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Nutrição na dose certa para o cafeeiro

Autor

Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com
Fotos: Shutterstock

A exigência nutricional é um dos principais fatores na produtividade do cafeeiro, assim, com o desenvolvimento de cultivares mais produtivas dos programas de melhoramento e a expansão das lavouras para solos de baixa fertilidade é essencial entender o comportamento dos nutrientes no solo e na planta a fim de evitar problemas de deficiência nutricional que possam vir a prejudicar a eficiência dos programas de adubação na cafeicultura.

Além disso, cada nutriente é responsável por determinado processo fisiológico na planta, atuando em diversas funções metabólicas e podendo alterar de forma positiva ou negativa tais processos.

Assim, entender a dinâmica dos nutrientes e sua função nos processos fisiológicos do cafeeiro auxiliam na redução dos riscos de baixa produção, evitando problemas de déficit ou excesso (toxidez) por elementos, além de propiciar uma qualidade melhor do produto final e, consequentemente, um padrão superior de bebida.

Na dose certa

O nutriente, de acordo com sua aptidão, pode desempenhar diversas funções no metabolismo da planta, determinando ou influenciando seus diversos processos vitais. Os elementos considerados essenciais para o cafeeiro são classificados em:

Ü Macronutrientes: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, demandados em maior quantidade pela planta.

Ü Micronutrientes: boro, zinco, cobre, ferro, manganês, cloro e molibdênio, demandados em menor quantidade pela planta.

Conceito

Na área de nutrição de plantas, dois conceitos são fundamentais para entendimento de todos os processos quem a compõem: a extração e a exportação de nutrientes. Entende-se por extração a quantidade de nutrientes que a planta, no caso o cafeeiro, retira do solo e fica contida em todas as suas partes (raízes, caule, ramos, folhas, flores e frutos).

Exportação de nutrientes é a parte da extração que deixa o local como componente de partes vegetais, como frutos e troncos, no caso de podas (Mesquita et al., 2016).

De acordo com a situação, os nutrientes exportados podem ser devolvidos parcialmente ao solo na forma de adubos, como, por exemplo, ao se utilizar da palha (casca dos frutos após beneficiamento, por exemplo), nas lavouras. Quanto maior a exportação de nutrientes de um local de produção, também maior será a necessidade de reposição ao cultivo para atender as contínuas demandas da cultura.

A realização do balanço dos nutrientes com base apenas na dose, a partir da diferença entre a entrada e a saída de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), pode ser utilizada como indicador de sustentabilidade do sistema de produção e da eficiência de uso dos nutrientes (Dechert, 2005). Contudo, embora a adubação influencie na qualidade da bebida, são raros os trabalhos que a relacionam com a mineralogia do solo, os tratos culturais, a composição da folha e dos frutos de cafeeiro.

Recomendações

A demanda de NPK para a produção de uma saca e a vegetação do cafeeiro, em um hectare, é igual a 6,2; 0,61 e 5,9 kg.saca-1.ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente. Assim 3,6; 0,38 e 2,9 são necessários à vegetação, enquanto que 2,6; 0,23; e 3,0 kg.saca-1.ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente, são destinados à produção dos grãos (Matiello et al., 2010).

Na maioria das regiões, o nitrogênio (N) é frequentemente um dos nutrientes mais exigidos na produção cafeeira. Sua disponibilidade está relacionada ao crescimento, ao vigor e ao rendimento da planta, assim como a cor e o teor de proteínas. O N faz parte da molécula de cafeína, que é um alcaloide que contém princípio estimulante do sistema nervoso.

Já o fósforo (P) é um nutriente relativamente pouco exigido pelo cafeeiro, além de ser muito pouco exportado em relação aos outros macronutrientes. É, também, um elemento essencial na fotossíntese, no metabolismo de açúcares, no armazenamento e na transferência de energia, na divisão celular, no alargamento das células e na transferência da informação genética.

Promove a formação inicial, o desenvolvimento da raiz e o crescimento inicial da planta, acelera a cobertura do solo para a proteção contra a erosão, afeta a qualidade dos frutos e é vital para a formação dos grãos. Em solos de baixa fertilidade, altamente intemperizados de regiões tropicais, o alto poder de fixação do P torna comum os sintomas de deficiência desse nutriente.

Em relação ao potássio (K), é exigido e exportado em grande quantidade pelo cafeeiro. Está diretamente relacionado com a produção devido a sua função na síntese de carboidratos nas folhas e seu transporte para os frutos e outros órgãos. Tem sido considerado o elemento da qualidade em nutrição de plantas. 

O K constitui um elemento livre na regulação de processos essenciais e interage com quase todos os outros elementos. Dentre suas várias funções, a mais importante está na ativação enzimática; uso eficiente da água; fotossíntese; transporte de açúcares, água e movimento de nutrientes; síntese de proteínas; formação de amido e qualidade da bebida do café.

Máxima produtividade do cafeeiro

Ao contrário dos frutos, que têm grande força de dreno e, portanto, podem comprometer o pleno crescimento das plantas, o sistema radicular é considerado dreno fraco (Rena e Maestri, 1986), ou seja, em anos de alta produtividade as raízes têm acesso a menor quantidade de fotoassimilados para crescer ou mesmo se manter, principalmente no caso de manejo inadequado da cultura (nutrição inadequada, concorrência de plantas daninhas, etc.).

Assim, manter o bom desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro é essencial para reduzir o comportamento sazonal das plantas, além de melhorar a qualidade da produção.

Resultados de campo

Fatores como as condições climáticas (umidade relativa alta, temperaturas amenas, excesso de insolação e déficit hídrico), bem como o estado nutricional deficiente ou desequilibrado da planta podem favorecer a incidência e a severidade de patógenos.

Dentre os fatores que podem levar a problemas no estado nutricional das plantas estão o substrato pobre para a formação de mudas, textura de solo inadequada (argiloso ou muito arenoso), sistema radicular deficiente, compactação do solo, deficiência de nitrogênio, excesso de potássio ou desequilíbrio da relação N/K.

Além disso, o adensamento, por exemplo, ocasiona a redução na produção por planta, apesar de contribuir para o aumento da produtividade por área. Outro fato interessante sobre o adensamento é que o mesmo eleva a eficiência da planta na recuperação de nutrientes e isto auxilia na redução da quantidade de fertilizantes a ser aplicada.

Tendo em vista a produção agroecológica e orgânica, a nutrição e a adubação do cafeeiro devem receber atenção especial no que diz respeito à fertilidade do solo, que deve ser mantida ou melhorada por meio da utilização de recursos naturais. Neste caso, deve-se optar pela utilização de recursos disponíveis no local, como subprodutos orgânicos visando a disponibilidade de nutrientes as plantas, de forma ampla e diversificada.

Além disso, etapas como a ciclagem de nutrientes são essenciais, o que é conseguido por meio de restos culturais, compostos e resíduos orgânicos, sistemas agroflorestais (SAF’s) e leguminosas, ou por plantas espontâneas.

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