Palha de café: potencialize a adubação do seu cafezal

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Carina Oliveira

Engenheira agrônoma, mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia – ESALQ-USP

Crédito: Ana Maria Diniz

A palha do café é a casca dos grãos. Ela é retirada durante o beneficiamento do café. Após a colheita, os grãos são levados para os terreiros. Ali permanecem até estarem secos e prontos para serem beneficiados.

Após obter a casca, seu uso pode ser imediato ou utilizado após um tempo. Para isso, é importante armazená-la. Afinal, a chuva pode causar a lixiviação dos nutrientes. Se a palha estiver em local aberto, como terreirões, basta cobrir com lona. O importante é evitar a entrada de água. Outro modo de utilizar a casca do café é fazer compostagem com esterco de gado ou de galinha, por exemplo.

Geralmente, o teor médio dos macronutrientes na casca é de 1,5% a 2,5% de nitrogênio; de 0,08% a 0,09% de fósforo; de 2,7% a 2,75% de potássio. A composição mineral dos grãos e da casca muda em função dos tratos culturais realizados na lavoura. Adubação química, matéria orgânica do solo e outros fatores influenciam.

Em toda atividade agrícola, como a produção de grãos, ocorre a exportação de nutrientes. Esta exportação é a quantidade de nutrientes retirados da área através dos grãos produzidos. No caso do café, a exportação é a combinação dos nutrientes contidos nos grãos e na casca.

Usar a casca do café é importante justamente para devolver alguns nutrientes necessários para as plantas. Faça a análise da palha do café, ao menos uma vez, para saber quais nutrientes estão presentes e a quantidade de cada. Assim será possível balancear corretamente a adubação no cafezal.

Uso da palha como adubação orgânica

Com a composição mineral definida, a aplicação da palha é uma boa opção complementar de adubação do café. Afinal, ela é um adubo orgânico rico em nutrientes. O custo da sua utilização é extremamente baixo, se comparado com a adubação química.

A recomendação de adubação com a palha varia entre 5,0 a 10 t/ha. Faça uma cobertura dos dois lados da saia do café, com faixa de 50 cm a 80cm. É importante fazer uma camada fina de 2,0 cm.

A aplicação é recomendada em cobertura, com distância de 10 cm do tronco. Afinal, a concentração alta de potássio e a liberação de calor podem causar a queima do tronco e a morte da muda.

Na utilização da casca de café, fique de olho na quantidade de potássio a ser aplicada. Como a palha tem elevada concentração do nutriente, o excesso pode prejudicar as raízes das plantas novas. Ele também pode desequilibrar a quantidade de outros nutrientes.

Vale lembrar que casca do café é um adubo orgânico com decomposição lenta. A associação com adubo químico é uma forma de acelerar o processo de decomposição e liberação dos nutrientes.

Além da economia, o uso da casca do café apresenta uma série de outros benefícios. Por exemplo: proteção do solo; retenção da umidade do solo; diminuição da temperatura do solo; liberação lenta dos nutrientes; controle de plantas invasoras, seja pela barreira física ou pelo efeito alelopático.

Observa-se melhor desenvolvimento dos microrganismos do solo, que trazem vários benefícios estruturais do solo e, consequentemente, para as plantas. Efeito alelopático: liberação de substâncias que interferem na germinação e/ou desenvolvimento de outras plantas daninhas do café, como picão-preto e mata-pasto.

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