto Agronômico (IAC) libera três novas variedades de cana-de-açúcar ao
setor sucroenergético, juntamente com o Boletim Técnico que aborda esses novos
materiais para o Centro-Sul do Brasil. A liberação oficial será nesta
terça-feira, 23 de novembro de 2021, em Ribeirão Preto, no Centro de Cana do
IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Com
características de alta produtividade, modernidade e adaptação ao plantio e à
colheita mecanizados, as novas variedades chegam para ampliar o leque de opções
de material vegetal para canavicultores e usinas e já têm aprovação de
usuários. A liberação será feita durante a Reunião do Grupo Fitotécnico IAC,
quando também será disponibilizado o boletim Técnico com informações do Censo
Varietal IAC de Cana-de-açúcar no Brasil, safra 2019/2020, e na Região
Centro-Sul, safra 2020/2021.
O pacote tecnológico que caracteriza as três novas variedades envolve elevada
produtividade ao longo dos cortes, alto teor de sacarose, resistência às
principais doenças da cultura e porte ereto, com indicação para diversos
ambientes e ótimos desempenhos em diferentes regiões brasileiras.
A IACSP04-6007, IACCTC05-2562 e IACCTC05-9561 compõem a 21ª liberação de
variedades do Programa Cana IAC. As três novas variedades podem ser cultivadas
nas regiões canavieiras de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Paraná. Cada uma carrega características que as adaptam às
diversas condições de ambiência, apresentando resultados que dependem de sua
instalação de acordo com os nichos previstos no desenvolvimento feito pelo do
Programa Cana IAC.
“As três novas variedades vêm compor o arsenal biológico que contribuirá
para a verticalização da produtividade dos canaviais paulistas e
brasileiros”, diz o líder do Programa Cana IAC e diretor-geral do
Instituto Agronômico, Marcos Guimarães de Andrade Landell.
Com produtividade 13% superior à variedade mais plantada no Brasil atualmente,
a IACSP04-6007 é uma ótima alternativa para o setor sucroenergético. Esse
acréscimo representa 10 toneladas a mais de cana por hectare. “Esses
ganhos são ainda maiores nos nichos regionais para onde ela é indicada”,
afirma Landell. É também muito versátil por apresentar excelente adaptação à
região Sul e Centro Paulista até o Norte do Paraná e o Mato Grosso do Sul.
As três variedades reúnem excelentes características agroindustriais. O porte
ereto contribui para o melhor desempenho das máquinas no plantio e colheita
mecanizados.
A IACSP04-6007 e a IACCTC05-9561 têm alta velocidade de crescimento inicial,
característica que faz suas folhas fecharem mais rapidamente, causando sombras
que evitam o surgimento de plantas daninhas. “Essa característica de
fechar bem resulta numa espécie de guarda-chuva foliar, que protege a planta ao
combater as ervas daninhas”, explica. O benefício alcançado é a redução do
uso de herbicidas. O crescimento veloz também permite seu plantio mais tardio.
“Estamos bem impressionados com o desempenho da variedade IACSP04-6007,
pois vem se adaptando muito bem nos nossos ambientes de produção, que são muito
restritivos. A variedade é rústica, estável ao longo dos cortes, mantém peso e
ATR altos, principalmente nos anos que enfrentamos seca severa”, diz Darci
Emerson Moro Conche, gerente agrícola da usina Zilor, em Quatá, interior
paulista.
A IACSP04-6007 foi originalmente selecionada na região Sudoeste do Estado de
São Paulo, onde há menor déficit hídrico. Já apresenta áreas expressivas de
cultivo nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, além de estar também na
própria região de origem, no município de Assis, interior paulista. Atualmente,
tem despertado muito interesse e vem ganhando espaço nas regiões Norte e Oeste
do Estado, além do Triângulo Mineiro.
“Apesar de oriunda de região de clima mais ameno, quando em região mais
quente, também tem se destacado inclusive em Goiás e Oeste paulista, desde que
em solos com melhor capacidade de armazenamento de água”, explica Landell.
A IACSP04-6007 tem ótima maturação desde o início de safra, em abril, até o
final, em setembro.
IACCTC05-9561
Desenvolvida no Oeste baiano, região muito peculiar e com aspectos produtivos
limitantes, a IACCTC05-9561 tem se destacado em condições muito desafiadoras: o
Cerrado brasileiro. É muita adaptada ao Norte de Goiás, onde está sendo
plantada na usina Jalles Machado. Indicada para ambientes médios a favoráveis,
sua adoção também vem crescendo em São Paulo, e Paraná.
