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O cálcio e a podridão apical do tomateiro

Lucas BaiochiRiboldi

Doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz“ (USP)

Paulo Roberto de Camargo e Castro

Doutor em Agronomia e professor titular da ESALQ/USP

prcastro@usp.br

Créditos Lucas Baiochi Riboldi
Créditos Lucas Baiochi Riboldi

O cálcio é um nutriente constituinte da estrutura das plantas e também da sua parte funcional. No solo, esse macronutriente é pouco móvel e compete com outros cátions, como o alumínio, hidrogênio, potássio, magnésio, manganês e sódio, para sua absorção.

A absorção e transporte do cálcio pelas plantas ocorre por fluxo transpiratório, dissolvido em água, sendo que esse nutriente é mobilizado das raízes para a parte aérea das plantas, principalmente para as folhas, onde ocorre intensa transpiração, mas também para outras partes da planta.

Entretanto, existem diversas barreiras para o cálcio atingir todos os órgãos vegetais. Sua translocação ocorre exclusivamente pelo xilema, sendo determinada pela taxa de transpiração e pelo crescimento dos diferentes órgãos da planta.

Assim, as trocas gasosas ocorrendo na superfície foliar ajudam a água e os nutrientes, como o cálcio, a dirigir-se aos tecidos em crescimento. Uma vez o cálcio atingindo esses tecidos ele torna-se menos móvel. Essa mobilidade está diretamente relacionada com o papel do nutriente na planta.

Entenda melhor

A maior parte do cálcio nos tecidos está ligada à parede celular. Sua função estrutural está relacionada com a estabilização das cadeias de pectina. Assim, o cálcio é ligado a essas moléculas de pectina esterificadas que atuam como reforços para as cadeias celulósicas em vários tecidos vegetais.

Além disso, o cálcio exerce um importante papel na estabilização das membranas. Tem sido verificado nos frutos de tomate, durante a fase de rápida expansão, que ocorre um aumento da quantidade de cálcio ligado à membrana plasmática nos frutos normais e um decréscimo do nutriente nas membranas de células plasmolizadas em tecidos de fruto com sintomas de podridão apical. Essa anomalia nos frutos do tomateiro é um sintoma clássico.

As diferentes cultivares de tomateiro manifestam variações na ocorrência de podridão apical - Créditos Lucas Baiochi Riboldi
As diferentes cultivares de tomateiro manifestam variações na ocorrência de podridão apical – Créditos Lucas Baiochi Riboldi

Genótipos e parâmetros fisiológicos

As diferentes cultivares de tomateiro manifestam variações na ocorrência de podridão apical. Cultivares de frutos menores e mais achatados apresentam menor incidência, ao passo que frutos alongados apresentam maior ocorrência.

Existe, hoje, no mercado uma tendência à seleção de tomateiros que apresentam maior tolerância à podridão apical, entretanto, como é uma desordem causada por diversos fatores atuando em conjunto, fica difícil prever a incidência de podridão apical em um determinado plantio.

Muitos estudos enfatizam a importância da concentração total de cálcio na porção distal dos frutos como um dos principais fatores relacionados à incidência da podridão apical. A anomalia fisiológica, porém, pode estar relacionada com fatores que afetam a distribuição do cálcio entre as folhas e os frutos, como a condutância estomática e a transpiração foliar.

A influência do potencial hídrico na incidência da anomalia é também dependente da intensidade do déficit hídrico. Características morfológicas das folhas que afetam a taxa transpiratória, como a área foliar e a densidade dos estômatos e tricomas, também controlam o transporte de cálcio para as folhas, afetando a incidência da podridão apical nos frutos.

Sintomas de podridão apical em tomateiro - Créditos Lucas Baiochi Riboldi
Sintomas de podridão apical em tomateiro – Créditos Lucas Baiochi Riboldi

Controle

Sob condições de campo, tem-se verificado que a ocorrência de podridão apical é muito menos frequente em solos com pH próximo da neutralidade com cálcio disponível. Solos ácidos, deficientes em cálcio, devem ser supridos de calcário dolomítico antes do plantio, visando fornecer cálcio, mas também equilibrar o pH.

Em condições de alta radiação solar e altas temperaturas, com baixa umidade relativa do ar, ocorre predominantemente uma absorção passiva da água da solução do solo (água + sais minerais dissolvidos) devido à alta demanda transpiratória através dos estômatos das folhas, fazendo com que esses sais, incluindo o cálcio, se dirijam preferencialmente às folhas e menos aos frutos, provocando a podridão apical.

Durante períodos chuvosos, nublados, de turbidez atmosférica, com a redução da transpiração, ocorre absorção osmótica de água (processo que também se verifica no escuro), quando a solução do solo com cálcio presente, é melhor distribuída na planta em turgescência, atingindo os frutos e evitando a ocorrência da podridão apical.

Assim sendo, pode-se restringir esses sintomas de deficiência de cálcio efetuando-se pulverizações foliares com antitranspirantes das diversas naturezas: de camada delgada como oxietilenodocosanol (óleo de colza), refletor como caulim e metabólico como atrazine em baixa concentração.

Pulverizações frequentes durante a fase reprodutiva do tomateiro com soluções de cloreto de cálcio a 0,4% também evitam a ocorrência da podridão apical.

Além disso, tem-se mostrado bem efetivo o uso de biorreguladores para o controle da podridão apical. A giberelina, biorregulador de uso amplo na agricultura, promove um aumento no tamanho dos frutos e em muitos casos um aumento na incidência da podridão.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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