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sexta-feira, abril 19, 2024
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Pesquisa desenvolve fertilizante orgânico de biomassa de plantas

Autores

Talita de Santana Matos
talitasmatos@gmail.com
Elisamara Caldeira do Nascimento
elisamara.caldeira@gmail.com
Doutoras em Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Ciência do Solo e professor de Fruticultura – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
glauciogenuncio@gmail.com
Fotos: Shutterstock

O modelo de agricultura moderna exige novos desafios em toda cadeia produtiva.  A atmosfera é a reserva de nitrogênio, assim as quantidades mais significativas do N presente no sistema solo-planta são provenientes dela.

Ele pode ingressar no sistema solo-planta por diferentes vias; como por exemplo, deposições atmosféricas através de descargas elétricas na atmosfera, fixação biológica de N2 por bactérias diazotróficas de vida livre, simbióticas e associadas às espécies vegetais e por meio de adubações químicas ou orgânicas.

O nitrogênio é um dos macroelementos empregados na forma de fertilizantes em grandes quantidades na agricultura moderna. Este nutriente é exigido em maior quantidade pelas plantas, fazendo parte de todos os seus aminoácidos e ácidos nucléicos, proteínas, hormônios e clorofila, além de vários outros compostos.

No metabolismo vegetal, tem como função a regulação de muitos processos, como enchimento de grãos e teor de proteínas, além de influenciar a utilização de outros nutrientes, como potássio e fósforo.

Entretanto, este elemento aplicado por meio de fertilizantes químicos também pode ser retirado do sistema por muitas vias, entre elas a lixiviação, volatilização de amônia e desnitrificação, além da exportação pela própria cultura.

Absorção

Estima-se que apenas 40% do N aplicado via fertilizante químico permaneça no solo. Sendo assim, torna-se indispensável o desenvolvimento de tecnologias que aumentem a eficiência de uso desse nutriente, que possibilite a utilização em sistemas orgânicos de produção e diminua o impacto ambiental causado pela sua utilização.

O N-verde, fertilizante orgânico desenvolvido pela Embrapa Agrobiologia (RJ), é um fertilizante orgânico produzido a partir de biomassa área, ou seja, todas as partes da planta, com exceção da raiz. É utilizado para sua produção espécies de plantas da família das leguminosas, com elevada capacidade de produzir biomassa (ou seja, elevada produção e acumulação de carbono) e com baixo custo de produção.

Essas plantas fazem simbiose com microrganismos de solo capazes de fixar nitrogênio atmosférico. Portanto, produzem uma biomassa rica neste nutriente.

Segundo pesquisadores, esse material apresenta em torno de 4% de nitrogênio, valor bem elevado, perto dos fertilizantes nitrogenados orgânicos que já existem no mercado. Além disso, também apresenta em sua constituição outros elementos essenciais ao desenvolvimento das plantas, como: fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre; e micronutrientes, como boro, ferro, manganês, molibdênio e zinco.

Recomendações

Não existe limitação para a utilização em nenhuma espécie. Os estudos iniciais foram realizados em hortaliças folhosas e, em seguida, testes em feijão e milho também foram bastante significativos, segundo os pesquisadores. Acredita-se que, ao ser disponibilizado, pode ser utilizado em diversas outras espécies.

O N-Verde também é uma alternativa para a agricultura convencional, podendo ser utilizado em substituição ao esterco e/ou cama de aviário aplicada como complemento à adubação química.

A aplicação do produto é semelhante aos adubos químicos já utilizados. A ideia dos pesquisadores é fornecer um adubo com alto teor de N, baixo custo e tamanho de partícula com baixo volume e alta densidade, para que facilite o uso de adubadoras. Para isso, o N-Verde é oferecido em forma de grânulos ou pellets, visto que a aplicação de fertilizantes farelados imprime uma problemática na utilização de maquinário e, com isso, favorece processos de perda de nutrientes, principalmente o N, por meio de volatilização.

Estudos descritos pelos pesquisadores que desenvolveram o produto na Embrapa Agrobiologia mostram que a utilização do N-Verde reduz as perdas ocorridas no momento da aplicação no campo. Em média, os produtos comerciais apresentam perdas de até 50% do nitrogênio aplicado, enquanto N-verde atinge no máximo 15%.

Custos

A aplicação de fertilizantes representa um dos maiores custos de produção em uma lavoura. A difusão de tecnologias que aumentem a eficiência de uso e, consequentemente, reduzam o custo de produção são bastante promissoras.

Além do mais, a utilização de fertilizantes orgânicos favorece o aumento da estabilidade do sistema produtivo, contribui para o manejo adequado, com o incremento de matéria orgânica que proporciona melhor qualidade física, química e biológica do solo, e assim, favorece uma maior produtividade.

Ressalta-se que o N-Verde foi produzido com a intensão de ocupar a lacuna existente no mercado para adubos orgânicos como fonte de nitrogênio para agricultura orgânica, com menor custo frente aos demais produtos similares, sem o objetivo de substituir os adubos verdes que já são utilizados e sim complementar sua utilização.

Além do mais, para a produção do N-verde em escala comercial será necessária uma área bastante grande para a cultivar as espécies leguminosas, e uma indústria para transforma-las em pellets.

Em teste

O produto ainda está em fase de testes. A eficiência do fertilizante foi medida por meio de experimentações com uso de isótopos estáveis, sendo possível identificar o caminho percorrido pelo N-fertilizante desde o solo até as partes da planta.

Estes resultados revelam que a eficiência do N-Verde é similar à de outros fertilizantes orgânicos, na faixa de 10%, ou seja, a cada 100 kg aplicados, a planta absorve 10 kg. Pode parecer pouco, mas boa parte desse N aplicado que não é absorvido pelas plantas fica no solo, diferente do que acontece com outros fertilizantes químicos, que têm elevadas taxas de perdas por volatilização, o que diminui ainda mais a eficiência.

As próximas fases dos testes consistem em buscar estratégias para a redução dos custos de produção da leguminosa e da coleta da biomassa que é transformada em pellets.

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