Autores
Natalia Nayale Freitas Barroso
nataliaff.agro@gmail.com
Taylane Santos Santos
taylane.santos100@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Graduandas em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas
Luciana da Silva Borges
Doutora e professor da UFRA, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
O planejamento de plantio da cebola deverá seguir as condições climáticas do Brasil, onde ocorre uma diversificação em função das regiões produtoras. A região nordeste, por exemplo, produz o ano inteiro, desde que o produtor invista em um sistema de irrigação e baixa pluviosidade. Já as demais regiões realizam seus cultivos entre março e novembro, onde se tem temperaturas mais adequadas e baixa incidência de chuva, o que contribui para a baixa ocorrência de pragas e doenças no cultivo da cebola.
Opções
As cultivares disponíveis visam atender as exigências do consumidor brasileiro, que prefere bulbos de tamanho médio (50 – 90 mm de diâmetro), de formato globular, com catáfilos (escamas) externos de cor amarela, e internos de cor branca e sabor pungente.
O mercado ainda é limitado para cebolas de sabor suave e doce, preferidas para saladas, e para cebola brancas, preferidas pela indústria. Quando se pensa no planejamento, do ponto de vista do produtor, é importante que, ao se trabalhar com cebola, o agricultor escolha adequadamente as cultivares em função da região de produção.
Destacam-se as cultivares de verão, com a colheita na entressafra, que possibilitarão a comercialização a nível de exportação, pois com o efetivo funcionamento do Mercosul, a Argentina vem aumentando seu interesse no plantio de cebolas de alta qualidade, que vem a ser o interesse do consumidor de maior nível de renda.
Vantagens dos ciclos precoce e superprecoce
Sabemos que uma cultura expressa seu potencial máximo de produção quando esta é submetida a condições ambientais favoráveis. Essa produção se intensifica ainda mais com o suporte de tecnologias voltadas ao seu cultivo. Portanto, com o intuito de chegar a esse pico de produção, empresas que produzem sementes têm aumentado a criação de cultivares de cebolas mais apropriadas às diferentes regiões e climas, em destaque as cultivares híbridas.
Com a alta importação da cebola argentina pelo Brasil, tem-se feito uma análise mais profunda da escolha da cultivar no País afim de garantir a mesma qualidade e preço que a importada, aumentando então o consumo pelo produto nacional e, consequentemente, refletindo em decréscimo nas importações.
Segundo Filgueira (2000), as cultivares plantadas no Brasil são alocadas em três grupos, que de acordo com a literatura são descritas como ‘cultivares precoces, cultivares de ciclo médio e cultivares tardias’. As cultivares medianas têm um ciclo que dura de cinco a seis meses, e sua exigência por luminosidade é de 11 a 13 horas.
Cultivares com essas características têm uma adaptação regional mais específica e sua exigência por luz se torna um ponto restritivo à cultura, na qual encontramos exemplares brasileiras convencionais.
As cultivares tardias apresentam um ciclo mais longo, que vai de seis a oito meses, e são as que mais exigem luz para o seu desenvolvimento, sendo de 12 horas ou mais de exposição. Elas se adéquam melhor, porém, restritamente ao extremo-sul (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), e não se aconselha o plantio no centro-sul.
Já as cultivares precoces possuem ciclo curto, que dura de quatro a cinco meses da semeadura à colheita. Em relação aos grupos anteriores, essas cultivares são menos exigentes em fotoperíodos, desenvolvendo bulbos sob 10 a 11 horas de luz.
Estas mostram uma variada adaptação do seu cultivo em várias regiões brasileiras, e isso a torna um grupo de cultivar mais vantajosa em comparação às outras, pois sua boa adaptação a diferentes climas, seu rápido ciclo e sua baixa demanda por luz necessária ao seu desenvolvimento fazem com que essa cebola seja comercializada imediatamente após a colheita, sem a necessidade da fase de armazenagem, e com bulbos bem uniformes.
Toda essa rapidez leva ao aumento da demanda e do consumo interno, sem precisar de uma alta importação da cebola Argentina, e ainda por cima com um produto de qualidade e que atende as exigências do consumidor.
Manejo
A cultura pode se desenvolver muito bem em casas de vegetação ou campos abertos, desde que tenha luz diariamente. É importante lembrar que a cebola é sensível ao déficit hídrico, que interfere na formação e maturação do bulbo da hortaliça.
