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Novidades no manejo da sigatoka-negra das bananas

Ana Carolina Batista Bolfarini

Engenheira agrônoma e mestre em Agricultura/Horticultura

anacarolinabolfarini@hotmail.com

 

Crédito Valmir Duarte
Crédito Valmir Duarte

Diferentes doenças atingem a cultura da bananeira, mas de todas as infecções fúngicas a doença sigatoka-negra é considerada a mais severa, devido à sua ocorrência generalizada em muitos países, o impacto negativo na produção e qualidade dos frutos e sua ação sobre cultivares pertencentes a diferentes grupos genômicos.

Atualmente, a sigatoka-negra, causada pelo fungo MycosphaerellafijiensisMorelet (forma assexuada: Pseudocercosporafijiensis (Morelet) Deighton) é uma das doenças da bananeira que mais preocupa o setor brasileiro, já que se não tratada adequadamente pode destruir totalmente um bananal. Por isso, há uma demanda urgente por técnicas que controlem essa doença de forma eficiente e econômica.

Variedades da doença

Existem dois tipos de sigatoka, assim chamada porque sua primeira descrição foi feita nas Ilhas Fiji, no Vale de Sigatoka. A primeira, amarela, é uma variedade menos agressiva da doença e apresenta pontuações escuras contornadas de amarelo na folha da planta.

Já na sigatoka-negra, tanto as estrias foliares como as lesões são de coloração negra e normalmente não apresentam o característico halo amarelo. Porém, quando os dois tipos de sigatoka coexistem na mesma folha, planta ou plantação, fica difícil diferenciá-las apenas pelos sintomas, sendo necessária a observação das estruturas morfológicas da fase assexuada do fungo.

Contudo, o diagnóstico mais acurado pode ser obtido por meio de técnicas moleculares baseadas em PCR – Reação em Cadeia da Polimerase, a qual amplifica uma sequência específica do DNA do patógeno.

Sintomas da sigatoka-negra em bananeira - Crédito UFRSS
Sintomas da sigatoka-negra em bananeira – Crédito UFRSS

Prejuízos

Os prejuízos causados pela sigatoka-negra em plantações de banana são imensos e podem afetar tanto a qualidade dos frutos como o rendimento da cultura. As manchas foliares decorrentes da ação do fungo reduzem a área fotossintetizante da planta e podem provocar severo desfolhamento, fazendo com que o tamanho dos frutos, das pencas e dos cachos e o número de pencas por cacho e, em consequência, o rendimento por unidade de área sejam severamente afetados.

Além de afetar a qualidade física dos frutos (tamanho dos dedos) e a produtividade, a doença provoca a maturação precoce da banana ainda no campo ou durante o transporte para o mercado. Com isso, a vida pós-colheita da fruta é reduzida e a comercialização prejudicada.

No Brasil, a Sigatoka-negra já atingiu várias regiões dos Estados do Acre, Rondônia, Amapá, Roraima, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, além do Estado do Amazonas, onde foi primeiramente constatada a presença da doença.

Disseminação

O desenvolvimento das lesões e a disseminação dos esporos de M. fijiensis são fortemente influenciados por fatores ambientais como umidade, temperatura e vento. As condições climáticas propícias para o surgimento da doença ocorrem com temperaturas na faixa de 25 a 28ºC, umidade relativa de cerca de 80% e período chuvoso prolongado.

O vento, juntamente com a umidade, principalmente na forma de chuva, são os principais responsáveis pela liberação dos esporos do fungo e sua disseminação. Dessa forma, a curta distância os principais agentes de disseminação do fungo são o vento, a chuva e a água de irrigação.

A longas distâncias, mudas doentes e folhas infectadas, comumente utilizadas como proteção dos cachos durante o transporte para evitar ferimentos nos frutos, são os meios mais eficientes e rápidos de disseminação do patógeno para áreas livres da doença.

Sintomas da sigatoka-negra em bananeira - Crédito UFRSS
Sintomas da sigatoka-negra em bananeira – Crédito UFRSS

Sintomas

Os primeiros sintomas da sigatoka-negra aparecem na face inferior das folhas mais jovens da planta, como manchas cloróticas. Posteriormente, uma estria discreta de cor marrom torna-se visível nas faces superior e inferior da folha.

Com a evolução da doença há a formação de uma mancha que vai aumentando de diâmetro e comprimento, a qual muda para a coloração preta e, na fase mais avançada da doença, para cinza-claro. É neste estágio que a folha começa a morrer.

Várias são as medidas que podem ser utilizadas no controle da sigatoka-negra. Nos municípios ou regiões do País onde a doença ainda não ocorre, devem-se seguir as medidas de exclusão, ou seja, evitar o trânsito de materiais vegetais contaminados que possam introduzir o patógeno.

Nos locais onde a doença já ocorre, recomenda-se integrar os controles genético, cultural e químico, pois é a estratégia ideal do ponto de vista econômico, socioambiental e sustentável.

 

A aplicação de fungicidas ainda é o manejo mais usado - Crédito Síglia Regina dos Santos
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Algumas técnicas e produtos inovadores foram lançados no mercado - Crédito Síglia Regina dos Santos
Algumas técnicas e produtos inovadores foram lançados no mercado – Crédito Síglia Regina dos Santos

Essa matéria completa você encontra na edição de julho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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