O coordenador de pesquisa do Grupo Jalles Machado, Waldemir Queiroz, também
elogia a IACCTC05-9561: “Sua produtividade inicial é em torno de 120
toneladas, por hectare, nos ambientes da Jalles juntamente com a melhoria de
ambiência da Usina”, afirma.
Dentre as inúmeras características positivas da IACCTC05-9561, destaca-se a
ótima adaptação à mecanização e uma excelente opção nos manejos avançados de
canavicultura. “Além disso, a uniformidade biométrica e o rápido
crescimento proporcionam a ela excelentes produtividades ao longo dos
cortes”, comenta Landell.
IACCTC05-2562
A IACCTC05-2562 tem crescimento inicial mais lento, portanto, tem menor volume
de folhas. Isso é positivo porque, no período da seca, quanto mais folhas tiver
a planta, maior será a perda hídrica pela massa foliar. “A cana com fitomassa
não muito grande fica mais protegida do déficit hídrico, por não perder tanta
água pela evapotranspiração”, esclarece o cientista do IAC, da Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Para Marcio Pereira, encarregado de variedades da Unidade Santo Antônio, Grupo
Balbo, a IACCTC05-2562 se destaca pela adaptação à mecanização, facilidade de
brotação e boa longevidade. “Mesmo em cortes avançados nos nossos viveiros
colhidos mecanizados, ela não tem falhas”, comenta Pereira.
Desenvolvida na região de Ribeirão Preto, a IACCTC05-2562 é originária da
variedade CTC4, uma das mais plantadas, com o diferencial de ter boa
resistência à ferrugem, além do bom desempenho do Paraná até Tocantins. Em bons
ambientes e ela tem alto desempenho. “É uma variedade que nasce muito bem,
fecha muito bem as entrelinhas e colhe muito bem”, resume Landell.
Estratégia de alto potencial para nichos regionais
O pesquisador ressalta que essas novas variedades comerciais foram
desenvolvidas dentro da estratégia de alto potencial para nichos regionais. A
composição do canavial deve ser diversificada, isto é, devem ser usadas cerca
de dez diferentes variedades para seguir a recomendação de cada material
representar, no máximo, 15% da área total. “A complexidade é o que leva à
produtividade de 120 toneladas, por hectare, na média dos cinco cortes,
otimizando os nichos regionais e usando as variedades mais adaptadas a cada
localidade”, complementa.
O Programa Cana IAC adota a estratégia de identificar todas as variedades
desenvolvidas com seus perfis regionais para que o produtor não erre ao
escolher determinada variedade para a sua região. O objetivo é disponibilizar
as orientações como se fosse uma “bula”, que traz todas as
características dos materiais biológicos e seus respectivos desempenhos de
acordo com o ambiente onde são plantados.
Por que é importante o porte ereto da cana?
As máquinas de plantio e colheita de cana funcionam melhor com canas de porte
ereto. Na colheita mecanizada, as folhas são descartadas e deixadas no solo,
conservando-o de processos erosivos e livrando-o de perdas hídricas. Além disso
a cana ereta ajuda a reduzir a impureza mineral, que resulta do contato da cana
com o solo, no momento da colheita. “Quando a cana tomba e encosta no chão,
as impurezas vão para dentro da indústria, reduzindo a qualidade da cana”,
explica Landell.
Outro fator que contribui para o funcionamento das máquinas é a uniformidade
biométrica da cana, isto é, a planta ter a mesma altura e o diâmetro de colmos
“Os equipamentos de plantio e colheita funcionam melhores quanto maior a
uniformidade do material biológico”, atesta.
Boletins podem ser acessados no site do IAC
O Boletim Técnico que aborda as novas variedades de cana – IACSP04-6007,
IACCTC05-2562, IACCTC05-9561 -, e o Boletim Técnico com informações do Censo
Varietal IAC de Cana-de-açúcar no Brasil, safra 2019/2020, e na Região
Centro-Sul, safra 2020/2021, podem ser acessados no site do Instituto
Agronômico. “Os boletins estão disponíveis na versão impressa e on-line,
com redação técnica, tornando a comunicação prática e acessível entre o IAC e o
público usuário”, comenta o pesquisador e diretor do Centro de Cana IAC,
Mauro Alexandre Xavier.
A transferência dessas tecnologias IAC ocorre neste mês de novembro, quando a
Secretaria de Agricultura completa 130 anos.