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Novidade – Minimelancias com microssementes comestíveis

 

Rafael Campagnol

Engenheiro agrônomo, doutorando pela ESALQ/Depto de Produção Vegetal

rcampagnol@usp.br

Eduardo Suguino

Pesquisador científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) – Polo Centro Leste

esuguino@apta.sp.gov.br

 

 Crédito Itaueira
Crédito Itaueira

A produção de minimelancias sem sementes atende um nicho de mercado cujo consumidor é extremamente exigente, porque procura por frutas premium, ou seja, mais saborosas que as encontradas normalmente nas prateleiras dos supermercados. Hoje, a produção de melancia sem semente visa o mercado de exportação, principalmente a Europa.

As microssementes, pequenas sementes brancas, encontradas na polpa desses tipos de melancias são, na verdade, apenas sementes atrofiadas, flácidas e que podem ser comidas juntamente com a polpa, sem necessidade de separação.

Esse material foi desenvolvido primeiramente pelos japoneses, que duplicaram a ploidia da melancia de 2n para 4n e cruzaram esse material com outro de ploidia 2n, obtendo, assim, um material triploide que apresentava sementes inviáveis ou não apresentavam sementes.

A polinização é necessária para que os ovários das flores triploides se desenvolvam mesmo que não tenha ocorrido sua fecundação - Shutterstock
A polinização é necessária para que os ovários das flores triploides se desenvolvam mesmo que não tenha ocorrido sua fecundação – Shutterstock

Mercado

A sociedade promoveu determinadas alterações no comportamento das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos, fazendo com que muitos se adaptassem a morar em espaços pequenos com famílias cada vez menores, que se tornou uma tendência principalmente nas populações de classe média e alta.

Esta mudança estabeleceu a criação de nicho de mercado específico para este tipo de produto (minimelancias) que demandam frutos com peso situado na faixa de um a três quilos, que concilia o desejo de consumo com a facilidade de ocupar pouco espaço nos refrigeradores.

Para este segmento surgiram algumas cultivares de melancia que variam em tamanho, formato, cor e presença ou não de sementes. Neste último exemplo é possível verificar a presença das “sementes brancas“, que na realidade são resquícios de uma formação incompleta.

 O cultivo em ambiente protegido apresenta como diferencial a condução da planta na vertical - Crédito Shutterstock
O cultivo em ambiente protegido apresenta como diferencial a condução da planta na vertical – Crédito Shutterstock

Menores no tamanho, maiores no sabor

José Roberto Prado, diretor comercial da Itaueira, empresa produtora de frutas diferenciadas, diz que esse é um nicho recente, e acredita que o mercado tenha bom potencial de crescimento. “É difícil dimensionar esse mercado, mas estamos arriscando e apostando“.

Produtora dos melões e minimelancia da marca Rei, a Itaueira produz cada uma de suas frutas com um cuidado no cultivo e logística, que comprovam o rótulo de Saboroso nos mercados nacional e internacional. A qualidade das frutas desse produtor é garantida por um rigoroso controle, que começa desde a escolha das melhores sementes até a entrega nas mãos do consumidor.

Sabor e praticidade melhorados geneticamente - Crédito Shutterstock
Sabor e praticidade melhorados geneticamente – Crédito Shutterstock

Manejo

Para produzir a minimelancia sem sementes é preciso plantar a melancia com semente, que não tem valor comercial para cada duas sem sementes, para que então ocorra a polinização, ou seja â…“ do que se planta não será colhido.

“Nosso foco não é o fato de serem melancias sem sementes, mas sim de ser uma minimelancia saborosa, e para isso temos que cuidar muito da adubação e da irrigação, para conseguir o sabor que o consumidor exige“, ensina José Roberto.

A produção de minimelancias atende um nicho de mercado de consumidor exigente - Crédito Shutterstock
A produção de minimelancias atende um nicho de mercado de consumidor exigente – Crédito Shutterstock

Custo de produção

Como o desenvolvimento da qualidade final é lento, pois é preciso garantir uma fruta saborosa, José Roberto afirma que os primeiros três anos foram de aprendizado para a Itaueira, sendo que dentro de mais algum tempo a empresa deverá começar a ter retorno.

“A Itaueira ainda não exporta a minimelancia, pois nossa prioridade é o mercado interno, que depois de atendido passa às exportações“, considera o diretor da empresa.

Novidades

Há muitas novidades em pesquisas, como melancias com casca amarela e polpa vermelha, com casca verde e polpa amarela, de tamanhos variados, de elevadas produções, mas o objetivo da Itaueira é sempre a melancia saborosa, com gosto de ‘quero mais’.

E para quem pensa que toda essa estrutura foi montada por um grupo de investidores japoneses, a reposta é: uma empresa familiar, que nasceu no nordeste do país e ganhou espaço além do mercado brasileiro – Estados Unidos, Canadá, Holanda, Espanha, Itália e Rússia. A Itaueira foi fundada em outubro de 1983, com o cultivo de caju; hoje, suas fazendas produzem por ano, 70 mil toneladas de melão e minimelancia mais saborosos do mercado.

As operações comerciais são administradas de São Paulo, em um escritório onde seu diretor comercial acompanha a fase final de distribuição e os melões e minimelancias recebem a última inspeção, antes de seguir para os atacadistas da capital e interior desse Estado.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura integral.

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