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Peletização de sementes – A técnica para homogenizar o plantio

Sérgio Roberto Garcia dos Santos

Pesquisador científico da Seção de Silvicultura do Instituto Florestal

escunagarcia@if.sp.gov.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Para espécies de sementes muito pequenas, há a necessidade de peletização para aumentar o tamanho delas, facilitar e homogeneizar a semeadura. Quando o objetivo é agregar várias espécies numa mesma unidade de dispersão, no caso de programas de restauração ecológica das florestas, a peletização também se faz importante.

A técnica da peletização é realizada revestindo as sementes com um material seco que deve ser inerte e de granulometria fina (tem a função de enchimento); um material adesivo/cimentante (que seja solúvel em água) e utiliza ainda materiais de cobertura e acabamento. Ao final, as sementes adquirem um formato arredondado, uma maior massa e um acabamento liso, que melhora a sua distribuição.

Esses materiais (de cobertura ou enchimento) podem ser de origem mineral ou orgânica, como por exemplo: argila, trípoli, terra de diatomáceas, serragem, casca, farinha de osso, farinha de sangue, calcário e outros.

Os polímeros que compõem os materiais adesivos são divididos em orgânicos, minerais e sintéticos. Os mais utilizados são os orgânicos: amidos, resinas naturais, açúcares, colas de origem animal e mucilagens vegetais. Dentre os adesivos minerais e sintéticos existentes, podem ser citados: azeites minerais, álcool polivinílico, poliuretanos e resinas plásticas.

O processo de peletização das sementes permite também a aplicação de pequenas quantidades de inseticidas, fungicidas e repelentes de pássaros, além de reguladores de crescimento, nutrientes e inoculantes.

Conforme relatado por vários autores, não se tem informações mais minuciosas sobre a produção de péletes, pois detalhes desta metodologia são considerados segredos comerciais e, deste modo, está disponível somente a descrição geral de processos, equipamentos e insumos utilizados.

Vantagens e desvantagens da peletização

As principais vantagens do recobrimento (peletização) das sementes florestais são: melhoria da plantabilidade (mecânica ou manual); maior eficiência dos produtos fitossanitários aderidos aos péletes; maior segurança na incorporação dos produtos fitossanitários por funcionários e no manuseio pelo agricultor; redução de poeira, diminuindo o contato dérmico e a inalação dos agrotóxicos pelos operadores; redução da quantidade de produtos químicos utilizados (no pélete) e a consequente diminuição da poluição ambiental; possibilidade de inclusão de agrotóxicos, produtos biológicos e macro e micronutrientes em um único pélete; melhor retenção e distribuição dos tratamentos sobre a semente; proteção para a semente contra danos mecânicos na semeadura; as sementes armazenadas sob condições de alta umidade têm uma melhor proteção; as cores atrativas das sementes melhoram a sua aparência e podem indicar ao produtorum material de melhor qualidade ou o tratamento aplicado e permite a rastreabilidade visual do produto.

Em compensação, esta técnica apresenta algumas desvantagens, como: maior custo do processo de recobrimento das sementes; necessidade do uso de produtos específicos (aglomerantes, adesivos, corantes e polímeros); requer maquinário com alta precisão na dosagem dos produtos e o pélete pode dificultar a emissão da raiz primária, em razão da barreira física, causando atraso na germinação das sementes.

Homogeneização da semeadura

Considerando que as sementes florestais apresentam grande variação de tamanho e forma para as diferentes espécies, o uso da peletização apresenta-se como uma alternativa promissora, como forma de uniformizar tamanhos e formatos, favorecendo o seu uso em projetos de restauração florestal por meio da melhoria da plantabilidade (mecânica ou manual).

A peletização de sementes florestais é indicada quando se tem áreas de restauração florestal com algumas destas características: difícil acesso (grande inclinação ou topografia irregular) ou então a intenção de se fazer a semeadura direta e assim melhorara plantabilidade por meio da uniformização de tamanhos e formas de sementes, de modo a diminuir custos e tempo de conclusão do restauro.

Esta técnica também já é muito utilizada em várias espécies de eucalipto em razão da alta qualidade genética, elevado valor e reduzido tamanho de suas sementes.

Investimento

São necessários, na produção de péletes, equipamentos responsáveis pelo recobrimento das sementes por meio da agitação das partículas, por exemplo, em tambores rotativos, misturadores, leitos móveis e centrifugas. Os tambores rotativos e os leitos móveis são os mais utilizados.

Para as espécies florestais nativas, em que há uma grande variedade de espécies e uma menor produção de sementes, a peletização tem sido feita em pequena escala e com equipamentos mais simples, adequando-os às necessidades. Para tanto, os equipamentos são produzidos em universidades ou na Embrapa, sendo eles: betoneira sem palhetas internas de aproximadamente de 120 a 150L e 30-32 rpm, para a produção de peletes; uma pistola de funilaria ligada a um compressor com saída e regulagem de pressão de 1,5-2,5 kgf/cm2, onde o cimentante é aplicado por aspersão; uma peneira de malha aproximada de 0,65 mm; telas para secagem das sementes após a peletização e mais produtos: enchimento, adesivos, nutrientes, fungicidas, inseticidas, herbicidas e microrganismos.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de março/abril 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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