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sexta-feira, abril 19, 2024
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O fósforo otimização do sistema radicular do feijoeiro

Autor

Marco Túlio Gonçalves de Paula
Engenheiro agrônomo e mestrando em Qualidade Ambiental – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
mtulio.agro@gmail.com
Fotos: Shutterstock

Dentre os macronutrientes essenciais para o ciclo vital da planta nos sistemas de cultivo em geral, o mais preocupante em se manejar adequadamente é o fósforo. Os solos brasileiros, principalmente na região do cerrado, onde é cultivado boa parte do feijão produzido no Brasil, têm uma afinidade muito grande pelo elemento em questão, fazendo com que ele esteja presente, mas nem sempre disponível para absorção pelas raízes.

Como agir

O manejo da adubação com fósforo não envolve somente a aplicação de fertilizantes compostos pelo nutriente. Pelo fato de ser um elemento absorvido principalmente por difusão, a área de cultivo precisa estar sempre descompactada, aumentando assim a porosidade e reduzindo a superfície de contato e a pressão de fixação do fósforo nas cargas do solo.

A falta de umidade no solo ocasionada pelos veranicos, evento comum nas lavouras não irrigadas, afeta diretamente a disponibilidade de P2O5 para as plantas. Portanto, qualquer estratégia de manejo que aumente a retenção de umidade pelo solo, por meio da formação de palhada e aumento da matéria orgânica, ou que reduza o efeito de compactação da área, potencializam a eficácia da adubação.

Outra etapa do cultivo que deve ser muito bem manejada para que se tenha um melhor aproveitamento do fósforo no solo é a calagem. Uma quantidade bem recomendada de calcário, observando os índices de cada base do solo e fornecendo de forma equilibrada, resulta em uma disponibilidade adequada de magnésio, sendo este um nutriente carregador de fósforo, ou seja, na presença de um a absorção do outro é aumentada, além de superar a inibição do crescimento radicular ocasionada pelo alumínio. Sendo assim, as práticas de correção do solo e adubação fosfatada devem andar lado a lado.

Favorecimento do sistema radicular do feijoeiro

A importância do fósforo e sua essencialidade está na dependência da planta pelas estruturas que ele compõe, como por exemplo, a dupla camada de fosfolipídeos da membrana plasmática de cada célula que arquiteta as partes vegetais, assim como a participação do elemento nos processos fotossintéticos e fisiológicos, estando presente na molécula de ATP, que é basicamente a energia que move a planta.

Na sua deficiência, acontece a produção de antocianinas e seu acúmulo nas folhas, dando a ela coloração roxa, além da redução do sistema radicular.

O crescimento radicular é resultado de uma intensa multiplicação celular nos pontos de crescimento da planta abaixo da terra. Para que o sistema radicular cresça o máximo possível dentro de seu potencial, esse processo deve ser contínuo, e a demanda por energia (ATP) ocorre em grande quantidade. Além de compor a ATP (adenosina trifosfato), o fósforo influencia diretamente na multiplicação celular.

Em suma, além de outras técnicas de manejo que melhoram e aumentam o crescimento das raízes, como a correção com calcário e a gessagem, uma boa adubação fosfatada, observando o teor do elemento no laudo da análise de solo e a extração da cultura, garante um dossel de plantas com sistema radicular mais volumoso, potencializando a absorção de água e nutrientes, conferindo maior resistência das plantas às épocas mais secas e, consequentemente, produzindo mais.

Manejo de aplicação e implantação da técnica

O primeiro passo para o sucesso na recomendação de adubação fosfatada na cultura do feijoeiro é a análise do solo, que deve ser feita de forma bem representativa. Para a cultura do feijão, a correção do solo deve ser feita baseando na saturação das bases da CTC de pelo menos 70%, ocupando 15 a 17% desta com magnésio para auxiliar na absorção do fósforo pelo solo.

Como mais de 80% do fósforo absorvido é exportado pelos grãos colhidos, deve-se repor o nutriente em todos os cultivos. A recomendação da adubação fosfatada será baseada no teor de fósforo detalhado no laudo de solo e na produtividade esperada pelo agricultor.

As propriedades produtoras de feijão consideradas modelo constroem todo o manejo visando 65 a 70 sacas do grão por hectare, o equivalente a 4.200 toneladas de feijão colhido para cada hectare plantado, e para atender essa expectativa de produção trabalha-se com pelo menos 70 kg por hectare de P2O5.

Sendo o feijão uma planta de ciclo rápido, podendo finalizar sua produção em até 90 dias após semeado, a adubação deve ser feita com fertilizantes mais solúveis e prontamente disponíveis para as plantas absorverem, que é o caso do fosfato monoamônimo (MAP) e do superfosfato simples, com média de 48 e 18% de P2O5, respectivamente.

Os formulados N-P-K podem ser uma boa opção, por já fornecerem, além de nitrogênio e fósforo, como é o caso do MAP, também o potássio, que, em pequena quantidade no sulco de semeadura pode resultar em ganhos de produtividade. De acordo com a fonte escolhida e a concentração de P2O5, recomenda-se qual a quantidade do adubo deve ser aplicada.

Para adubação com fósforo, o fertilizante deve ser aplicado no sulco de semeadura, 5,0 cm abaixo e ao lado da semente para evitar queimas. Se a fonte escolhida for um formulado N-P-K, observa-se a quantidade aplicada de nitrogênio e potássio, que em excesso pode acarretar na queima das raízes.

Disponibilizando o fósforo por meio de fontes mais solúveis e disponíveis para absorção radicular, a planta emite as novas radicelas direcionadas para as concentrações de fósforo na solução do solo.

Cuidados na cultura do feijão

Um dos pontos mais tocados na agricultura moderna é a adubação a lanço na superfície do solo. Para os elementos potássio e nitrogênio, essas práticas são extremamente eficientes e usuais, garantindo fornecimento adequado dos nutrientes em questão e agilizando o operacional da fazenda.

Contudo, para o elemento fósforo a prática aplicada ao cultivo do feijoeiro pode gerar queda na produtividade e ineficiência da adubação. Toda aplicação depende da análise de solo e do teor de cada nutriente em determinada área, porém, para o fósforo a aplicação em sulco de semeadura na cultura do feijoeiro mostra ganhos de produtividade.

A adubação fosfatada é um ponto primordial para ter uma boa produtividade na cultura do feijoeiro, que pode ser bastante rentável, porém, ela não surte o efeito desejado no caso de uma correção de solo mal feita, principalmente em se tratando do magnésio, que possui em seu processo de absorção sinergia com o fósforo.

O manejo adequado de rotação de culturas com o feijoeiro e formação de palhada e matéria orgânica acima e abaixo da superfície do solo reduz o efeito da compactação e auxilia na retenção de umidade, reduzindo assim a fixação do fósforo nas partículas de solo e facilitando o processo de absorção por difusão.

Fósforo: investimento garantido

Diante de todos os benefícios que o fósforo, estando disponível para as plantas, pode oferecer, o custo-benefício da adubação fosfatada é positivo, sendo que 1 ponto ou kg de P2O5 permite à planta produzir quase uma saca de 60 kg de feijão.

O preço médio do ponto de fósforo está próximo de R$5,00 nesta safra, e mesmo não sendo o único compositor da produtividade, é um dos fatores mais limitantes da mesma.

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