
Três estados lideram a produção nacional de pimenta-do-reino: o Espírito Santo, com potencial para mais de 70 mil toneladas anuais; o Pará, que ultrapassa as 40 mil toneladas; e a Bahia, com mais de 10 mil toneladas anuais. Esses estados oferecem condições climáticas e de solo favoráveis, consolidando o Brasil como um player estratégico no mercado internacional.
Desafios fitossanitários e estratégias de controle:
Apesar do grande potencial produtivo, os desafios fitossanitários são uma preocupação constante. Doenças como fusariose, murcha amarela e viroses, além de nematoides, comprometem a saúde das lavouras. Para combater esses problemas, a adoção de mudas de alta qualidade fitossanitária, o manejo adequado da irrigação e a utilização de cultivares mais resistentes são medidas essenciais. O pesquisador Oriel Lemos, da Embrapa Amazônia Oriental, destaca que a escolha de áreas adequadas para o cultivo é fundamental para minimizar impactos negativos.

Importância do manejo nutricional
A produtividade da pimenta-do-reino está diretamente ligada ao manejo nutricional. A escolha de solos profundos, livres de encharcamento e ricos em matéria orgânica é determinante para o sucesso da lavoura. A adubação balanceada, principalmente com nitrogênio, fósforo e potássio, é essencial para garantir altos índices produtivos. Durante a fase produtiva, o potássio se torna um elemento-chave para a manutenção da qualidade dos grãos.
Sustentabilidade no cultivo
Novas práticas sustentáveis estão ganhando espaço no setor. A substituição dos tradicionais tutores de madeira pelo uso da gliricídia (“Gliricidia sepium”) tem mostrado resultados promissores. Além de reduzir custos em cerca de 28%, o tutor vivo fixa nitrogênio no solo, melhora a estrutura da lavoura e reduz a necessidade de adubação nitrogenada. Segundo o analista da Embrapa Amazônia Oriental, João Paulo Both, essa prática evita o corte de 25 a 30 árvores por hectare, reduzindo o impacto ambiental.

Impactos das mudanças climáticas
As mudanças climáticas têm impactado diretamente a cultura da pimenta-do-reino, especialmente devido às estiagens prolongadas. A irrigação tornou-se um fator essencial para a manutenção das lavouras, e a utilização de sombreamento na fase fenológica certa tem ajudado a reduzir o estresse das plantas. A adoção de práticas agropecuárias sustentáveis, como o tutor vivo de gliricídia, também contribui para a mitigação dos impactos ambientais.

Rentabilidade e cuidados na produção
A rentabilidade da cultura tem atraído cada vez mais produtores. Com uma produtividade de 4.000 kg/ha e preço médio de R$ 30,00/kg, é possível atingir um faturamento de até R$ 120 mil por hectare. No entanto, para que essa lucratividade seja alcançada, os pesquisadores ressaltam a necessidade de investir em boas práticas agrícolas, desde a seleção de mudas sadias até um rigoroso controle na colheita e pós-colheita, evitando contaminação por pesticidas e outros agentes.

Inovações da Embrapa Amazônia Oriental
A Embrapa tem investido fortemente na pesquisa para impulsionar a qualidade e produtividade da pimenta-do-reino. Entre os avanços mais recentes estão:
- Desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis com o uso de estacas vivas de gliricídia.
- Estudo sobre a qualidade dos grãos, revelando maior densidade e incremento de compostos voláteis quando cultivados com tutor vivo.
- Seleção de cultivares livres de vírus e mais adaptados ao sistema de produção.
- Aprimoramento de técnicas de irrigação e fertirrigação para otimização dos recursos hídricos.
- Implantação de jardins clonais para garantir a produção de estacas vivas no Pará, onde há carência de material vegetal adequado.
Com essas iniciativas, a cultura da pimenta-do-reino no Brasil caminha para um futuro mais produtivo, rentável e ambientalmente responsável. A combinação de boas práticas agronômicas com inovações sustentáveis promete fortalecer ainda mais a posição do Brasil no mercado global dessa especiaria tão valiosa.