André Dias, engenheiro agrônomo pela Esalq/USP, é sócio fundador da Spark, empresa líder no desenvolvimento de estudos de mercado para os setores de defensivos agrícolas e sementes

*André Dias

A era dos produtos de matriz biológica chegou ao Brasil. Este movimento é irreversível. Os bioinseticidas, biofungicidas e os inoculantes, por exemplo, estes últimos empregados para fixação biológica de nitrogênio pelas plantas, têm crescido continuamente dentro dos programas de tratamento. A expectativa de aumento das vendas de bioinsumos está ancorada em dados medidos pela Spark Inteligência Estratégica, como veremos, e vem relacionada, ainda, ao manejo de resistência de pragas e doenças. Esta prática, como sabe a maioria, pressupõe uso alternado de defensivos químicos e biológicos, com diferentes modos de ação, para preservar moléculas químicas ante a resistência adquirida por insetos e fungos a determinados ingredientes ativos. O mercado de defensivos biológicos traz uma oportunidade excepcional de negócios ao canal de distribuição, ao mesmo tempo que embute desafios, a começar pelo modelo de vendas. O índice de vendas diretas de biológicos, segundo a Spark, é menor na comparação a químicos sementes. De outro modo, a vendas dos biológicos ocorre diferentemente da operação “transacional” que caracteriza os mercados de agroquímicos e sementes. Em sentido oposto, o mercado de biológicos nasceu e evolui no modelo “consultivo”. Ou seja: requer amplitude de conhecimentos técnicos por parte do canal de distribuição. O momento, segundo entendemos, demanda investimentos no treinamento e na preparação de equipes técnicas do canal de distribuição para fomento à aplicação de bioinsumos, bem como para a integração destes a moléculas químicas – outra tendência irreversível. Como ocorre há vários anos no mercado de químicos, o distribuidor deve investir no “domínio tecnológico” dos biológicos. Uma boa alternativa para isso é formar parcerias com boas empresas de bioinsumos que emergem no agro. Uma delas, em apenas duas safras tornou-se líder do segmento de biolagarticidas para soja e algodão. No algodão, a mesma empresa teve crescimento acima de 600% em vendas entre as safras 2018-19 e 2019-20. Dados de pesquisa da Spark demonstram ainda que também o agricultor está convencido da relevância dos bioinsumos. Safra após safra, aumenta a adesão do produtor a essas ferramentas. Na safra 2019-20, conforme a Spark, os biológicos movimentaram mais de US$ 200 milhões na soja, um salto de 30% ante o ciclo anterior. Desse montante, 71% das vendas corresponderam a produtos para controle de pragas e doenças. Já os inoculantes totalizaram 29%. Produtos para nematoides cresceram 74% na comparação às últimas duas safras. Em área tratada com biológicos, o aumento foi de 79%, para 5,7 milhões de hectares. Tem mais: a adoção dos biológicos chegou a 21% da área cultivada, totalizando 11,6 milhões de hectares tratados. Há um novo grande mercado a ser explorado pelo distribuidor de agora às próximas safras. Bons negócios!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!