Autores
João Eduardo Ribeiro da Silva
Doutor em Agronomia/Fitotecnia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
johned87@yahoo.com.br
Ketherlen Júnia Alves Andrade Cotta
Professor do curso de Engenharia Agronômica do Centro Universitário do Triângulo – UNITRI
ketherlen@hotmail.com
Os cavacos de madeira são um termo utilizado na indústria madeireira para designar pequenos pedaços de madeira, que podem ter tamanhos variáveis entre 5,0 e 50 mm. A qualidade do cavaco está diretamente ligada à matéria-prima e à tecnologia utilizada na sua produção.
Existem três tipos de cavacos: de resíduos florestais (tipo I), de resíduos de serrarias (tipo II) e aqueles provenientes de cortes de árvores (tipo III). O primeiro é proveniente de sobras como galhos e folhas, tendo umidade em torno de 50%, o que piora sua futura utilização como lenha.
O segundo é oriundo de restos de serraria, e são pequenos pedaços de madeira que são posteriormente processados. Geralmente possuem umidade entre 40 e 50%. O último tipo é proveniente do processamento de árvores inteiras, que ficam no campo secando após a colheita por até seis meses. Após, são processadas, apresentando umidade em torno de 30% e tamanhos uniformes, tornando esses os mais valorizados tipos de cavacos a serem utilizados em caldeiras de grandes centrais de produção de calor, para usinas ou produção de energia, sendo o objetivo da lavoura a produção de biomassa para a indústria.
Vantagens
O uso de cavacos de madeira como biomassa está em franca expansão no Brasil, e já corresponde a 10% da matriz energética no País. Estudos apontam que a energia por biomassa, ao lado da eólica e solar, deve passar por uma grande expansão nos próximos anos.
As vantagens do cavaco são a facilidade de armazenamento, que pode ser em silos ou em pilhas ao ar livre, além da preservação ecológica, pois utiliza restos de árvores ou árvores que seriam descartadas para a produção de energia para a indústria.
Mecanização
Dada a qualidade dos cavacos produzidos de árvores inteiras, máquinas especializadas para a produção se fazem necessárias. Essas máquinas têm a capacidade de transformar a tora inteira em cavacos de 5,0 mm até pouco mais de 50 mm. Com a padronização dos tamanhos, a qualidade da biomassa para a produção de calor é melhor.
Alguns desses picadores de árvores inteiras têm uma alta capacidade operacional, ultrapassando uma produção de cavacos de 300 metros estéreos por hora. Outra vantagem dos picadores florestais é a possibilidade de serem transportados até a área de picagem, próximo à floresta.
Estes podem ser acoplados aos tratores e transportados por arrasto, podendo possuir motorização própria ou funcionarem acoplados à tomada de potência do trator. Os picadores variam muito em capacidade de corte, e o desempenho operacional vai depender da umidade da madeira na hora do corte, do diâmetro da tora e da disponibilidade de máquinas no apoio à operação.
Existem dois tipos de picadores mais utilizados: o de disco e o de tambor. Os picadores a disco cortam a madeira na direção da fibra, enquanto os picadores a tambor fazem um corte reto.
A redução granulométrica dos pedaços de madeira se faz necessária em diversas atividades que utilizam essa biomassa. A maior área específica melhora o rendimento e as condições de operação, quando comparadas com toras e lenhas. Dessa forma, segundo Costa et al. (2010), é desejável a padronização dos tamanhos dos cavacos, melhorando a automação e sem a necessidade de modificar as fornalhas existentes.
A biomassa pode ser produzida tanto do caule, como dos galhos e da casca. Castro (1978) mostrou que o aproveitamento dos galhos e do fuste de eucalipto pode aumentar em 24% a produção de biomassa.
Produtividade
Para árvores do gênero Eucaliptus, segundo Costa et al. (2010), a produtividade média de cavacos obtida apenas com o tronco das árvores é de 74,43 m³ ha-1. No entanto, essa produtividade pode variar substancialmente. A produtividade é de 39,94 t ha-1 para Eucaliptus grandis e 38,12 t ha-1 para Eucaliptus urophylla, quando as árvores estão com quatro anos de idade, e plantadas no espaçamento de 3,0 x 1,0 m.
Já a produtividade de Eucaliptus grandis com 10 anos de idade foi de 160,3 t ha-1, plantado a 3,0 x 3,0 m, enquanto para E. saligna, nas mesmas condições, foi de 168,7 t ha-1.
Valor
No Brasil, o preço da tonelada de cavaco, para o mercado interno, está em torno de R$ 120,00, a depender da distância do frete. De acordo com Canto et al. (2011), em um sistema de cavaqueamento que produziu 17,51 ton haa-1, o custo operacional foi de aproximadamente R$ 22,00 ton-1 de cavacos produzida, sem considerar o custo para produzir a floresta.
No processo de produção dos cavacos, Costa et al. (2010) relatam que o consumo de energia na operação corresponde a 3,8% da energia contida na biomassa produzida.
Os picadores de árvores inteiras podem ser utilizados em plantas de silvicultura de modo geral, como eucalipto e pinus. No entanto, devido à sua alta taxa de desenvolvimento, em torno de 35 m³ ha-1 ano-1, normalmente é utilizado o gênero eucalipto. Geralmente são plantas menores e que não são aproveitadas para usos mais nobres, como a retirada de tábuas e postes.
Para realizar o cavaqueamento de árvores inteiras no campo, é necessário um trator autocarregável dotado de uma grua, para fazer o transporte das árvores até o picador, o picador de árvores inteiras, e um trator ou caminhão carregador, para transportar os cavacos da área até o local de armazenamento.