A cebola é até tolerante ao frio, porém, seu desenvolvimento ganha velocidade sob temperaturas mais elevadas, sendo a faixa de 20 a 25°C adequada para as etapas de cultivo. Acima de 35°C a bulbificação pode ser muito mais precoce.
A escolha da cultivar depende das condições climáticas do local de plantio. As consideradas comerciais são classificadas em dois grupos: de dias curtos, com pelo menos 12 horas de luz, e de dias intermediários, com 13 ou mais horas de luz.
Dessa forma, existem três métodos para escolher como a semente será implantada no solo – a semeadura direta, que é realizada em etapa única, distribuindo as sementes no local definitivo, e a semeadura convencional, em que primeiro é semeada a cebola em canteiros ou recipientes próprios para produção, como bandejas; em seguida, quando as mudas estiverem com duas a três folhas, são levadas para o local de cultivo.
Além disso, outro método utilizado e mais trabalhoso é o plantio por bulbilhos, iniciando-se pela semeadura densa em condições de fotoperíodo e temperatura crescentes e, após colher os bulbilhos, é preciso aguardar a quebra da dormência deles, o que demora cerca de 30 dias, para depois transferi-los para o local definitivo.
Espaçamentos
O espaçamento entrelinhas ideal facilita o manejo, e entre plantas deverá ser escolhido levando-se em consideração as recomendações técnicas para a cultivar e as condições locais. Em regiões ou épocas do ano sujeitas à alta umidade são adotados espaçamentos mais amplos entre as plantas, ao passo que em locais ou épocas de baixa umidade os menores são mais adequados.
Dessa forma, em torno de 500 mil plantas por hectare resultam, no geral, em bons rendimentos e bulbos de boa qualidade, e com isso, a colheita é indicada assim que 40% a 70% das folhas tornarem-se amarelecidas ou secas, o que acontece de 100 a 180 dias após o início do plantio, dependendo da cultivar, local e época do ano.
Melhoramento
Segundo especialistas, o uso de variedades híbridas possibilita aos produtores de cebola aumentar a produtividade. Em algumas regiões, como o Triângulo Mineiro e Goiás, é possível obter até 120 toneladas por hectare, além de ampliar o período de plantio e colheita, garantindo oferta constante do produto no mercado.
Além disso, dados da Embrapa mostram que cada vez mais trabalhos e pesquisas no manejo da cultura estão sendo realizados, e com isso o uso de cultivares desenvolvidas e melhor adaptadas às condições regionais têm contribuído para o aumento da produtividade média regional, atualmente em torno de 20,0 t/ha, que apesar de ser superior à média nacional, de 19,6 t/ha, é bastante inferior aos 28,0 t/ha da Argentina, o principal concorrente da cebola nordestina nos meses de abril a junho.
Empresas buscam cada vez mais desenvolver linhas de cebolas híbridas para atender a demanda em diferentes regiões do País, com sementes de alta tecnologia, aumentando assim o número de estações experimentais em vários Estados do Brasil.
Cultivares híbridas recentemente lançadas apresentam folhagem verde escura, com alta cerosidade, elevado potencial produtivo, alto rendimento de caixa, excelente conservação pós-colheita, destacando-se nas gôndolas por sua coloração amarela escura (pinhão) e pelo sabor agradável ao paladar, menos pungente (ardida).
Além desses pontos citados, é importante que o produtor invista em insumos agrícolas, como por exemplo, adubos e sistema de irrigação, principalmente em se tratando da região nordeste.
Expressividade
As regiões sul e sudeste são as principais produtoras de cebola do País, respondendo por aproximadamente 82% da produção nacional. Os resultados são bem expressivos em relação à produtividade com a utilização de variedades híbridas, que possibilitam aos produtores também melhor qualidade de bulbo, podendo atingir até 120 toneladas por hectare em algumas regiões do País.
Quanto à produtividade média nacional, Goiás se destacou com 51,8 t/ha em uma área cultivada de 330 hectares e produção de 17.100 toneladas.
É importante que o Brasil realize cada vez mais pesquisas que demonstrem inovações no que se refere à produção de cebola, expandindo a produção para toda a região brasileira, com aumento de produtividade e redução da necessidade de importação.
Apesar da retirada precoce dos bulbos (verdes) no início da safra, a produtividade foi elevada no geral: 61,5 t/ha no Triângulo Mineiro e 62 t/ha em Cristalina.